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  • Foto do escritorNayara Reynaud

NERVOS em Série – Parada Cultural das Nações #7 | Antígua e Barbuda + Andorra + Iêmen

Atualizado: 28 de mai. de 2021


NERVOS em Série – Parada Cultural das Nações #7 | Antígua e Barbuda + Andorra + Iêmen: cena do curta-metragem antiguano Dadli (2018), de Shabier Kirchner; a banda andorrana Persefone; e o cantor iemenita Ammar Alazaki | Fotos: Divulgação

Estamos no sétimo episódio da série especial Parada Cultural das Nações e, no desfile de delegações culturais inspirado pelos Jogos Olímpicos de Tóquio que vêm por aí – mais exatamente, no dia 23 de julho de 2021, data para qual está marcada a Cerimônia de Abertura do evento –, quem passa pelo nosso podcast são os destaques do país caribenho Antígua e Barbuda, o principado europeu Andorra e a república arábica do Iêmen.


*Músicas presentes no podcast: “Brazilian Fantasy (Standard Version)”, de Alexandre de Faria; “Hino da Antígua e Barbuda”, de Novelle Hamilton Richards e Walter Garnet Picart Chambers; “Panic Room”, de Au/Ra; “Hino de Andorra”, de Juan Benlloch i Vivó e Enric Marfany Bons; “Prison Skin”, de Persefone; “Hino do Iêmen”, de Abdulwahab Noman e Ayob Tarish; “غني غني (Ghanni Ghanni)”, de Ammar Alazaki


Ouça no lugar que você quiser: SoundCloud | Spotify | Deezer | iTunes | Google Podcasts | Orelo | Feed | Download

 

Confira abaixo a transcrição completa deste podcast:


Parada Cultural das Nações #7

> A partir de 10s


Olá! Sejam bem-vindos ao NERVOS em Série – Parada Cultural das Nações de número sete!


Eu sou Nayara Reynaud e neste episódio da série especial que faz a contagem regressiva para as Olimpíadas de Tóquio, promovendo um desfile de delegações culturais no nosso podcast, iremos do Caribe à Europa, até o Oriente Médio. De acordo com a sequência da Cerimônia de Abertura desta edição dos Jogos Olímpicos, que segue a ordem alfabética japonesa, falaremos de Antígua e Barbuda, Andorra e Iêmen. Curiosamente, três países sem grande tradição olímpica, assim como na Sétima Arte, mas dos quais há muito o que descobrir, seja no cinema ou na música.

 
Bandeira de Antígua e Barbuda

Antígua e Barbuda

> A partir de 53s


Antígua e Barbuda tem no seu nome as duas principais ilhas do arquipélago que forma este país caribenho, que foi colonizado pelos ingleses. Após ter sido membro da breve Federação das Índias Ocidentais, conjunto de várias colônias britânicas no Caribe que foi dissolvida em 1962, é criado seu comitê olímpico em 1966, mas uma delegação antiguana só competiria uma Olimpíada dez anos depois – e, em um parêntesis, a sua independência dentro da Commonwealth viria apenas em 1981. Nas dez edições dos Jogos de Verão que disputou, com uma forte presença no atletismo, a nação que tem somente um pouco mais de 100 mil habitantes ainda não conseguiu nenhuma medalha.


Cena do curta-metragem antiguano Dadli (2018), de Shabier Kirchner, cineasta e diretor de fotografia de Antígua e Barbuda

Sendo um microestado dependente do turismo, o país não tem uma indústria cinematográfica desenvolvida. Em 2001, é realizado o primeiro longa-metragem antiguano, a comédia romântica The Sweetest Mango, dirigida por Howard Allen, e, mesmo depois, há poucas produções no formato, como o terror The Skin, de 2011. Contudo, dentro do território dos curtas-metragens, o cinema local traz um forte representante atual: Dadli, curta de 2018 que está disponível gratuitamente no Vimeo e é a estreia como diretor de Shabier Kirchner, responsável pela fotografia de trabalhos prestigiados como a recente série de filmes Small Axe (2020). O cineasta que nasceu em Antígua e Barbuda faz um singelo e potente registro, em 16 mm, da vida na comunidade portuária de The Point, hoje extinta, marcada pela perspectiva de um garoto de 13 anos.


