MOSTRA SP 2020 | Uma Mostra sem fronteiras
Atualizado: 7 de nov. de 2021
O atípico ano de 2020 trouxe novidades para a Mostra Internacional de Cinema em São Paulo que, como vários festivais cinematográficos neste momento, recorreu ao mundo virtual para assegurar a realização da sua 44ª edição, de 22 de outubro a 4 de novembro. Sem os tradicionais mostreiros circulando pela região da Avenida Paulista, o movimento agora é de espectadores brasileiros de várias regiões na plataforma digital Mostra Play, desenvolvida especialmente para a ocasião pela mesma empresa responsável pelos serviços nas últimas edições também adaptadas de Cannes, Toronto e Tribeca. Mas o público também poderá conferir parte da programação nos streamings gratuitos do Sesc Digital e do Spcine Play, com 15 títulos em cada uma, ou ter a experiência cinematográfica direto do seu carro no Belas Artes Drive-in (Memorial da América Latina) e CineSesc Drive-in (unidade Sesc Parque Dom Pedro II).
Essas e outras informações sobre a edição foram repassadas na coletiva de imprensa, que também aconteceu virtualmente, com uma live no último dia 9 de outubro, que pode ser conferida por jornalistas de todo o país. E a seleção também viaja o mundo com 198 filmes de 71 países, na qual os destaques são as "estreias" de Isso Não É um Enterro, É uma Ressureição (2019), primeira produção de Lesoto a ser exibido na história da Mostra, e Nossa Senhora do Nilo (2019), que consegue o mesmo feito para Ruanda, igualmente na África, entre outros highlights dos principais festivais internacionais, obras que já refletem o cenário pandêmico, e o documentário Nadando Até o Mar se Tornar Azul (2020) e o curta A Visita (2020), recentes trabalhos do cineasta chinês Jia Zhang-Ke, que também assina a arte do cartaz deste ano. A abertura acontecerá no Belas Artes Drive-in, nesta quinta (22), com a exibição posterior de Nova Ordem (2020), novo longa de Michel Franco, que apesar de ser "polêmico, é um filme do México que reflete questões que o Brasil tem também", explicou Renata de Almeida, organizadora do evento, justificando a escolha do título que estará disponível na Mostra Play logo depois, apenas por 24 horas e com o limite de 1.000 visualizações, enquanto o resto da seleção permanecerá durante todo o período do festival e a limitação de 2.000 views.
Isso, aliás, foi motivo de muita conversa com os produtores internacionais, mudando a dinâmica de negociação de números de sessões para o de visualizações, levando em conta não o total, mas o registro de compras de ingressos, que custam R$ 6 e dão direito a 3 dias para começar a assistir ao filme e, após iniciar a reprodução do título – não somente da vinheta –, o usuário terá 24 horas para terminar. O mesmo limite numérico é aplicado aos acessos das plataformas gratuitas, como o Sesc Digital que, segundo Rosana Paulo da Cunha, gerente cultural do Sesc São Paulo, tem o cinema como o conteúdo mais acessado desde a criação do streaming próprio em abril. Para o diretor da instituição, Danilo Santos de Miranda, em mensagem gravada para a coletiva, neste momento de luto coletivo e dificuldades não só do plano financeiro, a realização de eventos como a Mostra trata-se de uma "resistência pessoal e resistência da arte, do cinema, muito além das salas de cinema". Renata, que confessou ter sido uma edição desafiadora por não ser muito afeita às tecnologias, salienta que "vários processos que já estavam em andamento se aceleraram por causa da pandemia" ao destacar a liberdade para assistir a hora que quiser como um dos maiores benefícios para o público neste modelo, embora desejando sucesso para a reabertura dos cinemas, que se iniciava em São Paulo, justamente naquele sábado (9).
O diretor superintendente do Instituto CPFL, Mario Mazzilli, afirmou que foi um "ano muito difícil, mas foi um ponto de honra permanecer" apoiando o evento, como nas últimas edições. Outro parceiro de longa data, o Itaú Cultural, esteve representado na coletiva pelo seu diretor Eduardo Saron, que comentou sobre a organização do 4º Fórum Mostra, com os debates sobre cinema e outras áreas culturais acontecendo também virtualmente nos dias 28, 29 e 30 de outubro. Christiano Braga, coordenador da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, frisou as homenagens desta 44ª Mostra ao cineasta Fernando Coni Campos, com uma retrospectiva de alguns de seus filmes, e à produtora Sara Silveira, que receberá o Prêmio Leon Cakoff. Almeida ainda anunciou que o Prêmio Humanidade será entregue para o o diretor Frederick Wiseman e também aos funcionários da Cinemateca Brasileira, que enfrenta a maior crise de sua história neste momento, colocando em risco a preservação do patrimônio cultural brasileiro.
