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  • Foto do escritorNayara Reynaud

Sia | Uma linha de produção em série de canções para trilhas sonoras

Atualizado: 19 de jul. de 2020


A cantora Sia se apresentando | Foto: Divulgação

“É a Sia, né?!”. Esta pergunta, geralmente retórica, se tornou cada vez mais comum nos últimos anos, quando entram os créditos de um filme, ainda mais se for um blockbuster. A cantora australiana de voz marcante e visual único também se destacou na cena pop atual por sua alta produtividade como compositora, seja para si mesma ou para os colegas de profissão, sendo até alvo de memes made in Brazil para o mundo de que ela seria mantida no “cativeiro da Beyoncé” para escrever músicas para a Queen B. Piadas à parte, esta capacidade de ser como uma linha de produção individual de canções é muito proveitosa para as trilhas sonoras, como você pode conferir Seguindo a Trilha da Sia Furler.

 

A trajetória da cantora neste território cinematográfico começa com Little Man, single de seu álbum Healing is Difficult (2001), na comédia O Dono da Festa (2002). Nesta época, depois de seu pequeno début na Austrália e ir para Londres, ela ainda teve de lidar com a morte do namorado Dan Pontifex em um acidente de carro, o que refletiu neste seu segundo disco solo, com um som mais jazz e soul. A australiana também era uma das vocalistas do Zero 7, um duo de trip hop, gênero característico pelas batidas eletrônicas em downtempo, ou seja, mais lentas, que era bem comum na cena inglesa dos anos 90 e início dos 2000 e influenciou muito o seu trabalho. Um dos sucessos do projeto, Destiny, presente em Simple Things (2001), aparece em A Onda dos Sonhos (2002), Um Presente para Helen (2004) e também em Obsessiva (2009), thriller estrelado justamente pela Beyoncé, enquanto Somersault toca em no drama militar Annapolis (2006).

Três anos depois, ela lançaria um terceiro álbum com o emprego de mais instrumentos acústicos, apesar de ainda manter elementos eletrônicos em sua sonoridade. Do Colour the Small One (2004), as faixas Don’t Bring Me Down, Butterflies e Sunday foram para as telonas, respectivamente, no filme policial francês 36 (2004), na comédia romântica hollywoodiana A Família da Noiva (2005) e no drama Descent (2007). Mas o single principal, Breathe Me ganhou mais destaque, seja em episódios de séries de TV, no longa O Presente (2006) ou no telefilme Bullying Virtual (2011), justamente na cena em que a protagonista vivida por Emily Osment tenta o suicídio – algo que a própria Sia também pensaria em fazer, anos depois – após ser humilhada na internet pelos colegas.

No ínterim entre este e o disco seguinte, Some People Have Real Problems (2008), ela emplacou a canção Bye, Bye, Bye em Babysitters de Luxo (2007); mas do álbum em si, apenas Lullaby entrou em trilha, no caso do drama Prova de Redenção (2012). Daí viria 2010, um ano proveitoso em que a australiana produziu e compôs parte das faixas do álbum Biobic (2010) da Christina Aguilera, e ainda deu de bônus Bound to You para a amiga cantar no musical Burlesque (2010); fez a balada My Love especialmente para A Saga Crepúsculo: Eclipse (2010), alcançando um público maior com a franquia adolescente; e lançou o quinto disco de estúdio We Are Born (2010), levando a música I’m In Here para o drama adolescente com Zoë Kravitz, Yelling to the Sky (2011) e também em uma cena marcante de Chuck e Blair na quarta temporada de Gossip Girl (2007-12).

No entanto, o sucesso crescente assustou Sia, que sentia falta de sua privacidade. “Uma vez, meu amigo estava me dizendo que tinha câncer, alguém apareceu e perguntou, no meio da conversa, se poderia tirar uma fotografia comigo”, contou depois, em entrevista ao New York Times em 2014. A cantora começou a usar máscaras no palco, voltou a ficar mais dependente de álcool e analgésicos e cogitou suicidar-se. Decidiu, então, se aposentar e se dedicar apenas à carreira de compositora, mas ao escrever Titanium e ter a sua demo utilizada na produção final do DJ francês David Guetta, o single se tornou um hit mundial. Tanto que a música pela qual a personagem de Anna Kendrick chamou a atenção de uma das líderes das Barden Bellas na comédia musical A Escolha Perfeita (2012) e embalou o casamento que qualquer cinéfilo já pensou como seria bom ser um dos convidados no último segmento do longa de Relatos Selvagens (2014).

