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NERVOS em Série – Parada Cultural das Nações #2 | Islândia + Irlanda

Atualizado: 9 de mai. de 2021


NERVOS em Série – Parada Cultural das Nações #2 | Islândia + Irlanda | Fotos da compositora islandesa Hildur Guðnadóttir e da animação irlandesa Wolfwalfers (2020)

Seguimos com a nossa Parada Cultural das Nações, série especial do podcast do site NERVOS que aproveita a contagem regressiva para as Olimpíadas de Tóquio a fim de apresentar a culturas dos países que participarão do evento esportivo. Em vez de atletas, o cinema, a TV e a música dessas delegações desfilam por aqui. E, de acordo com a ordem da Parada das Nações que ocorrerá nos Jogos Olímpicos de 2020 – que foram adiados para 2021 por causa da pandemia de Covid-19 –, os destaques deste segundo episódio são a Islândia e a Irlanda.


*Músicas presentes no podcast: “Brazilian Fantasy (Standard Version)”, de Alexandre de Faria; “Hino da Islândia”, de Matthías Jochumsson e Sveinbjörn Sveinbjörnsson; "Bathroom Dance" (From "Joker"), de Hildur Guðnadóttir; “Hino da Irlanda”, de Peadar Kearney e Patrick Heeney; “Wolfwalkers Theme”, de Bruno Coulais; e “Dinner & Diatribes”, de Hozier


Ouça no lugar que você quiser: SoundCloud | Spotify | Deezer | iTunes | Google Podcasts | Orelo | Feed | Download

 

Confira abaixo a transcrição completa deste podcast:


Parada Cultural das Nações #2

> A partir de 9s


Olá! Sejam bem-vindos ao NERVOS em Série – Parada Cultural das Nações de número dois!


Eu sou Nayara Reynaud e, para quem não ouviu o primeiro episódio dessa série especial do nosso podcast, conto que estamos na contagem regressiva para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 de um modo diferente. Se durante a Cerimônia de Abertura, marcada para o dia 23 de julho de 2021, haverá o tradicional desfile das delegações olímpicas, pensamos em trocar os atletas pelos destaques culturais dos países que participarão do evento que foi adiado para este ano por causa da pandemia de Covid-19. Então, diariamente, traremos um breve panorama esportivo e artístico de algumas dessas nações e dicas atuais de filmes, séries ou músicos locais que merecem sua atenção, sempre em um papo rápido, que cabe no seu tempo, como você sabe.


Seguindo a organização da Parada das Nações em Tóquio, depois da Grécia, berço das Olimpíadas, e do time dos atletas refugiados, que foram tema do episódio anterior, as delegações se apresentam conforme a ordem alfabética da língua oficial do país-sede. Portanto, de acordo com o alfabeto japonês, os times que serão o terceiro e o quarto a desfilar são, respectivamente, o da Islândia e o da Irlanda. E é sobre os estandartes culturais dos dois países, que você provavelmente conhece mais do que possa imaginar, que vamos nos debruçar a partir de agora.

 

Bandeira da Islândia

Islândia

> A partir de 1min38s


A primeira participação da Islândia nos Jogos Olímpicos foi em 1912, mas sem retornar nas quatro edições seguintes das Olimpíadas de Verão, o país insular nórdico voltaria a disputar somente em 1936, porém, não deixando de enviar atletas desde então. As 20 participações somadas, no entanto, renderam apenas quatro medalhas para a nação que, atualmente, conta com uma população de mais de 360 mil habitantes – sendo estes êxitos únicos mesmo, já que eles não conquistaram nada nos 18 Jogos Olímpicos de Inverno que estiveram presentes. Uma medalha de prata e outra de bronze vieram do atletismo, um bronze do judô e a mais recente conquista foi da equipe de handebol masculina que levou a prata em Pequim 2008, deixando-os na 114ª posição no ranking geral do evento.


Se esportivamente, a Islândia só veio a chamar a atenção da mídia pelo avanço da sua seleção de futebol na Eurocopa de 2016 e na Copa do Mundo de 2018, impulsionada pelo marcante canto de sua torcida, a cultura islandesa apareceu para fora de sua ilha bem antes disso. Primeiro, com o escritor Halldór Laxness ganhando o Prêmio Nobel de Literatura em 1955, mas foi a música quem cruzou o frio Atlântico Norte para colocar o país nas paradas de sucesso, mais especialmente da cena alternativa. No final da década de 1980, o super grupo de rock local The Sugarcubes foi a primeira banda islandesa a alçar fama internacional, mas foi depois de seu fim que a sua vocalista Björk se tornaria a estrela da música alternativa dos anos 90 e manteria este status cult até hoje.


