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Foto do escritorNayara Reynaud

OLHAR 2020 | Dia 7

Atualizado: 7 de jan. de 2023

Confira os destaques deste sétimo dia de programação do 9ª edição do Olhar de Cinema:

 

Pajéu (2020)


Cena do filme cearense Pajeú (2020), de Pedro Diógenes | Foto: Divulgação

Tal qual o curso atual do riacho Pajeú, cujas margens foram o berço para o crescimento da cidade de Fortaleza que, por sua vez, hoje o soterra, Pajeú (2020) se bifurca nas múltiplas intenções do filme de abarcar o documentário, a ficção e o cinema de gênero em um traçado um tanto descontínuo. O novo longa de Pedro Diógenes, um dos principais nomes da cena cearense com Inferninho (2018), Estrada para Ythaca (2010) e outros trabalhos, toma como ponto de partida a personagem ficcional Maristela (Fátima Muniz), professora de uma escola de ensino fundamental localizada à beira de um córrego. Atormentada pela imagem de um monstro toda vez que olha para suas poluídas águas, ela é acometida por uma grande curiosidade em saber a sua origem e, ao descobrir que se trata de um riacho histórico, começa a remontar o seu trajeto atual e antigo, vagando pelas ruas e ouvindo os depoimentos reais de especialistas e moradores locais afetados quando a natureza se rebela contra a ação humana em forma de enchentes.


Esse hibridismo não é novidade o cinema nacional e, mesmo observando a produção cearense, é possível encontrar no recente Currais (2019) a mesma disposição de introduzir, através de um artifício ficcional, seu conteúdo documental. Se, no longa de David Aguiar e Sabina Colares, o interesse pessoal e familiar do protagonista vivido por Rômulo Braga sustentava eficientemente a busca dele e do filme pela história dos campos de concentração de flagelados da fome que abateu o Ceará em 1932, o mesmo não acontece aqui por causa da fragilidade do dispositivo desenvolvido. O espectador acompanha as tentativas do amigo Yuri (Yuri Yamamoto, que já trabalhou com o diretor em Inferninho) em convencer a professora a sair de casa, mas pouco se sabe o porquê desse isolamento e de seu medo de desaparecer que a motiva a caçar os rastros desse riacho em vias de total esquecimento.


Suas escassas razões e desenvolvimento enquanto personagem fazem de Maristela uma mensageira que gera pouca empatia, em termos narrativos, e engajamento do público, no que consiste o caráter denunciativo do filme, evocado insistentemente pela trilha sonora. Deste modo, tanto as cenas musicais no karaokê não atingem a potência que Diógenes já demonstrou ao lado de Guto Parente no longa anterior, quanto o tema em si demora a construir pontes entre o aspecto regional e uma problemática nacional.

 

Pajeú (2020)

Duração: 74 min | Classificação: 12 anos

Direção: Pedro Diógenes

Roteiro: Pedro Diógenes

Elenco: Fatima Muniz e Yuri Yamamoto (veja + no site)

Produção: Brasil

> Sessão – 14/10/2020 (quarta), disponível das 6h às 5h59 do dia seguinte

No site do Olhar de Cinema



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