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  • Foto do escritorNayara Reynaud

Dia das Mães | Dedicada àquela que eles amam

Atualizado: 9 de mai. de 2021


Arte: HypnoArt por Pete Linforth (modificada por Nayara Reynaud)

Arte: HypnoArt por Pete Linforth (modificada por Nayara Reynaud)


Não importa a distância, elas sempre estão perto de suas crias, vigiando os seus passos, todos os dias do ano. Mas cada país escolhe uma data para lembrar os filhos desse amor constante e fazê-los retribuir tudo que receberam de suas progenitoras, embora nem sempre seja fácil saber o que dar de presente a elas – em tempos duros como estes, é até difícil ter um. Só que enquanto você oferece um Dolly com toda a emoção, estes artistas escreveram músicas para as suas mães.

De Agnaldo Timóteo a Metallica, Zezé Di Camargo & Luciano a Adele e Kanye West a Taylor Swift, a playlist materna especialmente preparada pelo NERVOS traz uma seleção variada não só em gêneros musicais, mas quanto à origem das composições. Tem opção de sobra para você homenagear a sua neste Dia das Mães.

Homenagem à professora da vida

Não daria para começar essa lista com aquela que, talvez, seja a mais clássica declaração de amor a elas dentro do cancioneiro popular brasileiro: Mamãe, cantada por Ângela Maria e Agnaldo Timóteo. Aliás, o cantor possui um vasto repertório dedicado à figura materna, especialmente com o álbum Obrigado, Mãe (1995) – que inclui a faixa homônima e mais Mamãe (La Mamma); Mãezinha Querida; Canção Pra Mamãe; Minha Mãe, Minha Heroína; Mamãe Estou Tão Feliz, Mãe; Um Pedaço Do Céu e por aí vai.

Daria para fazer uma playlist só com ele, mas é melhor seguir por outras canções, como Mom, em que a Meghan Trainor diz que não há nenhuma igual a ela e chega a colocar o áudio de um telefonema de Kelli Trainor na gravação, ou o samba recém-lançado Mãe, em que Xande de Pilares põe a Dona Maura para cantar junto com ele. E se a cantora pop afirma que sua genitora lhe ensinou a amar a si mesma e o brasileiro destaca o exemplo de mulher da sua, outras composições destacam este aspecto. Uma é I'll Always Love My Mama, do The Intruders, cuja inspiração estava na mãe do produtor Kenneth Gamble, que junto de Leon A. Huff ficou conhecido pela alcunha Gamble & Huff, responsável pelo trabalho pioneiro que diferenciou o soul da Filadélfia, o Phili soul, assim como Leci Brandão destaca que é resultado d’As Coisas Que Mamãe Me Ensinou.

Enquanto isso, Taylor Swift conta as dores de crescer e como só encontra o conforto com a mãe em The Best Day, faixa que gravou escondida dela para lhe fazer uma surpresa no lançamento de Fearless (2011) – disco que não está disponível no Spotify e Deezer, por causa daquela antiga briga da cantora com os serviços de streaming por direitos autorais.

Nem tudo são flores...

No entanto, o relacionamento entre mães e filhos nem sempre é tão reconfortante. Que o diga James Hetfield, vocalista do Metallica, em Mama Said, que narra a trajetória de um garoto tentando encontrar um rumo na vida, enquanto mantém uma relação difícil com a mãe, algo que ele sentiu em relação a sua, falecida por conta de um câncer quando ele tinha 16 anos. Escrita por todas as Spice Girls ao lado de Matt Rowe and Richard Stannard, Mama teve seu conceito desenvolvido primeiro por Mel B, pois a integrante do girlgroup estava em uma fase ruim com a sua progenitora superprotetora, mas ainda a via como sua melhor amiga.

Mãe solteira desdobrada em várias

O rapper 2Pac (o falecido Tupac Shakur) chegou a falar o quanto culpou Afeni Shakur pelas besteiras que fazia, mas usa Dear Mama para se redimir, mostrando a luta daquela mãe solteira para aguentar a sua rebeldia e idas para a polícia, além dos problemas com seus irmãos. Emicida narra uma situação semelhante em Mãe, em que a faxineira Dona Jacira – cuja voz surge declamando ao final – tem de lidar com um irmão dele preso, além dos instintos suicidas dele mesmo na infância.

A mãe dos irmãos Joel e Benji Madden, o vocalista e o guitarrista da banda Good Charlotte, também homenageiam aquela que solitariamente cuidou deles em Thank You Mom, enquanto Justin Bieber dedicou Turn To You não apenas a sua, mas a todas aquelas que criam sozinhas os seus filhos – embora o ídolo canadense sempre tenha mantido contato com o pai, era Patricia Mallette que se virava em dois empregos para mantê-lo. Mas nenhuma música deixou tão icônica a figura da mãe solteira quanto Mama África, em que Chico César transformou o que observou durante a sua mudança da Paraíba para São Paulo nos famosos versos que colocam essa imagem materna fazendo “mamadeira todo dia, além de trabalhar como empacotadeira nas Casas Bahia”. Além disso, Negra Li está lançando neste final de semana o single Homenagem às Mães como uma ode a essas mulheres da periferia.

