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NERVOS em Série – Parada Cultural das Nações #10 | Irã + Iraque


NERVOS em Série – Parada Cultural das Nações #10 | Irã + Iraque: o filme iraniano O Apartamento (2016), de Asghar Farhadi; e o cantor iraquiano Ali Saber | Fotos: Divulgação

Chegamos ao décimo episódio da Parada Cultural das Nações, série especial do podcast do site NERVOS que propõe um desfile de delegações, tal qual o da Cerimônia de Abertura das Olimpíadas – a próxima edição, a de Tóquio 2020, está marcada para acontecer no dia 23 de julho de 2021, ainda que haja muita incerteza sobre sua realização. Só que, em vez de atletas, passam por aqui os destaques artísticos, como os filmes e músicos iranianos e iraquianos que são abordados desta vez. Confira, então, um breve panorama da história olímpica do Irã e do Iraque, bem como conhecer quem são aqueles que levam a cultura dessas duas nações vizinhas no Oriente Médio para além-fronteiras.


*Músicas presentes no podcast: “Brazilian Fantasy (Standard Version)”, de Alexandre de Faria; “Sorude Mellije Džomhurije Eslamije Iran” (Hino do Irã), de Hassan Riahi; “Sooper Estar-E Man (My Superstar)”, de Damahi; “Mawtini” (Hino do Iraque), de Ibrahim Touqan e Muhammad Fuliefil; e “Maaqoula”, de Ali Saber


Ouça no lugar que você quiser: SoundCloud | Spotify | Deezer | iTunes | Google Podcasts | Orelo | Feed | Download

 

Confira abaixo a transcrição completa deste podcast:


Parada Cultural das Nações #10

> A partir de 10s


Olá! Sejam bem-vindos ao décimo NERVOS em Série – Parada Cultural das Nações!


Eu sou Nayara Reynaud e esta é a série especial do nosso podcast que propõe um desfile de delegações, tal qual o da Cerimônia de Abertura das Olimpíadas, que deve acontecer há menos de dois meses, no dia 23 de julho de 2021 em Tóquio – pelo menos, é o que tá marcado até agora! Mas em vez dos atletas, são os artistas e suas obras que representam os países por aqui, tais quais os filmes e músicas iranianos e iraquianos que destacamos neste episódio. E a partir de agora você pode conferir um breve panorama da história olímpica do Irã e do Iraque, bem como conhecer quem são aqueles que levam a cultura dessas duas nações vizinhas para além-fronteiras.

 
Bandeira do Irã

Irã

> A partir de 59s


Embora haja quem considere Freydoun Malkom, um esgrimista de nacionalidade persa que competiu no sabre nas Olimpíadas de 1900, o primeiro atleta iraniano a participar dos Jogos Olímpicos, o Irã envia sua primeira delegação, mesmo, na edição de 1948, estando presente em todas as de Verão desde então, com exceção de 1980, ao aderir ao boicote contra a invasão soviética ao Afeganistão, e 1984, ao boicotar o país-sede e seu opositor Estados Unidos. Apesar de já ter mandado atletas também para os Jogos de Inverno em algumas ocasiões, todos os êxitos nacionais vieram nas de Verão, com 48 medalhas conquistadas, sendo 11 de ouro, que lhe garantem a 42ª posição no ranking histórico da competição. Todas elas, aliás, vieram majoritariamente da luta, mas também do halterofilismo e do taekwondo.


O ano de 1900 também marca a chegada, ainda que restrita, da magia cinematográfica ao Irã, quando é apresentada para o então xá, como eram conhecidos os monarcas persas, e sua esposa. Houve a era silenciosa do cinema iraniano, que pode ser conferida na homenagem realizada pelo compatriota Mohsen Makhmalbaf, no longa Nassereddin Shah, Actor-e Cinema ou Once Upon a Time, Cinema, de 1992; mas é em 1933 que é lançado Dokhtar-e Lor, o primeiro filme sonoro ou falado em persa. A produção local sempre contou com o prestígio dos cinéfilos mais dedicados, mas é na década de 1980 que ela, de fato, ganha maior projeção internacional, principalmente, através do cineasta Abbas Kiarostami, culminando na Palma de Ouro para Gosto de Cereja, em 1997 (disponível no Telecine).


Cena do filme iraniano O Apartamento (2016), de Asghar Farhadi | Foto: Divulgação

É possível conferir este e outros trabalhos destes dois célebres diretores citados em serviços de streaming aqui no Brasil, assim como de outros colegas das gerações seguintes que tiveram as portas abertas por eles. Um deles é Jafar Panahi, que mesmo sendo proibido de filmar pelo governo iraniano por ter apoiado a oposição, realizou longas como o premiado com o Urso de Ouro no Festival de Berlim de 2015, o Taxi Teerã (disponível na Reserva Imovision, Globoplay, iTunes e Google Play), e o recente 3 Faces (2018, disponível no Telecine, iTunes, Google Play, NOW e Vivo Play). Outro é Asghar Farhadi, responsável pelos dois Oscars de Melhor Filme em Língua Estrangeira vencidos pelo Irã, ao longo desta última década, com o excelente A Separação, de 2011 (disponível na Reserva Imovision, Globoplay, iTunes e NOW) e o também instigante O Apartamento, de 2016 (disponível no Amazon Prime Video, Looke, Belas Artes à La Carte e NOW). Vale citar também o nome de outro cineasta perseguido pelas autoridades locais, Mohammad Rasoulof, de Manuscritos Não Queimam (2013, disponível na Reserva Imovision) e Não Há Mal Algum (2020), filme que esteve na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo do ano passado e faz uma crítica contundente do totalitarismo governamental ao qual a sociedade iraniana fecha os olhos – e que também pode ser refletido para sociedades de outros países.


