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  • Foto do escritorNayara Reynaud

BLOW THE MAN DOWN | Maré vazante

Atualizado: 8 de abr. de 2021


Morgan Saylor e Sophie Lowe em cena do filme Blow the Man Down (2019), de Danielle Krudy e Bridget Savage Cole | Foto: Divulgação

Alguém desavisado que se depara com Blow the Man Down (2019) no meio do catálogo do Prime Video pode achar que se trata de um filme indie da década de 1990, perdido por ali. O neo noir de tons policial e cômico que se intercalam durante o drama que se desenrola também recorda o cinema dos irmãos Coen. Entretanto, apesar do estilo e idiossincrasias de outrora, permanece o DNA do final dos anos 2010 neste conto moral, sob o recorte de questões de gênero, conduzido por Danielle Krudy e Bridget Savage Cole.


A produção vencedora do prêmio de Melhor Roteiro entre as ficções norte-americanas no Festival de Tribeca de 2019, também exibida em Toronto no ano passado, marca a estreia de Krudy na direção e contabiliza o segundo longa de Cole como codiretora, depois de The Distance Between the Apple and the Tree (2009). A honraria não vem de grandes revoluções narrativas, mas provavelmente de como dilemas universais são desenvolvidos entre toda a regionalidade do cenário. Enquanto a trama policial é destrinchada aos poucos, emanam o espírito e os segredos de Easter Cove, sugestivo nome da pequena cidade costeira no Maine, na Costa Leste dos Estados Unidos.


A história começa no começa no funeral da mãe das irmãs Connolly, cujas diferenças de personalidade e desejos são logo apresentadas ao público. Priscilla, interpretada por Sophie Lowe, de Amor Sem Pecado (2013) e da série Era Uma Vez no País das Maravilhas (2013-14), é afeita à vida naquele lugar, morando na mesma casa materna e tocando a peixaria da família. Já Mary Beth, vivida por Morgan Saylor, de Noviciado (2017) e da série Homeland (2011-20), parou a faculdade para cuidar de sua progenitora doente e com dívidas, mas não vê a hora de ir embora de vez da cidade natal.


É justamente esta última que, ao tentar afogar as suas mágoas, conhece Gorski (Ebon Moss-Bachrach) no bar, mas o encontro se torna um pesadelo, que as irmãs querem esquecer. O fato é que o homem não é um estranho qualquer e isso leva a outras complicações quando um corpo surge no mar, iniciando uma investigação policial, e o passado vem à tona. Isso, através das bem diferentes amigas que sua mãe tinha: seja o trio vigilante vivido por June Squibb, Marceline Hugot e Annette O'Toole ou a dona da “pousada” local, Enid Nora Devlin, que Margo Martindale interpreta com mão de ferro no comando de suas “meninas”.


A narrativa não traz um ritmo muito engajador, mas seus desdobramentos e peculiaridades são interessantes o suficiente para o resultado final singelo e curioso de Blow the Man Down. E se o título escancara o aspecto feminista da obra, a dupla de cineastas não recorre a um discurso ostensivamente planfetário e compõe personagens que, mesmo pouco desenvolvidas, não são maniqueístas. O panorama desse microcosmo regional é o de uma sociedade onde, apesar do opressivo exterior machista, em sua essência traz uma tomada de poder matriarcal.

 

Blow the Man Down (Blow the Man Down, 2019)

Duração: 91 min | Classificação: 16 anos

Direção: Danielle Krudy e Bridget Savage Cole

Roteiro: Danielle Krudy e Bridget Savage Cole

Elenco: Morgan Saylor, Sophie Lowe, Margo Martindale, June Squibb, Annette O'Toole, Marceline Hugot e Ebon Moss-Bachrach (veja + no IMDb)



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