Abusando do amor

Outras canções relatam o olhar das filhas em relação ao abuso que suas mães sofriam, como o físico e emocional descritos por Christina Aguilera em Oh Mother sobre os anos sob o jugo do pai da cantora, um equatoriano militar do Exército norte-americano extremamente controlador. Esse testemunho, que não é único da estrela pop, e sim de tantas mulheres por aí que permanecem caladas passando por isso, também aparece na obra de Dolly Parton, cuja mãe, mesmo sendo ignorada pelo marido e traída por ele, se manteve firme cuidando dos filhos para manter a família unida. Só que em To Daddy, que também foi gravada por outra grande diva do country, Emmylou Harris, diferentemente da vida real, a esposa da canção sai de casa quando as crianças crescem.

Hora de partir

No Dia em que Eu Saí de Casa, a mãe de Zezé Di Camargo & Luciano, D. Helena, deu conselhos a eles que foram transformados na letra da música que se popularizaria com o filme Dois Filhos de Francisco (2005). Esse sentimento de necessidade da partida e, ao mesmo tempo, de tristeza já foi cantado antes por Gal em Mamãe Coragem, na composição de Torquato Neto e melodia de Caetano Veloso, e viria posteriormente em Adeus Mamaezinha do Natiruts, em que o vocalista Alexandre Carlo escreve sobre essa saída do “sertão” – no caso da banda brasiliense, seria do Planalto Central – em busca do sonho de cantar reggae logo ao fim do primeiro álbum.

Já Carrie Underwood agradece à mãe com Mama’s Song, falando que está pronta para partir e que ela não precisa se preocupar, pois encontrou um bom homem para construir o futuro. Contudo, tanto tempo longe faz surgir a saudade, como exprime um Caetano Veloso angustiado no exílio, então há muito sem ver a famosa Dona Canô – falecida em 2012 – nos versos de Mãe.

Àquelas que partiram

No entanto, o problema é quando essa distância se torna definitiva. Se Louis Tomlinson, integrante do One Direction, escreveu Just Hold On para a sua mãe que lutava contra uma leucemia, se viu na difícil situação de divulgar sua parceria com o DJ Steve Aoki logo depois do falecimento dela no ano passado. O mexicano Juan Gabriel transformou o choque da notícia da morte da sua, em 1974, em Amor Eterno, canção que ele mesmo só iria gravar em 1990 e se tornaria um sucesso no país.

Logo no primeiro show após perder a sua, em 2007, Kanye West tentou cantar Hey Mama, faixa lançada dois anos antes no disco Late Registration (2005), em que recorda as lembranças de infância com Donda West, mas o choro foi mais forte na hora da apresentação. O companheiro rapper Nas também rimou a sua dor em Dance, desejando uma chance para ter uma última dança com sua mãe, que morreu meses antes do lançamento do álbum God’s Son (2002). A mesma solidão e confusão vem na conversa com a mãe que já partiu em Maman, da jovem cantora e atriz francesa Louane, órfã também de pai. E mesmo 10 anos depois da sua falecer, Paul McCartney diz que “Mother Mary” fala com ele em Let It Be, do The Beatles, que foi composta após um sonho que teve com ela – e não com Nossa Senhora como é possível interpretar pela letra.

Eternizando o nome

Outro Beatle que compôs uma música para a sua mãe foi John Lennon na singela e tocante Julia, nome dela que morreu atropelada quando ele tinha somente 17 anos. O pianista grego Yanni também eternizou a sua mãe na melodia de Felitsa, assim como Roberto Carlos fez com sua famosa Lady Laura –falecida há sete anos – tornando a alcunha delas conhecidas de todos.

Faixa Bônus – Mães cantando para seus rebentos

As canções compostas por mães para ou inspiradas pelos seus filhos renderia uma nova playlist, mas não custa colocar dois desses casos como faixas bônus para este dia especial. Minnie Riperton criou aquele que se tornaria o seu maior hit como uma canção de ninar para a sua filha; tanto que é possível ouvi-la cantando o nome de Maya Rudolph – uma menina que depois se tornaria a atriz e comediante conhecida por ter passado pelo elenco do Saturday Night Live – no final da gravação de Lovin’ You. Da mesma forma, dá para escutar o pequeno Angelo no início de Sweetest Devotion, faixa que encerra o premiado álbum 25 (2015) de Adele, como que coroando a artista que sempre cantou sobre suas desilusões amorosas com o sublime amor da maternidade.


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