top of page
  • Foto do escritorNayara Reynaud

ONE WAY OR ANOTHER | O Blondie perfeito para as correrias juvenis

Atualizado: 15 de mai. de 2020


Como o polinizador que o título anuncia, o novo álbum do Blondie foi lançado nesta sexta (5) mostrando que Debbie Harry & Cia querem espalhar por aí a new wave da qual foram expoentes entre o final da década de 1970 e início dos anos 1980, misturando a pegada post-punk com elementos eletrônicos de uma maneira bem diferente do pop de hoje. Pollinator (2017), 11º disco de estúdio da banda formada em 1975 e que, desde a sua volta em 1997, segue com vigor na ativa, resgata seu som dos velhos e bons tempos da banda de uma maneira que não se ouvia desde No Exit (1999), do hit Maria. Por isso, nada mais justo do que relembrar um clássico do grupo norte-americano na estreia da seção Seguindo a Trilha.



One Way or Another you gonna hear me in some teen’s movie soundtrack


Uma das faixas de Parallel Lines (1978), One Way or Another foi lançado como single em 1979 e se tornou uma das músicas mais icônicas do repertório do Blondie, mas incrivelmente, não tem um clipe oficial para chamar de seu. Entretanto o potencial audiovisual da composição de Harry e Nigel Harrison, inspirada por um ex “stalker” de Debbie que a perseguia após o fim do namoro, não passou despercebido pela trilha sonora de vários filmes. Aliás, é impossível que você não tenha ouvido, ao menos uma vez, o famoso riff de Chris Stein – talvez, até o tocou em seu Guitar Hero – embalando alguma cena de fuga ou correria durante a Sessão da Tarde ou o Cinema em Casa, já que as produções para o público infanto-juvenil são as que mais aproveitam a vibe maluca e divertida da canção ao seu favor.

“Parece que ele está indo para a sala de projeção em cima do auditório” (Meninas Malvadas)

No filme adolescente que passeou pelas duas famosas sessões vespertinas e hoje já pode ser considerado um clássico cult, ele está lá no meio de todos os memes conhecidos de Meninas Malvadas (2004). No momento em que Cady (Lindsay Lohan) arma de tudo para Aaron Samuels (Jonathan Bennett) descobrir o que Regina George (Rachel McAdams) faz toda quinta na sala de projeção em cima do auditório, quem embala a execução dos planos malucos é o Blondie.


Essa vocação de One Way or Another para a trilha de filmes do gênero vem desde sua primeira aparição nos cinemas em Queridinhas (1980). No longa em que duas jovens que apostam pra ver quem será a primeira a perder a virgindade e que têm Matt Dillon e uma Cynthia Nixon bem novinha no elenco, ela toca enquanto as garotas pegam um ônibus escolar do acampamento (veja a cena), inaugurando uma marca da utilização da música em cenas com veículos.

Depois de estar nos créditos de Rebeldes da Academia (1980), comédia da revista humorística MAD para fazer frente a Clube dos Cafajestes (1978) da National Lampoon, Splitz (1982), desconhecido musical que também conta com a clássica Heart of Glass na história de união de uma banda de rock feminina e estudantes de uma irmandade, e Meu Doce Vampiro (1987), com um Robert Sean Leonard garoto que se torna vampiro após sair com uma mulher misteriosa, ela estaria de fundo para a mesma situação, só que na versão de Niki Harris, ex backing vocal da Madonna, conduzindo uma perseguição ao carro cheio de crianças que foi “sequestrado” por um cara confundido com um bandido de Sequestro Por Engano (1996) (se quiser relembrar em qualidade ruim, tem aqui).

A partir daí, o antigo hit conseguiria emplacar na trilha de uma produção por ano, em média. Em 1997, ele embalava a procura de Chris Farley, vivendo um americano criado entre guerreiros japoneses em um de seus últimos trabalhos, em plena Los Angeles pela mulher que o pediu socorro em Um Ninja da Pesada. No mesmo ano, , em Donnie Brasco, Johnny Depp era o agente do FBI infiltrado na máfia de Miami que conquistava o chefão “Lefty” (Al Pacino) tomando o carro de um contrabandista que queria enganar o mafioso e saia com ele ao som de Blondie (dá para vislumbrar um pouquinho no final deste vídeo). O longa baseado em fatos reais também traz Heart of Glass na sua seleção musical, uma dobradinha que se repetiria no telefilme Anos 70 (2000).


