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  • Foto do escritorNayara Reynaud

NERVOS em Série – Parada Cultural das Nações #8 | Grã-Bretanha + Ilhas Virgens Britânicas

Atualizado: 29 de mai. de 2021


NERVOS em Série – Parada Cultural das Nações #8 | Grã-Bretanha e Irlanda do Norte + Ilhas Virgens Britânicas: o filme britânico Paddington 2 (2017), de Paul King; a série de filmes inglesa Small Axe (2020), de Steve McQueen; a banda escocesa Vistas; a cantora Monéa, das Ilhas Virgens Britânicas; a cantora galesa Marina (Marina and The Diamonds); e a série norte-irlandesa Derry Girls (2018-) | Fotos: Divulgação

Estamos no oitavo episódio da Parada Cultural das Nações, série especial do nosso podcast que refaz o tradicional desfile das delegações nas Olimpíadas – os próximos Jogos Olímpicos estão marcados para começar no dia 23 de julho de 2021, com a Cerimônia de Abertura em Tóquio –, mas com os destaques cinematográficos, musicais ou televisivos da atualidade nestes países. Desta vez, só da a Union Jack, já que passam por aqui os estandartes artísticos do Reino Unido, ou como no nome oficial de seu time, Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, e de seu território ultramarino caribenho das Ilhas Virgens Britânicas.


*Músicas presentes no podcast: “Brazilian Fantasy (Standard Version)”, de Alexandre de Faria; “God Save the Queen" (Hino do Reino Unido), de John Bull; “Venom”, de Little Simz; “Caroline”, de Arlo Parks; “15 Years”, de Vistas; “Purge The Poison”, de MARINA; “Dirty Air”, de Two Door Cinema Club; “Oh, Beautiful Virgin Islands" (Canção territorial das Ilhas Virgens Britânicas), de Kareem Nelson Hull e Ayana Hull; “GYPSY”, de Marvelus feat. Monéa


Ouça no lugar que você quiser: SoundCloud | Spotify | Deezer | iTunes | Google Podcasts | Orelo | Feed | Download

 

Confira abaixo a transcrição completa deste podcast:


Parada Cultural das Nações #8

> A partir de 10s


Olá! Sejam bem-vindos ao NERVOS em Série – Parada Cultural das Nações, série especial do nosso podcast que chega ao episódio de número oito!


Eu sou Nayara Reynaud e, para você que chegou pela primeira vez por aqui, fique sabendo que estamos fazendo um desfile de delegações culturais nesta série de podcasts, inspirado pela proximidade das Olimpíadas de Tóquio, que têm sua Cerimônia de Abertura marcada para o dia 23 de julho de 2021, depois de terem sido adiadas no ano passado, em decorrência da pandemia de Covid-19. Reimaginamos, assim, a Parada das Nações que tradicionalmente ocorre no evento, de acordo com a ordem de apresentação desta edição dos Jogos, seguindo o alfabeto japonês, e traçamos um breve panorama esportivo e das artes dos países que participarão, destacando os filmes, séries, músicas, enfim, o que artisticamente há de mais interessante no momento nestes locais. Desta vez, a viagem passa pelo Reino Unido e as Ilhas Virgens Britânicas, como você confere a seguir.

 
Bandeira do Reino Unido

Grã-Bretanha e Irlanda do Norte

> A partir de 1min16s


O Reino Unido é uma potência olímpica que participou dos inaugurais Jogos de 1896 e esteve presente em todas as edições, seja de verão ou de inverno, desde então – um feito só compartilhado com a Suíça e a França, aliás. Um recorde exclusivo que possui é o de ter conquistado, ao menos, uma medalha de ouro em todos os Jogos de Verão, figurando assim na terceira posição do quadro geral de medalhas, com um total de 851, sendo 263 douradas. Ainda podem se orgulhar de liderarem os êxitos em esportes como a vela e o triatlo, além das extintas modalidades olímpicas pólo, raquetes, cabo de guerra, motonáutica e críquete, e do fato de ser o lar de diversos recordistas na competição. Se as suas quatro nações disputam separadamente competições como a Copa do Mundo de Futebol, nas Olimpíadas, o Reino Unido apresenta uma delegação conjunta sob o nome oficial de Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, mas, por ser comumente chamada apenas de Time GB, existe um desgosto por parte de algumas pessoas da Irlanda do Norte, que enxergam discriminação na nomenclatura que não considera o fato do país não estar localizado na ilha da Grã-Bretanha, enquanto, curiosamente, os atletas norte-irlandeses podem escolher se disputam pela equipe britânica ou da Irlanda – uma questão identitária que falaremos mais a frente, pois vamos abordar os destaques culturais de lá, assim como os do País de Gales, da Escócia e da Inglaterra, a partir de agora.