Musicalmente, a nação herda e também produz vários ritmos originários de outras ilhas caribenhas, com nomes como King Short Shirt, que apesar de hoje se dedicar à música gospel, foi um “Rei do Calipso” no país; Claudette Peters, considerada a “Diva da Soca”; Shermain Jeremy e seu reggae pop; ou até o falecido guitarrista Roland Prince, nas influências locais que infundiam seu jazz. De seu, os antiguanos tem a benna, um tipo de canção típica, ao estilo do calipso, surgida logo após o fim da escravidão na colônia. Na atualidade, a cantora de eletropop Au/Ra pode ser considerada a artista nacional mais famosa, pois, apesar de ser filha do renomado produtor alemão Torsten Stenzel e ter nascido na cidade espanhola de Ibiza, a jovem prestes a completar 19 anos, que já gravou com alguns nomes importantes da cena eletrônica e fez grande sucesso com o single Panic Room, foi criada desde os sete anos em Antígua e Barbuda.

 
Bandeira de Andorra

Andorra

> A partir de 3min56s


Tomando o rumo da Europa, paramos em Andorra, um principado localizado entre a Espanha e a França que muitos desconhecem ou mal sabem que sua liderança representativa é compartilhada por estes dois países: sendo uma diarquia, seus coprincípes são o arcebispo católico de Urgel, arquidiocese localizada na região espanhola da Catalunha e o presidente francês, mas são com os catalães que os andorranos mais se identificam e partilham a mesma língua. Em 1976, participam dos Jogos Olímpicos pela primeira vez, estando em todas as edições de verão e de inverno desde então, mas a nação, que hoje possui com 77 mil habitantes, não conta com nenhuma medalha em seu saldo geral. Usualmente, competem em esportes como o ciclismo, natação, tiro, judô e atletismo, modalidade em que se destaca Antoni Bernadó, atleta que se tornou o primeiro a completar a maratona em cinco Olimpíadas, de 1996 a 2012.


Dada sua reduzida dimensão, seja populacional ou territorial, o principado não tem uma indústria audiovisual desenvolvida, tornando o cinema andorrano escasso e de difícil acesso. Um dos primeiros filmes a circular por festivais é o curta No Pronunciarás el Nomere de Dios en Vano ou Don't Take the Name of God in Vain, realizado por Josep Guirao em 1999; Andorre, documentário no mesmo formato, feito por Virgil Vernier em 2013, já esteve no catálogo do Mubi, por exemplo; e os policiais 73’ e Nick, ambos de 2016, são exemplos de alguns longas realizados em coprodução com a Espanha ou outros países. Um destaque atual fica para Le Blizzard ou The Blizzard, curta de 2019, que pode ser visto no YouTube, em que o diretor Alvaro Rodriguez Areny usa um recurso narrativo fantástico para falar do horror da II Guerra Mundial ou de qualquer outra.


A banda de death metal progressivo andorrana Persefone

Andorra tem danças típicas como o contrapàs e o marratxa, mas guarda muitas similaridades culturais com a Catalunha, principalmente, e também de outras regiões vizinhas da Espanha e da França. Na música clássica, o violinista Gerard Claret é uma figura importante, especialmente por ter criado a Orquestra Nacional Clássica de Andorra. Na seara popular, a cantora Marta Roure se tornou um ícone no país, por ter marcado a estreia andorrana no concurso europeu de canções Eurovision ou Eurovisão, em 2004, mas, desde 2010, está ausente da competição musical, devido à falta de recursos da emissora pública RTVA (Ràdio i Televisió d'Andorra) que se retirou da União Europeia de Radiodifusão, a organização responsável pelo evento. Aliás, o líder da extinta banda de punk Anonymous, que representou a nação na disputa de 2007, agora é um DJ de rock eletrônico que assina pela alcunha de Nick Gain, mas é a banda de death metal progressivo Persefone que tem levado o nome do pequeno principado para os mais diversos locais do mundo nos últimos anos.

 
Bandeira do Iêmen

Iêmen

> A partir de 7min20s


A próxima escala é no Iêmen, país da Península Arábica que é fruto da unificação do Iêmen do Norte, antes ocupado pelo Império Otomano até o fim da I Guerra Mundial, e do Iêmen do Sul, que era um protetorado britânico até 1967, em um processo que ocorreu em 1990. Com um histórico de guerras civis mesmo quando eram duas repúblicas e que se repetiram depois pelo separatismo e outras questões político-religiosas, vide o conflito que dura desde 2015, o ambiente prejudica o florescimento do esporte no local. Por isso, não é surpreendente que os iemenitas não possuam nenhuma medalha olímpica, contando as sete participações da atual nação, desde 1992, e também as pregressas dos extintos estados – além disso, eles têm um desempenho bem tímido nos Jogos Pan-Arábicos.