A compositora islandesa Hildur Guðnadóttir no Oscar 2020

Outras bandas levariam o nome do país além-fronteiras, como Sigur Rós com seu post-rock, Of Monsters and Men levando as lendas locais para o indie folk e a Kaleo misturando isso a um rock de garagem. Atualmente, muitos podem associar o país à comédia norte-americana da Netflix, Festival Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars (2020), que traz Will Ferrell e Rachel McAdams como dois cantores islandeses disputando o famoso concurso musical europeu Eurovision ou Eurovisão, e teve a música Húsavík indicada ao Oscar de Melhor Canção Original, mas a legítima porta-bandeira da nação, em termos culturais, só poderia ser a musicista Hildur Guðnadóttir. Nos últimos dois anos, a compositora que era colaboradora de Jóhann Jóhannsson ganhou nada menos do que um Emmy e um Grammy pela trilha sonora da minissérie da HBO, Chernobyl (2019), e seu segundo Grammy e um Oscar, se tornando a primeira mulher a ganhar nesta categoria, pela trilha do filme Coringa (2019), que você escuta ao fundo, sem contar os outros prêmios que levou por estes e outros trabalhos.


Falando de cinema, aliás, a Islândia começou a inscrever longas na disputa do Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira a partir de 1980, mas foi em 1992 que obteve sua primeira e única indicação com Filhos da Natureza, de 1991, dirigido por Friðrik Þór Friðriksson. Em 2003, Nói, o Albino, de Dagur Kári, despertou tanto a produção local quanto o olhar internacional para ela, destacando nomes de cineastas como Baltasar Kormákur, que teve o Sobrevivente, de 2012 (disponível no Google Play, YouTube Filmes e Looke), na pré-lista do prêmio da Academia, e Rúnar Rúnarsson, que após ter Síðasti bærinn ou The Last Farm, de 2004, indicado a Melhor Curta de Ficção, realizou longas como Pardais, de 2015, que fez sucesso na edição da Mostra Internacional de Cinema em São Paulo daquele ano, que também teve o ótimo A Ovelha Negra (2015, disponível na Reserva Imovision, iTunes, Google Play, NOW e YouTube Filmes). Pensando no último ciclo olímpico, para efeito de comparação, alguns dos títulos islandeses de mais destaque foram Heartstone, de 2016, e que tem crítica lá no site; Inspire, Expire, de 2018 (disponível na Netflix); A Resistência de Inga (disponível na Reserva Imovision, NOW, Sky Play e Vivo Play) e Um Dia Muito Claro, ambos de 2019.


Contudo, a produção audiovisual da Islândia ganhou uma nova janela mundial através da Netflix. A primeira série local a chegar ao serviço de streaming foi o drama de mistério Trapped, de 2015(-), que reúne vários nomes citados antes aqui na sua equipe técnica, sendo seguida por O Assassino de Valhalla, de 2019(-20). Esta última, eu já conferi os três primeiros dos oito episódios disponíveis, que espero ter tempo pra terminar em breve, no meio dessa maratona, mas já dá pra ver que é aquele típico noir nórdico que prende o espectador pelo suspense dos crimes que acontecem sob aquela fachada calma dos países da região. Acho que falei bastante coisa e nem sei se a pronúncia do meu islandês tá certa, com certeza não; mas acho que deu pra ter uma ideia de quanta coisa legal tem para conferir vinda diretamente daquela gélida ilha.

 

Bandeira da Irlanda

Irlanda

> A partir de 6min44s


Seguindo para outro país insular, localizado um pouco mais abaixo na Europa banhada pelo Oceano Atlântico, temos a Irlanda que, após a sua guerra de independência, competiria pela primeira vez nas Olimpíadas de Inverno de 1922 e na de Verão de 1924. Sem conquistar nada nas competições de inverno, o país já possui 31 medalhas, sendo nove de ouro, em 21 participações nas edições de verão, figurando na 51ª colocação no quadro histórico de medalhas. Embora o atletismo e a natação tenham trazido mais ouros para a nação, respectivamente quatro e três, é no boxe que os irlandeses mantêm sua tradição esportiva, totalizando 16 medalhas olímpicas.


Com uma forte influência da cultura celta, a Irlanda tem ícones muito próprios, embora um olhar estrangeiro pouco conhecedor possa confundir alguns de seus artistas e considerá-los do Reino Unido, por exemplo, já que foi o país que os dominou por alguns séculos. A luta pela sua independência, aliás, é o tema de Ventos da Liberdade, filme do britânico Ken Loach em uma produção majoritariamente irlandesa que venceu a Palma de Ouro no Festival de Cannes de 2006 (disponível no Belas Artes à La Carte), enquanto o inglês Alan Parker foi responsável pela premiada dramédia musical The Commitments – Loucos pela Fama, de 1991. Mas falando de cineastas irlandeses que alçaram seu nome para plateias internacionais, temos Jim Sheridan, diretor de Meu Pé Esquerdo, de 1989, e Em Nome do Pai, de 1993 (disponível no Claro Video, Google Play e iTunes); Neil Jordan, que ganhou o Oscar de Melhor Roteiro Original por Traídos pelo Desejo, de 1992 (disponível no Belas Artes à La Carte); e John Carney, responsável pelos musicais Apenas Uma Vez, de 2007 e que levou o Oscar de Melhor Canção Original com Falling Slowly, e Sing Street: Música e Sonho, de 2016 (disponível na HBO GO, Google Play, YouTube Filmes, Claro Video e iTunes).


