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  • Foto do escritorNayara Reynaud

OLHAR 2021 | Dia 7 – Retratos trágicos e metalinguísticos

Atualizado: 27 de out. de 2021

Neste sétimo dia de programação da 10ª edição do Olhar de Cinema, o destaque fica para as narrativas metalinguísticas utilizadas para contar histórias permeadas pela tragédia, em diferentes níveis. No documentário paulista O Bom Cinema (2021), contra o trágico apagamento da memória cultural de um país, é resgatada a trajetória do Cinema Marginal, enquanto o cinema se multiplica em cenário, forma, meio e objeto na particular reconstituição criminosa do iraniano Crime Culposo (Jenayat-e bi Deghat, 2020) e se torna veículo do retrato familiar de uma sociedade norte-americana ignorada pela mesma em Rumo ao Norte (North by Current, 2021). Conheça mais a seguir:

 

O Bom Cinema (2021)

“‘O mérito do cinema brasileiro é transformar a falta de condições em criação’, esta frase do Roberto Santos valeu mais do que uma faculdade”, afirma Carlos Reichenbach em determinado momento de O Bom Cinema (2021), documentário de Eugenio Puppo que relembra ou apresenta para novas gerações o furor inventivo do Cinema Marginal. O diretor não apela para o formalismo de entrevistas talking heads para explicar em miúdos o que foi o movimento e, ao contrário, usa os próprios filmes e as palavras ditas pelos cineastas que o fizeram, principalmente as do “Carlão” e Rogério Sganzerla, entre outros, pontualmente. Está longe de ser uma abordagem e narrativa provocativa como as das obras e realizadores retratados no longa-metragem, porém, é um caminho não-conflitante com o estilo observado e ainda o mais viável para alcançar espectadores que desconhecem este período da produção cinematográfica nacional – se não, ela como um todo.


As falas dos personagens sobre a imposição de um imaginário hollywoodiano a partir das camas separadas depõe o tom de reafirmação de uma identidade brasileira nos trabalhos desse pessoal, mas longe de um ideal que pairava nas obras nacionais daquele período. Reichenbach diz que o “Cinema Novo se tornou hermético e excludente” e que O Bandido da Luz Vermelha (1968), de Sganzerla, e As Libertinas (1968), realizado por ele junto de Antônio Lima e João Callegaro, quebraram isso, demonstrando que aquela “geração 68” que gerou o Cinema Marginal ou Cinema Pós-Novo não queria ser dona da verdade. Os cineastas relatam o boicote da própria classe aos seus trabalhos que eram realizados com pouquíssimos recursos, no entanto, eles tornavam isso em um trunfo para a transgressão, ecoando as vozes do Tropicalismo e do Teatro de Agressão em um dos momentos mais repressivos da Ditadura no Brasil. Nada mais oportuno que o documentário traga a memória de um momento tão importante para o cinema brasileiro, para que não seja esquecido na fria formalidade criativa ou nas cinzas da ignorância contemporâneas.

 

Duração: 81 min | Classificação: 16 anos

Direção: Eugenio Puppo (veja + no site)

Produção: Brasil


> Sessão – 13/10/2021 (quarta), disponível das 6h às 5h59 do dia seguinte

No site do Olhar de Cinema


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