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  • Foto do escritorNayara Reynaud

OLHAR 2020 | Dia 8

Confira os destaques deste oitavo e último dia de programação do 9ª edição do Olhar de Cinema:

 

Cena do documentário nacional A Flecha e a Farda (2020), de Miguel Antunes Ramos | Foto: Divulgação

Tema já abordado no curta-metragem Arara: Um Filme Sobre um Filme Sobrevivente (2017), de Lipe Canêdo, e no média Grin (2016), de Roney Freitas com a dupla Isael Maxakali e Sueli Maxakali de Yãmĩyhex: As Mulheres-Espírito (2019), longa indígena presente também na programação do Olhar 2020, a Guarda Regional Indígena (GRIN) é desdobrada agora no longa-metragem A Flecha e a Farda (2020). Dirigida por Miguel Antunes Ramos, de Banco Imobiliário (2016) e Filhos de Macunaíma (2018), a produção toma como ponto de partida as mesmas imagens encontradas em 2012 no Museu do Índio que pautam os outros títulos. Trata-se de um registro audiovisual excepcional dessa força especial formada homens de diferentes povos indígenas – Xerente, Krahô, Maxakali, Karajá e Gavião – e treinada por militares em plena Ditadura, no dia da formatura da única turma em Minas Gerais, no ano de 1970.


Se os rolos antigos filmados por Jesco Von Puttkamer constituem 22 minutos silenciosos desse evento, Ramos procura dar voz a eles ao entrevistar os antigos membros dessa guarda e apresentar tais filmes a eles e toda a(s) aldeia(s), assim como o próprio cineasta faz seus comentários sobre essas imagens, através da narração um tanto engessada de Julia Pedreira. Visitando os Xerentes e depois com os Krahôs, em Tocantins, o diretor extrai os relatos e as contradições do projeto no qual os indígenas foram convidados a proteger suas tribos e seus territórios, com a promessa da demarcação de suas terras, enquanto, na prática, esses agentes de segurança foram usados mais coibir e punir os seus próprios irmãos, a mando dos interesses dos proprietários de terra e governantes brancos.


Surgem, então, os comentários gerais sobre a Ditadura, com a figura, de fato, vilanesca do comandante Capitão Pinheiro; o único registro do pau-de-arara, método de tortura que os militares negam ter utilizado no período, mas amplamente descrito pelas vítimas; e o questionamento sobre qual memória uma nação se presta a preservar ou esconder. “(Os brancos) não esquecem, porque eles guardam as imagens”, diz um dos indígenas, que, por tradição, tem a sua história repassada por gerações através da oralidade. E o filme acaba suscitando neles, justamente, as marcas de um passado um tanto traumático, seja entre aqueles saudosos que não entendem o porquê do fim da GRIN e temem a falta de fiscalização atual com uma Funai enfraquecida ou os outros que guardam ressentimentos e culpas por terem ferido de diversas formas os seus familiares e a harmonia de suas aldeias.

 

Duração: 85 min | Classificação: 12 anos

Direção: Miguel Antunes Ramos

Roteiro: Ernesto de Carvalho, Miguel Antunes Ramos e Tainá Muhringer (veja + no site)

Produção: Brasil

> Sessão – 15/10/2020 (quinta), disponível das 6h às 5h59 do dia seguinte

No site do Olhar de Cinema



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