No entanto, entre as sequências automobilísticas com One Way or Another, a mais inventiva e rocambolesca é a de Entrega a Domicílio (1998), que era anunciado como “Entrega Em Domicílio” no SBT e trazia Reese Witherspoon antes de Eleição (1999) e Segundas Intenções (1999) a apresentarem para o grande público. Paul Rudd chega a ficar pendurado na porta de trás da van do serviço de entrega para tentar resgatar a carta vingativa que enviou, erroneamente, para a namorada quando achou que ela havia o traído – como dá para “ver” em slow motion neste vídeo. Ainda em 98, a música ganharia uma versão adaptada na animação Rugrats: Os Anjinhos – O Filme: para a sua nostalgia, relembre da mimada Angelica, dublada por Cheryl Chase, em busca de sua inseparável boneca Cynthia pela selva.


Em um contexto diferente, sem estar ao fundo de uma correria ou procura desenfreada, a melodia surge para conter uma confusão generalizada em Show Bar (2000). Numa de suas cenas mais famosas, a personagem de Piper Perabo, que queria ser compositora em Nova York e só se tornou garçonete do estabelecimento, começa a cantar a música e acalma os ânimos no local, distraindo-os com sua voz e seu corpo pelo balcão do bar.


Depois, foi a vez de Sophie Ellis Bextor, cantora inglesa do hit daquele início de década, Murder on the Dancefloor, cantar que de um jeito ou de outro iria te achar, no cover presente em O Guru do Sexo (2002), quando o protagonista indiano, que vai para Nova York querendo se tornar um astro do cinema e se torna uma estrela de filmes pornô, sai correndo para evitar o casamento da amada.


Enquanto a original está No Pique de Nova York (2004), seja na busca do detetive interpretado por Eugene Levy em busca das gêmeas, vividas pelas irmãs Olsen (Mary-Kate era a rebelde Roxy e Ashley era a estudiosa Jane), no meio da plateia de um show do Simple Plan, ou no trailer do último filme de parceria das duas, uma versão mais pesada realizada pela banda Full Blown Rose aparece nos créditos de O Filho de Chuck (2004), com imagens do elenco e da produção.


Aliás são muito comuns os covers dessa canção feitos por personagens de séries de TV, sem falar na execução de tantas outras, como no episódio "A Bandeira e o Bart" da 15ª temporada de Os Simpsons (1989-). Em um episódio da primeira temporada Veronica Mars: A Jovem Espiã (2004-2007), lá em 2005, a protagonista vivida por Kristen Bell era desafiada a cantar One Way or Another no karaokê. Antes, em 1998, Melissa Joan Hart fez isso em Sabrina, Aprendiz de Feiticeira (1996-2003), quando a jovem bruxa tinha uma banda. Mais para frente, em 2011, a música estaria em Glee (2009-2015), no mashup com Hit Me With Your Best Shot, de Pat Benatar, liderado por Finn (Cory Monteith) e Santana (Naya Rivera).


Em Aquamarine (2006), longa com Emma Roberts, JoJo e Sara Paxton, foi a vez da atriz e cantora Mandy Moore gravar a canção, que é executada durante a leitura dinâmica de conselhos de revistas adolescentes feita pela sereia apaixonada por um humano.


Nos anos seguintes, este som do Blondie ainda seria incluso em várias produções internacionais, como no britânico Daylight Robbery (2008), na animação mexicana El Agente 00-P2 (2009) e o espanhol Amigos... (2011), além do indie norte-americano Virginia (2010), estrelado por Jennifer Connelly. E também ganharia destaque nas ações infanto-juvenis Missão Quase Impossível (2010), no clipe em que as crianças sob a guarda do espião interpretado por Jackie Chan tentam sabotá-lo, enquanto ele usa seus apetrechos eletrônicos para contê-las, e A Super Agente (2012), nos créditos iniciais que mostram a fuga de Miley Cyrus como uma jovem espiã (dá para ouvir na voz de Anna Carlise e Wes Borland aqui).


A última aparição da canção em um filme foi em Emelie (2015), na versão da banda britânica Until The Ribbon Breaks – que também toca justamente em um episódio da série Stalker (2014-2015), cuja loucura do perseguidor da música soa menos divertidamente insana e mais assustadoramente perigosa por causa do arranjo, condizente com a história da babá bem aterrorizante que dá título ao longa.


Mas, dependendo do sucesso das novas músicas de Pollinator, Debbie Harry estará em uma trilha sonora por aí avisando que irá te pegar, de um jeito ou de outro.

Capa do álbum Parallel Lines (1978) do Blondie

0 comentário
bottom of page