Ela decide voltar a cantar, além de continuar a compor músicas para Beyoncé, como o tema de Reino Escondido (2013), Rise Up; o rapper Flo Rida, com quem colaborou também nos vocais de Wild Ones, presente em Os Estagiários (2013); e Rihanna, com o sucesso Diamonds, que embala uma cena muito significativa do coming of age francês Garotas (2014), além de estar no recente Emoji: O Filme (2017). Retornando aos palcos com as roupas e perucas escondendo seu rosto que se tornaram a sua marca registrada, ela foi gravou Kill and Run para a adaptação do clássico de F. Scott Fitzgerald, O Grande Gatsby (2013); Elastic Heart, com The Weeknd e Diplo, para Jogos Vorazes: Em Chamas (2013) – ela depois faria a famosa versão solo para o seu álbum seguinte, 1000 Forms of Fear (2014) –; faria um “feat” com Eminem em Guts Over Fear, de O Protetor (2014); e reescreveria as canções do remake do musical Annie (2014), além de compor novas como Who I Am?.

Com o sucesso de 1000 Forms of Fear, cujos singles se tornaram hits também por causa de seus videoclipes estrelados pela, então, pequena dançarina Maddie Ziegler como uma espécie de seu alter ego, Sia passou a ser cada vez mais requisitada nas trilhas sonoras. Abrindo o ano seguinte com Salted Wound, em Cinquenta Tons de Cinza (2015), ela escreveria Flashlight para A Escolha Perfeita 2 (2015), música cantada pelas Barden Bellas na final do mundial e também apresentada na interpretação de Jessie J nos créditos. Sua nova colaboração com David Guetta, She Wolf (Falling To Pieces), embalaria a dança da moça no Just Dance, no italiano Juventude (2015), enquanto ela gravaria uma versão de California Dreamin’, do The Mamas & the Papas, para o filme catástrofe Terremoto: A Falha de San Andreas (2015).

No entanto, nada se compararia com o ano de 2016 para ela. Começando com o primeiro single de seu novo álbum This Is Acting (2016), Alive, na trilha da distopia adolescente A 5ª Onda (2016), a outra faixa Bird Set Free encerraria o thriller Águas Rasas (2016), e mais recentemente, Paixão Obsessiva (2017). Enquanto isso, seu maior sucesso do disco anterior, Chandelier, era a música que a elefante Meena não consegue cantar na sua audição na animação Sing: Quem Canta Seus Males Espanta (2016). O gênero, aliás, acolheu suas canções neste período, com Try Everything, na voz de Shakira, em Zootopia (2016); sua versão do clássico Unforgettable nos créditos de Procurando Dory (2016); e a inédita Suitcase para A Bailarina (2016).

No mesmo ano, ela ainda escreveria Sledgehammer, interpretada por Rihanna, para o terceiro filme da franquia Star Trek: Sem Fronteiras (2016), Waving Goodbye, feita em parceria com Diplo, para o terror psicológico Demônio de Neon (2016) e ainda mais duas canções que estiveram circulando na temporada de premiações seguinte. Angel By the Wings foi composta para o documentário sobre uma adolescente do Cazaquistão treinando para ser a primeira caçadora de águias da família em The Eagle Huntress (2016), indicado para o BAFTA e presente na pré-lista do Oscar 2017. Já Lion: Uma Jornada Para Casa (2016), que mostra a história real de um rapaz que vive na Austrália, tentando reencontrar a sua família na Índia, de quem se perdeu ainda criança, obteve seis indicações ao prêmio da Academia e traz mais uma música de letra “inspiradora” da artista, com Never Give Up.

Continuando com sua alta produtividade, a australiana emprestou a sua voz em mais três canções exclusivamente para a trilha de Cinquenta Tons Mais Escuros, Mulher-Maravilha e My Little Pony: O Filme em 2017. Helium embalou o segundo capítulo do romance de Anastasia Steele e Christian Grey; To Be Human, composta por Florence Welch – a vocalista do Florence + The Machine – e o produtor Rick Nowels, na qual ela canta com o inglês Labrinth, representou o verdadeiro poder defendido por Diana de Themyscira; e Rainbow acompanhou a aventura das amigas da colorida animação. Sua colaboração com Zayn em Dusk Till Dawn também foi ouvida no drama Depois Daquela Montanha (2017).

E se as músicas de seu novo álbum de Natal, Everyday Is Christmas (2017), não entraram em nenhum filme natalino deste ano, não quer dizer que não entre nos próximos. Aliás, no seguinte, por enquanto, está prevista apenas a sua participação na animação sobre o Príncipe Encantado, Charming (2018), em que tem duas canções, sendo que canta em uma delas. Mas conhecendo ainda mais esta linha de produção musical, dá para afirmar que a Sia deverá ser ouvida ainda mais vezes nas trilhas sonoras de 2018.


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