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  • Foto do escritorNayara Reynaud

O JARDIM DE BRONZE – 2ª temporada | Um novo mistério e o velho drama no jardim

Atualizado: 18 de out. de 2021


Paola Barrientos e Joaquín Furriel em cena da segunda temporada da série argentina O Jardim de Bronze (2017-) | Foto: Divulgação (HBO)

Dois anos atrás, a série argentina O Jardim de Bronze (2017-) veio como um atestado da qualidade das produções latinas da HBO, tanto quanto os títulos norte-americanos e ingleses do canal. A trama em torno do mistério sobre o desaparecimento de uma menina de 4 anos e a busca desesperada de seu pai, Fabián Danubio (Joaquín Furriel), foi criada por Gustavo Malajovich, ao lado do versátil roteirista Marcos Osorio Vidal – responsável também por ONZ11 (2017-) e a versão local de Supermax (2017) –, a partir do livro homônimo do escritor, publicado em 2012. Findada a história do romance policial na tela, a atração traz como principal desafio para esta segunda temporada que estreia neste domingo (9), às 21h, a tarefa de continuar a história sem o apoio do texto da obra original, mas sem poder desvirtuá-la.

No entanto, o fim da primeira temporada não encerrou de fato a narrativa, porque o drama do protagonista, claramente, não terminou com a volta da filha Moira (Maite Lanata) para casa. O cativeiro continua na mente da vítima, ainda mais pelo fato dela ter sido levada ainda criança, vivendo por 10 anos sob o domínio do algoz que se tornou sua figura paterna. Debruçar-se sobre o pós-trauma nem sempre é objeto do gênero policial, o que torna isto um trunfo e motivo de interesse para este novo ano, embora a equipe criativa encontre uma boa solução para manter o estilo investigativo da série: continuar um caso incompleto que César Doberti (Luis Luque) estava envolvido antes de ser morto.

Passados alguns meses desde a morte do detetive particular que se tornou seu amigo e o reencontro e convívio difícil com a filha, Fabián é abordado por alguém que compartilha do mesmo sofrimento por qual passou e lhe pede ajuda. Desta vez, a procura é de Andrea Rodríguez (Paola Barrientos), mãe do adolescente Martín Cosme (Alejo Ramírez Borella), desaparecido há seis meses durante um incêndio na casa do seu ex-marido e pai dele (Pablo Mónaco). Através de flashbacks, a produção apresenta estes novos personagens e o sumiço em questão, além de aproveitar a oportunidade e trazer Luis Luque novamente na pele do ótimo personagem que é Doberti, ao revelar detalhes da investigação que ele estava fazendo na época.

Para justificar o envolvimento do protagonista em um problema que, diretamente não lhe diz respeito, Malajovich e Vidal não só estabelecem esse processo com certa resiliência do arquiteto em se aprofundar no caso, em uma ajuda que se torna gradual à mulher em desespero por auxílio. Os roteiristas também demonstram como este drama alheio serve como uma nova motivação para Fabián, já que a sua busca veio carregada também de muita frustração com o retorno da filha. Encontrar Martín pode ser uma forma de fugir dos seus problemas em casa, onde ele, sem experiência na paternidade, não consegue lidar com uma adolescente traumatizada e seus próprios traumas da situação e revelações por qual passou, assim como pode ser um meio de reconectar-se com sua filha.

O primeiro episódio dessa segunda temporada não é tão potente quanto o piloto da primeira, mas cria expectativa suficiente para o que há de vir a seguir para ser revelado neste novo caso. Existem muitos ingredientes para aguçar o faro investigativo do espectador, a exemplo da relação complicada entre o filho desaparecido e o pai morto na cena do crime, assim como a de Andreia com o seu ex, sendo Daniel Cosme também um líder de uma torcida organizada do Boca Juniors e envolvido em esquemas de contrabando. Colocar o futebol na trama confere um caráter mais genuinamente argentino a esta história, até mais do que a original, embora o final do capítulo traga aquele típico elemento de mistério macabro da série, que recorda uma versão adulta das aventuras literárias para o público infanto-juvenil da Coleção Vaga-Lume.

O roteiro pode ter se revelado um pouco apressado nos últimos episódios do primeiro ano, mas, agora, Malajovich e Vidal parecem procurar mais equilíbrio entre a trama policial e o drama inerente destes casos. E se a série sempre contou com um notável nível técnico na direção de Hernán Goldfrid, de Tese Sobre um Homicídio (2013), e Pablo Fendrik, de Ardor (2014), e igualmente na sua fotografia, também mantinha um bom elenco na condução desse mistério e conta com boas adições neste quesito, especialmente em seus nomes femininos. Julieta Zylberberg continua com sua Lidia Blanco trabalhando na polícia e auxiliando Fabián, mas agora o público tem em Paola Barrientos uma figura materna emotiva, que contrasta com o calado e explosivo protagonista interpretado por Joaquín Furriel, e a oportunidade de conferir o talento de Maite Lanata, enquanto ela precisa descobrir quem é esta Moira e o espectador tenta decifrar quem foi esta Casilda que cresceu em La Doradita sob a influência da loucura do bronze.

 

O Jardim de Bronze (El Jardín de Bronce, 2017-)

Série | Estreia da 2ª temporada: 8 episódios, a partir de 9 de junho de 2019

Canal: HBO | Exibição: domingos, às 21h

Horário alternativo: domingo, às 22h55 na HBO (só nesta estreia) | segundas, às 21h na HBO 2 | terças, na faixa das 16h e na faixa das 23h às 0h na HBO | quartas, na faixa das 12h às 13h na HBO 2 (veja os horários exatos no site)

Direção: Hernán Goldfrid e Pablo Fendrik

Criação: Gustavo Malajovich e Marcos Osorio Vidal

Elenco: Joaquín Furriel, Julieta Zylberberg, Luis Luque, Maite Lanata, Paola Barrientos, Sergio Boris, Pablo Mónaco, Francisco Quintana, Alejo Ramírez Borella, Roman Altholz, Marcelo Subiotto, Mario Pasik, Claudio Tolcachir e Romina Paula (veja + no IMDb)

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