O contexto também não favorece muito o crescimento da Sétima Arte neste cenário. Apesar de um dos registros cinematográficos inaugurais ser de 1978, com o curta Wa lakin alardh tadur ou It Still Rotates, coprodução em que o diretor sudanês Suliman Elnour registra o cotidiano de uma escola no Iêmen, o primeiro longa de repercussão internacional chega apenas em 2005, no romance A New Day in Old Sana’a, do realizador britânico de origem iemenita Bader Ben Hirsi, que foi exibido no Festival de Cannes. Mas foi o filme de Khadija Al-Salami, primeira mulher cineasta do país, que levou o cinema iemenita mais longe: depois da estreia mundial em 2014, Nojoom, 10 Anos, Divorciada (disponível na Amazon Prime Video, iTunes e Google Play) foi inscrito para representar sua nação na corrida para o Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira de 2016, algo inédito até então e somente repetido pela comédia 10 Days Before the Wedding, em 2018, e chegou também em mercados antes inimagináveis, como o Brasil, onde foi lançado. Recentemente, além do citado trabalho de Amr Gamal que tentou o prêmio da Academia, o curta In The Middle, feito por Mariam Al-Dhubhani em 2019, foi uma das poucas produções que superaram as dificuldades da guerra para torna-las objeto de suas narrativas.


O cantor iemenita Ammar Alazaki, no Arab Idol de 2016, do qual ele foi finalista

Sua música, porém, não conhece fronteiras. Isso começa com as tradicionais canções poéticas da cidade de Sanaa, chamadas de al-Ghina al-San'ani e reconhecidas como Patrimônio da Humanidade, e segue na modernidade com a popularidade de seus artistas locais, pan-arábicos ou judeus iemenitas de todo o Oriente Médio. Entre as estrelas genuinamente nacionais estão Abu Bakr Salem Belfkih, que era considerado o “Pai da Música Khaleeji”, gênero típico e muito popular na região do Golfo Pérsico, e, na atualidade, o finalista do Arab Idol (2011-) Ammar Alazaki e a cantora Emy Hetari, que levam essas influências para uma sonoridade pop. No segundo grupo, se encontram as estrelas do mundo árabe Arwa, de nacionalidade egípcia-iemenita, e a jovem Balqees, filha do famoso músico iemenita Ahmed Fathi, mas nascida nos Emirados Árabes Unidos. No último caso, temos a “Rainha da Música Israelense” Shoshana Damari nasceu no Iêmen, mas cresceu em Israel, movimento feito depois por várias famílias judias que foram transferidas na Operação Tapete Mágico, entre 1949 e 1950, das quais descendem diversos artistas israelenses, a exemplo das irmãs da banda A-WA, que fazem questão de relembrar a tradição musical iemenita e juntá-la ao mizhari, hip hop e outros ritmos.

 

Encerramento

> A partir de 11min20s


Acaba aqui o sétimo NERVOS em Série – Parada Cultural das Nações, cujos destaques vieram de Antígua e Barbuda, Andorra e Iêmen. Quer conferir os outros episódios desta série especial? Então, saiba que nosso podcast está disponível nas mais diversas plataformas: Orelo, Google Podcasts, SoundCloud, iTunes, Deezer e Spotify, no seu feed e para download. Lembrando que você pode acrescentar as dicas culturais que faltaram destes e de outros países, lá nos comentários nas redes sociais ou no site, em que se encontra também a transcrição completa do que falamos por aqui. Sugestões? É só mandar para o e-mail nervossite – tudo junto – nervossite@gmail.com, pois queremos atender bem para atender sempre.


E adiantando cenas do próximo capítulo, passaremos pela Grã-Bretanha e as Ilhas Virgens Britânicas. Fiquem ligados, hein! Por ora, obrigada pela audiência! Thanks! Gràcies! Shukran!



=> Veja a lista de filmes citados na série especial Parada das Nações no Letterboxd e no TV Time

=> Ouça a playlist dos artistas citados na série especial Parada das Nações na Deezer e Spotify

=> Leia o nosso Guia Cinéfilo Olímpico de Inverno, publicado em 2018



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