Confira a lista completa de filmes e outras informações no site do evento, além de acompanhar abaixo a cobertura diária do NERVOS nesta 44ª Mostra:
Críticas
> Ana. Sem Título, de Lúcia Murat (Brasil e Argentina)
> Araña, de Andrés Wood (Chile, Argentina e Brasil)
> As Veias do Mundo, de Byambasuren Davaa (Alemanha e Mongólia)
> Beans, de Tracey Deer (Canadá)
> Casa de Antiguidades, de João Paulo Miranda Maria (Brasil e França)
> Cidade Pássaro, de Matias Mariani (Brasil e França)
> Coronation, de Ai Weiwei (China)
> Cozinhar F*der Matar, de Mira Fornay (República Tcheca e Eslováquia)
> Cracolândia, de Edu Felistoque (Brasil)
> Curral, de Marcelo Brennand (Brasil)
> Dias, de Tsai Ming-Liang (Taiwan)
> Entre Mortes, de Hilal Baydarov (Azerbaijão, México e Estados Unidos)
> Filho de Boi, de Haroldo Borges (Brasil)
> Impedimento em Cartum, de Marwa Zein (Sudão, Noruega e Dinamarca)
> Isso Não É um Enterro, É uma Ressurreição, de Lemohang Jeremiah Mosese (Lesoto, África do Sul e Itália)
> Limiar, de Rouzbeh Akhbari e Felix Kalmenson (Armênia, Turquia e Canadá)
> Lua Vermelha, de Lois Patiño (Espanha)
> Mãe de Aluguel, de Jeremy Hersh (Estados Unidos)
> Mães de Verdade, de Naomi Kawase (Japão)
> Malmkrog, de Cristi Puiu (Romênia, Sérvia, Suíça, Suécia, Bósnia-Herzegovina e Macedônia do Norte)
> Mamãe, Mamãe e Mamãe, de Sol Berruezo Pichon-Rivière (Argentina)
> Mate-o e Deixe Esta Cidade, de Mariusz Wilczyński (Polônia)
> Mosquito, de João Nuno Pinto (Portugal, Brasil e França)
> Miss Marx, de Susanna Nicchiarelli (Itália e Bélgica)
> Não Há Mal Algum, de Mohammad Rasoulof (Irã, Alemanha e República Tcheca)
> Nossa Senhora do Nilo, de Atiq Rahimi (França, Bélgica e Ruanda)
> Nova Ordem, de Michel Franco (México e França)
> O Ano da Morte de Ricardo Reis, de João Botelho (Portugal)
> O Charlatão, de Agnieszka Holland (República Tcheca, Irlanda, Polônia e Eslováquia)
> O Despertar de Fanny Lye, de Thomas Clay (Reino Unido e Alemanha)
> O Livro dos Prazeres, de Marcela Lordy (Brasil e Argentina)
> O Lodo, de Helvécio Ratton (Brasil)
> O Problema de Nascer, de Sandra Wollner (Áustria e Alemanha)
> Os Nomes das Flores, de Bahman Tavoosi (Canadá, EUA, Bolívia e Catar)
> Panquiaco, de Ana Elena Tejera (Panamá)
> Sibéria, de Abel Ferrara (Itália, Alemanha e México)
> Sobradinho, de Cláudio Marques e Marília Hughes (Brasil)
> Stardust, de Gabriel Range (Reino Unido)
> Suor, de Magnus von Horn (Polônia e Suécia)
> Valentina, de Cássio Pereira dos Santos (Brasil)
> Verlust, de Esmir Filho (Brasil e Uruguai)
> Walden, de Bojena Horackova (França e Lituânia)
> Welcome to Chechnya, de David France (Estados Unidos)
+ Todos os Mortos, de Caetano Gotardo e Marco Dutra (Brasil e França)
(*cobertura do Festival de Gramado)
Entrevista
> Jeremy Hersh, diretor de Mãe de Aluguel (EUA)
E a lista completa dos premiados nesta 44ª Mostra, você confere logo abaixo:
Troféu Bandeira Paulista – Prêmio do Júri Internacional
Melhor Documentário: 17 Quadras (2019), de Davy Rothbart (Estados Unidos)
Melhor Ficção: Eyimofe (Esse é o Meu Desejo) (2020), de Arie Esiri e Chuko Esiri (Nigéria)
Menção Honrosa: ao documentário Chico Rei Entre Nós (2020), de Joyce Prado (Brasil), e à atriz Thiessa Woinbackk pelo papel no filme Valentina (2020), de Cássio Pereira dos Santos (Brasil)
*Júri Internacional: Cristina Amaral, Sara Silveira e Felipe Hirsch, que escolhem entre os mais votados pelo público na Competição Novos Diretores
Prêmio do Público
Melhor Documentário Brasileiro: Chico Rei Entre Nós, de Joyce Prado
Melhor Filme de Ficção Brasileiro: Valentina, de Cássio Pereira dos Santos
Melhor Documentário Internacional: Welcome to Chechnya (2020), de David France (Estados Unidos)
Melhor Filme de Ficção Internacional: Não Há Mal Algum (2020), de Mohammad Rasoulof (Irã, Alemanha e República Tcheca)
Prêmio da Crítica
Melhor Filme Brasileiro: Glauber, Claro (2020), de César Meneghetti
Melhor Filme Internacional: Mosquito (2020), de João Nuno Pinto (Portugal, Brasil e França)
*Júri Prêmio da Crítica: Ailton Monteiro, Barbara Demerov, Barbara Santos, Bruno Carmelo, Inácio Araújo, Isabel Wittmann, Jorge Cruz, Leonardo Sanches, Luiz Carlos Merten, Luiz Joaquim, Luiz Zanin, Marcelo Muller, Márcio Sallem, Maria do Rosário Caetano, Matheus Mans, Nayara Reynaud, Neusa Barbosa, Robledo Milani, Rodrigo de Oliveira, Ubiratan Brasil, Úrsula Passos e Wesley Pereira de Castro
Prêmio da Abraccine (Melhor Filme Brasileiro de Diretores Estreantes)
Êxtase (2020), de Moara Passoni
*Júri Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema: Ella Bittencourt, Francisco Carbone e Juliana Costa
Prêmio Projeto Paradiso
Neuros, de Guilherme Coelho
*Todos os diretores que tiveram títulos selecionados para a Mostra Brasil poderiam inscrever um novo projeto para concorrer a um prêmio oferecido pelo Projeto Paradiso, uma iniciativa do Instituto Olga Rabinovich. A bolsa, no valor de R$30 mil, é destinada ao roteirista do projeto em fase de desenvolvimento e inclui ainda mentorias, coaching para o produtor, workshop de audiência e participação em mercados internacionais.
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