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  • Foto do escritorNayara Reynaud

AS PANTERAS | Sem a mesma trinca

Atualizado: 28 de fev. de 2021


Ella Balinska, Kristen Stewart e Naomi Scott em cena do filme As Panteras (2019), de Elizabeth Banks | Foto: Divulgação (Sony Pictures)

Um trio de espiãs cujas missões traziam uma boa dose de ação, de comédia e uma charmosa breguice foi a receita para o sucesso de As Panteras na televisão, na década de 1970, e no cinema, no início dos anos 2000. Se a tentativa de revival na telinha, em 2011, naufragou já em seu quarto episódio, a franquia agora tenta ser reativada nas telonas, pela primeira vez, com uma mulher na direção. Elizabeth Banks assina o novo filme As Panteras (2019), que tem Kristen Stewart, Naomi Scott e Ella Balinska encabeçando o elenco, mas as agentes por trás e na frente das câmeras parecem não dispor das melhores armas para cumprir o objetivo com o mesmo êxito de antes.

Desta vez, as “Angels” desta misteriosa figura chamada Charlie não formam um time desde o princípio. Graças à John Bosley (Patrick Stewart), a sua Agência Townsend atua, agora, em nível internacional, contando com vários “Bosleys” – a própria Banks interpreta uma deles – para intermediar a comunicação com suas numerosas funcionários em campo, seguindo os passos daquelas que o público acompanhou na série ou nos longas. A falastrona Sabina Wilson (Kristen Stewart) e a fria Jane Kano (Ella Balinska) são duas agentes solitárias que não se derem bem por suas personalidades opostas, em uma missão anterior, mas precisam juntar novamente suas forças em uma difícil tarefa, quando a jovem cientista Elena Houghlin (Naomi Scott) procura a ajuda das Panteras, porque uma nova fonte de energia sustentável que ajudou a conceber, chamada Calisto, apresenta falhas capazes de causar grandes danos à saúde humana, mas o problema é ignorado por seus superiores.

Tema constante de histórias de espionagem, a confiança e seu questionamento surgem no roteiro de Banks – estreando nesta função –, a partir da trama criada por Evan Spiliotopoulos, de A Bela e a Fera (2017) e O Caçador e a Rainha do Gelo (2016), e David Auburn, de A Casa do Lago (2006). Neste sentido, a cineasta traz propostas narrativas interessantes de reverter expectativas em relação ao gênero, nas quais os filmes anteriores caíram, reforçando um discurso de sororidade para o século XXI. A mensagem, no entanto, perde parte de sua eficiência nas potencialidades desperdiçadas pela produção.

Longe de serem perfeitos, As Panteras (2000) e As Panteras: Detonando (2003) pecavam um pouco pelo exagero e ainda utilizavam uma forte sexualização de suas protagonistas, apesar de todo o girl power dos anos 90 e 2000, embora seja necessário considerar todo o contexto da época. Contudo, ambas os longas esbanjavam estilo na direção de McG e, especialmente, sintonia cômica do trio Cameron Diaz, Drew Barrymore e Lucy Liu, além de uma trilha sonora composta por variados hits da época e o icônico tema cantado pelas Destiny’s Child, Independent Women Part I. Ao som de Ariana Grande ao lado de Miley Cyrus, Lana Del Rey e outras cantoras – a abertura conta com uma música da brasileira Anitta –, a ação agora tem um tom mais realista no embate corpo a corpo, mas a diretora da comédia A Escolha Perfeita 2 (2015) perde a chance de explorar todo o potencial visual e coreográfico de algumas sequências, seja em tensão ou comicidade.

É justamente neste segundo quesito que, surpreendentemente, o filme entrega um desempenho abaixo do esperado, seja pelo texto ou pelas atuações, que não são comprometedoras, somente ineficientes. Stewart não funciona sempre como o principal alívio cômico que lhe é exigido. Balinska entrega o necessário para o papel, mas encontra poucos respiros na seriedade que lhe é demandada. Scott é quem se sai melhor entre as três, mantendo o timing de uma personagem que serve de guia para uma nova geração que desconhece As Panteras, ao tentar entender e se integrar a este mundo novo. Talvez, o casting não tenha colocado as atrizes nas melhores funções para esta missão, mas algumas participações especiais nas cenas pós-créditos dão uma amostra de como diferentes escalações elevariam a comédia que sempre fez parte da franquia, que encontra possibilidades de crescer a partir desta história, mas que pode encontrar um novo hiato pela fraca resposta do público.

 

As Panteras (Charlie's Angels, 2019)

Duração: 118 min | Classificação: 14 anos

Direção: Elizabeth Banks

Roteiro: Elizabeth Banks, com argumento de Evan Spiliotopoulos e David Auburn

Elenco: Kristen Stewart, Naomi Scott, Ella Balinska, Elizabeth Banks, Patrick Stewart, Djimon Hounsou, Sam Claflin, Jonathan Tucker, Nat Faxon, Chris Pang, Luis Gerardo Méndez, Noah Centineo e David Schütter (veja + no IMDb)

Distribuição: Sony Pictures

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