Em relação à música, há uma grande variedade de gêneros apreciados ou populares, desde ritmos tradicionais, folclóricos, a música clássica persa até o pop, rock e jazz, e que são produzidos no país ou fora dele, já que, a partir da Revolução Islâmica de 1979, muitos músicos emigraram para outras nações a fim de encontrar liberdade artística. Você consegue encontrar os sucessos locais atuais em playlists nas plataformas digitais: na Deezer, por exemplo, você acha umas de hits pops iranianos, enquanto o Spotify tem algumas de alternativo persa bem interessantes. Alguns desses destaques que eu posso citar são Shadmehr Aghili, Kamyar e Saaren no pop iraniano; Behnam Bani e Chaartaar, que misturam o pop com o eletrônico; o rapper Tohi no hip hop; e a artista Niaz Nawab e as bandas Damahi, Daal Band e Dang Show na cena alternativa, que fazem uma fusão com outros gêneros como o jazz e a música clássica persa.

 
Bandeira do Iraque

Iraque

> A partir de 5min20s


Seguindo no Oriente Médio, mas agora indo para o Iraque, falamos deste país que participa de sua primeira Olimpíada em 1948 e, intermitentemente das seguintes, por conta de vários boicotes, para, a partir de 1980, estar presente de todas as edições de Verão, mesmo com as guerras com o vizinho Irã naquela década e com os Estados Unidos nos anos 90 e 2000. Foi nos Jogos Olímpicos de Roma 1960 que a nação conquista sua primeira e única medalha: o bronze do halterofilista Abdul Wahid Aziz, que lhes dá a 142ª colocação no quadro total de medalhas. Além do halterofilismo, outros esportes que os iraquianos costumam competir são o futebol, o atletismo, o boxe e a luta.


O cinema também enfrentou dificuldades para se firmar por lá desde o princípio, pois, apesar da primeira projeção no país datar de 1909, as salas só se estabelecem na década de 1920 e o cinema iraquiano em si surge nos anos 40, sob o reinado de Faisal II. Governos seguintes subjugaram a produção local para fins de propaganda estatal ou pessoal, vide Saddam Hussein, enquanto as sequenciais guerras e sanções sofridas estagnaram a indústria cinematográfica, que somente passou a ressurgir aos poucos durante o século XXI, especialmente na última década, com longas como Bekas (2012), Minha Doce Pepper Land (2013) e Memories on Stone (2014). Entre os filmes iraquianos mais recentes há o The Journey, último título a ser inscrito pela nação no Oscar, ao qual nunca foi indicado, aliás, e The Deminer, ambos de 2017, e A Vida na Estrada, de 2020, sendo que estes dois últimos foram exibidos em edições passadas da Mostra em São Paulo.


Arte de divulgação do single Maaqoula, do cantor iraquiano Ali Saber | Divulgação

Quanto à música iraquiana, ela resulta da fusão de várias influências étnicas que povoam o país, na mistura de sonoridades árabe, assíria, curda e turcomena, além de gêneros internacionais contemporâneos como pop, rock e soul. Entre alguns dos artistas locais renomados estão os instrumentistas Ahmed Mukhtar e Munir Bashir, que tocam o oud, uma espécie de alaúde típico do Oriente Médio, e o violonista Ilham al-Madfai; o cantor Kadim Al Sahir, chamado de embaixador do Iraque; ou o DJ MoCity, responsável por levar o reggae à Índia, por exemplo. Na atualidade, os nomes de maior destaque são Ali Saber, dono do maior hit iraquiano do ano passado, o Maaqoula; Nour Al Zaim, com uma vertente mais pop, e Ahmed Al Maslawi, num caminho mais romântico; e as cantoras Aseel Hameem, Dumooa Tahseen e Rahma Riad, que já vem, aliás, de uma família musical.

 

Encerramento

> A partir de 8min44s


E assim termina o NERVOS em Série – Parada Cultural das Nações de número dez, que excursionou pelos destaques esportivos e artísticos do Irã e Iraque. Quer ouvir os episódios anteriores desta série ou as entrevistas já realizadas neste podcast? É fácil nos encontrar nas plataformas digitais, seja Spotify, SoundCloud, Orelo, iTunes, Google Podcasts, Deezer, no seu feed ou disponível para download. Além disso, a transcrição completa do que falamos por aqui está lá no site, onde é possível curtir muito mais conteúdos de cinema, TV, música, cultura no geral. Você pode colocar nos comentários do post no NERVOS ou nas redes sociais mais dicas culturais sobre estes e outros países citados até aqui, assim como mandar sugestões do que podemos melhorar pelo e-mail nervossite – tudo junto – nervossite@gmail.com, pois queremos atender bem para atender sempre.


Na próxima parada, continuamos na Ásia, partindo para o Sudeste, com a Índia e a Indonésia, ok. Obrigada pela audiência! ممنون [Mamnoon]! Shukran!



=> Veja a lista de filmes citados na série especial Parada das Nações no Letterboxd e no TV Time

=> Ouça a playlist dos artistas citados na série especial Parada das Nações na Deezer e Spotify

=> Leia o nosso Guia Cinéfilo Olímpico de Inverno, publicado em 2018



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