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Foto do escritorNayara Reynaud

THE VOICE BRASIL | Temporada de boas vozes prejudicadas pela edição

Atualizado: 16 de abr. de 2020


Mylena Jardim, a grande vencedora da quinta temporada do The Voice Brasil (2012-) | Foto: Artur Meninea/Gshow

Foto: Artur Meninea/Gshow

A quinta temporada do The Voice Brasil (2012-) se encerrou na última quinta (29) com a vitória de Mylena Jardim, do time de Michel Teló, sendo festejada pelo público. Uma das vozes mais potentes da competição, a menina de 17 anos, vinda de Belo Horizonte, era a mais promissora dos participantes, mesmo que se note algo ainda a se lapidar em seu trabalho.

A campeã foi resultado de um ano de boas vozes. Se não tão arrebatadoras como nas marcantes primeira e segunda temporadas, a última edição trouxe a mesma qualidade de cantores da terceira, e que deixou a desejar no ano anterior, com poucos se destacando. No entanto, essas vozes sofrem de um problema recorrente do programa e de outro que está piorando a cada ano.

O primeiro é a questão da equalização de som, cujas falhas são bem perceptíveis quando, por exemplo, o Tiago Leifert anuncia quem foi o mais votado: o telespectador escuta bem a fala do apresentador até que entra a trilha de suspense do BG – a famosa música de fundo – e parece que o volume abaixou de repente. Quem está em casa começa a se perguntar se o problema está na sua própria televisão ou se, por causa do calor e o barulho do ventilador, não está ouvindo direito. Só que um dia esta pessoa assiste, por acaso, o TVB na casa de alguém e percebe a mesma coisa. Lê os comentários no Twitter e vê outras pessoas reclamando também. E assim o reality que visa priorizar a voz acaba prejudicando-a no momento em que o volume da base, com o som dos instrumentos, se sobrepõe e atrapalha na audição das vozes dos cantores, especialmente aqueles que usam tons mais graves ou cantam de modo suave.

No entanto, os participantes sofrem igualmente com a edição cada vez mais corrida do programa. Há algumas temporadas já se nota isso, com os VT’s de apresentação dos candidatos diminuindo e, agora, sendo exclusivos para a fase das audições e o tempo curto dos números musicais. Por isso, não é de se espantar que tenham desperdiçado Mariana Rios em sua função de assistente nos bastidores. Isso fica claro em comparação com outro reality de competição musical da própria emissora, o Superstar (2014-2016) que foi cancelado para o próximo ano, pois lá Rafa Brites entrevistava os competidores e convidados durante a exibição da atração e não aparecia apenas no material extra que vai para a internet, como foi o caso da subaproveitada Mariana.

A falta de tempo para explorar o formato também prejudicou as mudanças propostas no meio da edição. Em um progresso no sentido de tirar a redoma de proteção de ego, a produção criou a Batalha dos Técnicos para que participantes de um time pudessem enfrentar competidores dos outros e permitir a mesma falta de equidade entre as equipes que alimenta a reta final de seu irmão mais famoso, o The Voice (2011-) dos Estados Unidos – lembrando que o formato é originário da Holanda. Só que a tentativa não deu certo por ene motivos.

Carisma dos técnicos, gêneros populares (sejam dos jurados ou dos participantes) e primeiras impressões pesaram nas decisões instantâneas tomadas pelo público geral, aquele que não participa de nenhum “fandom” dos envolvidos, durante as rápidas apresentações e escasso tempo para votar. Aliás, o sistema de votação que prejudica quem se apresenta por último é um capítulo à parte. O voto popular tem sempre as suas surpresas e quem acompanha o The Voice no Canal Sony também passa raiva com algumas escolhas da “America”. Mas se aqui isso é mais recorrente, deve-se também ao fato do telespectador brasileiro mal ter tempo de recordar a trajetória daquele candidato no reality, sem a ajuda de um clipe da edição.

Assim, Teló conseguiu salvar todos os oito integrantes do seu time naquele momento, enquanto boas vozes se despediram e Carlinhos Brown, Claudia Leitte e Lulu Santos ficaram com apenas três. Como o resultado saiu diferente do esperado, reformularam a fase seguinte, chamada de Remix, sem voto popular, para reequilibrar os times e cada um dos técnicos ter três semifinalistas.

No saldo final, os cantores brasileiros tiveram, no máximo e contando os duetos dos finalistas, oito chances de mostrar a sua voz para o público, contra 13 apresentações na edição norte-americana deste ano – isso excetuando as músicas das repescagens e números da final, após o fim da votação. Soma-se a isso o fato do formato The Voice carregar em si o problema de não conseguir que seus participantes emplaquem nas paradas de sucesso, talvez pela falta de apresentações com músicas autorais, algo que vem sendo corrigido aos poucos na versão USA.

Se lá fora, alguns nomes ganharam fama só por lá no country, a exemplo de Cassadee Pope, vencedores recentes como Sawyer Fredericks e Jordan Smith ainda não se firmaram e só agora Melanie Martinez alcança o sucesso internacional, a situação fica mais difícil para os ex-participantes daqui, com pouco espaço no programa e depois dele na própria casa. Quem atingiu o maior público até agora foi Lucy Alves, mais por sua ótima atuação na novela Velho Chico (2016). Mas quando o vencedor da temporada anterior, Renato Vianna, vem se apresentar com um cover dos Beatles em vez de cantar a música de trabalho de seu novo álbum, é sinal de que o The Voice Brasil também não quer ajudar.

 

The Voice Brasil (2012-)

5ª temporada: 5 de outubro a 29 de dezembro de 2016

Canal: Globo | Exibição: Quintas, depois da novela das 21h (aprox. 22h30)

Direção: Creso Eduardo Macedo (Direção de núcleo: Boninho)

Apresentação: Tiago Leifert (+ Mariana Rios nos bastidores) | Jurados: Carlinhos Brown, Claudia Leitte, Lulu Santos e Michel Teló


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