Aliás, diferente de outros países, em que detalhamos aqui o histórico cultural, muitas vezes desconhecido, no caso britânico, especialmente, o inglês, ele é de amplo conhecimento geral. O que dizer, por exemplo, da literatura inglesa, cujos autores clássicos como Shakespeare, Jane Austen, as irmãs Brontë, Virginia Woolf e tantos outros são objetos de constante leitura entre os brasileiros e leitores de diversas nacionalidades, assim como escritores mais recentes, digamos assim, como Ian McEwan mantém a popularidade britânica. O mesmo se aplica ao cinema no país, onde Louis Le Prince teria realizado o primeiro filme em 1888, antes mesmo da invenção do cinematógrafo pelos Irmãos Lumière, e que se tornou quase tão difundido mundialmente quanto Hollywood, com vários de seus profissionais construindo sua carreira também nos Estados Unidos, como foi o caso de Charles Chaplin e Alfred Hitchcock.


Já que citar uma série de períodos e nomes importantes da história da Sétima e das outras artes no Reino Unido ia dar uma hora ou mais de episódio, vou focar, então, em algumas obras e artistas recentes, do último ciclo olímpico, digamos assim. E, no caso inglês, me ative a quatro projetos, total ou parcialmente, cinematográficos que discutem bem a situação do país e, por vezes, de todo o Reino Unido, enquanto outras tantas produções britânicas atuais foram abordadas em textos que você confere lá no nosso site – pode ir lá conferir. O primeiro que vou falar aqui é o filme O Despertar de Fanny Lye, de 2019, que passou por aqui na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo do ano passado, mas, infelizmente, ainda não foi lançado ou adquirido por uma distribuidora no Brasil; porém, vale a lembrança de como o filme de Thomas Clay remonta ao período do puritanismo na Inglaterra e reflete a era atual.


John Boyega em cena do filme Vermelho, Branco e Azul / Red, White and Blue, da série britânica Small Axe (2020), de Steve McQueen | Foto: Divulgação

Outros momentos que moldaram a sociedade britânica são refletidos na série de filmes Small Axe, assinada pelo cineasta Steve McQueen e produzida pela BBC, em parceria com a Amazon que a distribuiu nos Estados Unidos, mas que chegou aqui, ao Brasil, pelo Globoplay. São cinco longas-metragens ou episódios que contam as histórias distintas da vida dos imigrantes caribenhos, vindos das antigas colônias britânicas nas chamadas Índias Ocidentais, e o preconceito sofrido por eles durante as décadas de 1960 a 1980. A reconstituição da manifestação e do julgamento em Mangrove (Os Nove de Magrove) e a experiência musical incrível de Lovers Rock foram louvadas por críticos de cinema, assim como premiações televisivas agraciaram as interpretações de Red, White and Blue (Vermelho, Branco e Azul); e Alex Wheatle e Education (Educação) completam esta minissérie antológica imperdível, viu.


Cena do filme britânico Paddington 2 (2017), de Paul King | Foto: Divulgação (Imagem Filmes)

Além do racismo de outrora que reflete a atualidade, também se destacam retratos contemporâneos, como o de Você Não Estava Aqui, filme de 2019 que é o último exemplar do realismo social de Ken Loach, em que o aclamado cineasta acompanha o cotidiano de uma família inglesa que, para tentar escapar da constante pobreza, vê naquela promessa de empreendedorismo dos serviços por aplicativo, tão famosos hoje em dia, uma solução que logo se revela um problema maior para todos. Este longa está disponível no Telecine Play, assim como a animação – com live action – Paddington 2, realizada por Paul King em 2017, que recentemente conseguiu o feito de se tornar o filme melhor avaliado no agregador de críticas internacional Rotten Tomatoes, com 100% de aprovação – sim, 100% de aprovação, desbancando nada menos do que Cidadão Kane (1941). A sequência do longa de 2014, chamado As Aventuras de Paddington, traz novamente o urso criado pelo escritor Michael Bond tendo a sua vida e a da família Brown, que o adotou, totalmente alteradas, após ser acusado injustamente de um crime, em uma história que, junto com O Menino que Queria Ser Rei, de 2019 (disponível no NOW e Vivo Play), demonstra como a produção voltada para o público infanto-juvenil foi quem melhor soube abordar o cenário social e político do Reino Unido no cinema britânico pós-Brexit, ou seja, depois da saída do país, do Reino Unido como um todo, da União Europeia.