No entanto, o filme nacional de maior destaque na atualidade e que poderia ser o porta-bandeira dessa delegação cultural irlandesa é Wolfwalkers, animação de 2020 que concorreu ao Oscar neste ano e, para muitos, deveria ter levado a estatueta. A terceira parte da Trilogia do Folclore Irlandês realizada pelo diretor Tomm Moore, neste caso ao lado de Ross Stewart, que já teve antes os longas também indicados Uma Viagem ao Mundo das Fábulas, de 2009 (disponível no Looke), e A Canção do Oceano, de 2014 (disponível no Claro Video, Google Play e iTunes), traz a história da filha de um caçador que conhece uma jovem wolfwalker, que pode não somente se comunicar, mas também se transformar em lobo, justamente em um momento em que o Lorde Protetor inglês deseja acabar com estes animais que rondam a cidade de Kilkenny. Distribuída pela plataforma de streaming Apple TV+, a obra emprega uma estética única em uma animação 2D que reverencia tanto esse imaginário lendário local quanto aborda a história de ocupação e busca por liberdade na Irlanda, e que dialogam universalmente. É imperdível, gente!


E falando dessa parte histórica, tem uma série irlandesa na Netflix, chamada O Levante da Páscoa, realizada em 2016, justamente no centenário da rebelião que buscava a independência deles em relação ao Reino Unido. Para quem gosta do gênero policial, Dublin Murders, que estreou em 2019, está disponível aqui no Amazon Prime Video. Mas a produção seriada vinda das terras celtas que mais chamou atenção recentemente foi a minissérie Normal People (2020), baseada no romance homônimo de Sally Rooney e que foi indicada a quatro Emmys. Neste caso, também assisti somente aos três primeiros episódios e se eu não continuei, não foi porque a atração que está disponível no Starzplay era ruim; ao contrário, pelo que vi, merecia os elogios e méritos recebidos e muito mais, porém, a história me pegou, digamos assim, em um momento tão frágil ou piorou mais ele ainda, não sei te dizer, que não consegui seguir, mas espero um dia voltar e terminar. De verdade!


Agora, qualquer panorama cultural do Eire não estaria completo sem falar de sua música. Particularmente, recomendo muito ouvir playlists de folk irlandês e celtic punk, por exemplo, e escutar esses resquícios da música tradicional irlandesa que influenciou tantos ritmos no Reino Unido ou Estados Unidos, por exemplo. Dentro deste ramo, há grupos clássicos como o The Dubliners ou relativamente mais modernos como o The Pogues que merecem a sua atenção. Nenhuma banda conseguiu o sucesso mundial do U2 de Bono Vox, mas há outros artistas que também acumularam fãs por vários continentes como as cantoras Enya e Sinéad O'Connor, as bandas The Cranberries, Thin Lizzy, My Bloody Valentine, The Corrs e as boy bands Westlife e Boyzone, e tantas outras. Na atualidade, alguns dos cantores irlandeses de maior vulto são Hozier, com seu blues rock que tá tocando aí no fundo, e Niall Horan, ex-One Direction que investiu no pop rock em sua carreira solo.

 

Encerramento

> A partir de 11min45s


Fica por aqui o segundo NERVOS em Série – Parada Cultural das Nações, que teve como destaque o cinema, TV e música da Islândia e da Irlanda. Você pode ouvir esta, tal qual a edição anterior desta série especial e as outras entrevistas do nosso podcast na sua plataforma favorita: SoundCloud, Spotify, iTunes, Deezer, Google Podcasts e também na Orelo – tinha esquecido de falar antes que estamos por lá também – e além disso no seu feed ou para download lá no site. No NERVOS, você sabe, que é possível ler a transcrição completa deste episódio e ter acesso a muito conteúdo sobre cultura no geral, né!


Se deixei escapar alguma coisa imperdível das culturas islandesa e irlandesa, pode colocar suas dicas nos comentários deste post no site ou nas nossas redes sociais. Sua opinião é sempre bem-vinda e, qualquer sugestão sobre o que podemos melhorar pode ser enviada no e-mail nervossite – tudo junto – nervossite@gmail.com, pois queremos atender bem para atender sempre. Outra novidade é que montamos listas especialmente para esta Parada Cultural das Nações em diversas plataformas segmentadas: então, ao longo desta série de podcasts, os cinéfilos encontrarão os filmes destacados no Letterboxd ou no TV Time, que também traz os programas citados para os seriemaníacos; enquanto as bandas e artistas comentados entram na playlist montada nos nossos perfis na Deezer e no Spotify, ok.


Encerramos por hoje, mas a nossa próxima parada vai desbravar lugares mais longínquos, passando pelo Azerbaijão, Afeganistão e Samoa Americana. Obrigada pela audiência! Takk fyrir! Go raibh maith agat!


=> Veja o nosso Guia Cinéfilo Olímpico de Inverno, publicado em 2018


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