As atrações televisivas inglesas também são apreciadas no exterior, desde as prestigiadas produções documentais da BBC a sucessos ficcionais como a elogiada série criminal Broadchurch (2013-17, disponível no NOW) e a popular fantasia de Game of Thrones (2011-19, disponível na HBO GO). Aliás, entre os destaques mais recentes, fico com a minissérie da HBO, coproduzida pelo Reino Unido e pelos Estados Unidos, Chernobyl, de 2019, merecidamente reconhecida pela forma como mostra os horrores físicos e políticos que envolveram o acidente nuclear ocorrido em 1986 na usina soviética localizada na Ucrânia. Outra minissérie interessante é The Little Drummer Girl, uma adaptação de 2018 do livro de espionagem homônimo de John le Carré, que tem nas atuações e na direção do cineasta sul-coreano Park Chan-wook um chamariz para conferi-la lá no catálogo do Starzplay.


Em outra área, a música folclórica inglesa, assim como de seus vizinhos bretões tem grande importância, mas foi o rock, especialmente por conta do fenômeno de sucesso gigantesco dos Beatles nos anos 60, que transformaram as bandas inglesas em pioneiras ou estandartes de vários de seus subgêneros. Nem vou citá-las, assim como os célebres popstars de outrora, porque ia demorar e, com certeza, me esqueceria de alguém importante, ok. Ficando, portanto, nos destaques atuais, é claro que as estrelas Dua Lipa e Harry Styles são aqueles que mais têm representado o país nas últimas premiações internacionais, como o Grammy, mas a cantora filha de pais kosovares é a cara da miscigenação encontrada na população de Londres que, finalmente, é refletida musicalmente, além do pop, no surgimento e ascensão do grime, gênero que mistura o hip hop com diversas influências de música eletrônica – lembrando que já falamos do ritmo no texto sobre o álbum Ghetto Gospel: The New Testament (2018), do Guetts –, através dos nomes de Dizzee Rascal, Skepta, Stormzy, Kano, Wiley e Little Simz – e, em um parêntesis, aviso que temos uma cena brasileira de grime se fortalecendo, particularmente, nos últimos dois anos, mas vou deixar pra falar disso, mais detalhadamente, quando chegar o podcast sobre o Brasil. E outro exemplo é a grande revelação Arlo Parks, que já foi tema de texto no nosso site sobre sua mistura de indie pop, R&B, trip hop e poesia.


A banda de rock alternativo escocesa Vistas | Foto: Divulgação

Seguindo para a Escócia, famosa pelas suas gaitas de fole, emuladas, aliás, pelas guitarras da banda local oitentista Big Country, o rock alternativo ou indie encontrou bons promotores por lá através do The Proclaimers, Belle and Sebastian, Travis e Franz Ferdinand, e também de achados recentes, como os jovens do grupo Vistas. No campo cinematográfico, Trainspotting, longa de 1996 dirigido pelo inglês Danny Boyle, a partir do livro homônimo do escocês Irvine Welsh, é o filme mais lembrado daquelas terras, mas um cineasta vindo de lá que tem conquistado cada vez mais espaço nos últimos anos é David Mackenzie, cujo mais recente trabalho é a produção da Netflix que resgata o passado da nação, Legítimo Rei, de 2018. Aliás, lá na plataforma é possível encontrar também a série fantástica Outlander (2014-), exibida aqui no canal STAR Hits, que em suas primeiras temporadas foi a fundo na história e tradições gaélicas, e a minissérie Retribution ou One of Us, de 2016, um thriller criminal ambientado no interior do país.


A cantora galesa Marina (Marina and The Diamonds) em uma das artes para o próximo álbum Ancient Dreams in a Modern Land (2021)

Descendo para o País de Gales, o gênero, por sinal, é igualmente visto em duas outras séries de lá, disponíveis no mesmo streaming: a policial procedural Hinterland ou Y Gwyll (2013-16) é um caso curioso de uma produção que foi gravada tanto na língua galesa quanto em inglês, para diferentes canais locais; e a mais recente Requiem, de 2018, é um thriller sobrenatural que se inicia depois do suicídio da mãe da protagonista. Pensando na Sétima Arte, o cineasta galês mais famoso é o Peter Greenaway e, entre as últimas produções no país, temos Gwen, filme de horror folk ou, simplesmente, terror folclórico, ambientado no norte de Gales do século XIX. Na música, a nação já exportou o som da banda de rock Stereophonics e das cantoras de soul Duffy e pop Marina and the Diamonds, que hoje assina apenas como Marina e está prestes a lançar seu quinto álbum, Ancient Dreams in a Modern Land, no próximo dia 11 de junho.


Partimos para a Irlanda do Norte que, após a independência da Irlanda, se viu dividida entre os nacionalistas irlandeses, predominantemente católicos e que desejavam a união do país em toda a ilha e os unionistas, muitos de ascendência britânica e protestantes, que desejavam manter o domínio do Reino Unido por completo na região. As décadas de conflitos entre as duas frentes que ficou conhecida [sic] como The Troubles impediu o pleno crescimento da cultura local. Uma das poucas bandas e artistas que saíram de lá durante esse período foi o Them e seu vocalista que alçaria a carreira solo, Van Morrison, com outros grupos de rock surgindo internacionalmente apenas anos depois do tratado de paz, a exemplo do Snow Patrol, formado na Escócia com integrantes norte-irlandeses, e do indie Two Door Cinema Club.

No auge dos embates, o cineasta Terry George abordou a questão como roteirista de obras do irlandês Jim Sheridan, os longas Em Nome do Pai, de 1993, e O Lutador, de 1997, e também no filme que trabalhou como diretor, o Mães em Luta, de 1996. Dentro do mundo das séries, a produção local começou a ganhar destaque ao longo desta década com o drama policial The Fall, exibido de 2013 a 2016, e com aquela que, particularmente, é uma das minhas comédias favoritas, Derry Girls, que começou em 2018 e tem duas temporadas, com seis episódios cada, de 20 minutos, bem curtinhos, que com certeza você mata em dois tempos lá na Netflix, vendo as confusões de um grupo de amigos que eles só querem, simplesmente ser adolescentes, mesmo que seja em meio à confusão que estava aquela nação nos anos 1990.

 
Bandeira das Ilhas Virgens Britânicas

Ilhas Virgens Britânicas

> A partir de 14min47s


Tendo passado pela mão de colonizadores espanhóis e holandeses até ficarem sob o domínio inglês a partir de 1672, as Ilhas Virgens Britânicas ganharam este nome apenas quando os Estados Unidos compraram as porções insulares vizinhas, durante a I Guerra Mundial, e as batizaram de Ilhas Virgens Americanas. O território ultramarino britânico no Caribe só organizaria seu comitê olímpico no início da década de 1980, participando das Olimpíadas de Inverno e de Verão de 1984. No caso das de Verão, a sua delegação competiu todas as edições desde então, mas não ganhou nenhuma medalha – há somente um ouro nos Jogos Olímpicos da Juventude, justamente no atletismo, esporte no qual, geralmente, envia mais atletas mesmo.


A cantora de soca Monéa, das Ilhas Virgens Britânicas | Foto: Divulgação

Em relação à cultura, existe uma cena literária nas Ilhas Virgens Britânicas com nomes de escritores e poetas como Alphaeus Osario Norman, Verna Penn Moll e Jennie Wheatley. A indústria cinematográfica, porém, não conseguiu se estabelecer mesmo no local, que até serviu de locação para A Ilha do Pecado, de 1958, por exemplo, mas tem poucos curtas, de fato, produzidos lá, como Picking Up The Pieces, documentário de 2018 que mostra justamente o rastro de destruição do furacão Irma, que atingiu a região no ano anterior. Quanto à música regional, há similaridades com as Ilhas Virgens Americanas, mas as scratch bands de lá são chamadas de fungi bands pelos lados britânicos, onde o cantor Iyaz faz uma fusão do reggae com o R&B que saiu de Tortola, a maior ilha do território onde ele nasceu, e chegou aos Estados Unidos. Contudo, a soca é um dos ritmos caribenhos que mais faz sucesso por lá e que, atualmente, encontra uma nova estrela na cantora Monéa.

 

Encerramento

> A partir de 17min04s


Termina aqui a excursão pelos destaques artísticos do Reino Unido e das Ilhas Virgens Britânicas neste que foi o oitavo episódio do NERVOS em Série – Parada Cultural das Nações. Os anteriores, assim como as entrevistas já realizadas no nosso podcast, podem ser ouvidos nas mais diversas plataformas: SoundCloud, Orelo, iTunes, Deezer, Google Podcasts, Spotify, no seu feed ou para download. E você também pode ler a transcrição completa do que conversamos aqui lá no nosso site, em que se encontram também os links das listas dos filmes, programas , músicas e artistas citados ao longo desta série especial nos respectivos aplicativos segmentados. Alguma dica destes e dos outros países que falamos até agora, é só comentar no post no NERVOS ou nas redes sociais; alguma sugestão do que podemos melhorar no nosso podcast, é só enviar um e-mail para nervossite – tudo junto – nervossite@gmail.com, pois queremos atender bem para atender sempre.


Na próxima escala desta viagem, temos Israel e Itália. Right! Obrigada pela audiência! See you later!



=> Veja a lista de filmes citados na série especial Parada das Nações no Letterboxd e no TV Time

=> Ouça a playlist dos artistas citados na série especial Parada das Nações na Deezer e Spotify

=> Leia o nosso Guia Cinéfilo Olímpico de Inverno, publicado em 2018



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