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  • Foto do escritorNayara Reynaud

PYEWACKET – ENTIDADE MALIGNA | Conjurando sentimentos

Atualizado: 27 de fev. de 2021


Nicole Muñoz em cena do filme de terror canadense Pyewacket – Entidade Maligna (2017) | Foto: Divulgação (Cinecolor Films Brasil)

Faixa etária constante no gênero, a adolescência é novamente objeto de um filme de terror na produção canadense Pyewacket – Entidade Maligna (2017). O segundo longa como diretor do ator Adam McDonald traz, no entanto, uma interessante abordagem do tema ao catalisar toda a raiva característica da idade, especialmente aquela designada aos próprios pais, em uma história de elementos sobrenaturais. O cineasta que estreou na função com Sobrevivente (2014), típico horror com animais no qual a fera em questão era um urso, novamente se debruça nas relações humanas e encontra neste caminho uma trama familiar genuína, embora sua execução não esteja à altura de seu conceito.

A narrativa se dedica ao difícil relacionamento de uma jovem e sua mãe, que ainda estão digerindo o luto pela perda do pai e marido, respectivamente. A adolescente gótica Leah Reyes (Nicole Muñoz, da série Era Uma Vez / Once Upon a Time) procura, junto com seus amigos do colégio, um alento no ocultismo e se torna obcecada em literatura sobre o tema, especialmente em rituais de magia negra. Já a Sra. Reyes (Laurie Holden, do seriado The Walking Dead) está em um estado mais depressivo e encontra refúgio, primeiro, na bebida e depois em uma nova casa para superar as memórias do antigo lar.

Se todo o primeiro ato observa a rotina lacônica em que elas pouco falam de seus problemas, como a angústia da progenitora ao ver no rosto da filha a lembrança constante do falecido esposo, a mudança que irrita a garota implode o conflito existente entre as duas. Uma discussão impulsiona os desejos mais escusos de Leah que toma uma atitude impensada de invocar o tal espírito maligno de Pyewacket para matar sua mãe. Aflita pelo mal que pode causar a ela, Leah fica cada vez mais perturbada mentalmente por esta sombra que literalmente assombra sua família.

McDonald, aliás, constrói essa narrativa mais como um thriller psicológico do que o terror sobrenatural que se anuncia ao público, o que pode frustrar uns e agradar outros. O diretor e roteirista recai em elementos clichês do gênero, a exemplo da casa isolada e os rituais ocultistas, para sinalizar o flerte com o horror e não o pleno exercício dele. E, embora pudesse investir mais na ambientação alegórica desses medos familiares que estão no contexto e no subtexto, o fato dele evitar o recurso fácil dos jump scares é louvável por dar uma arejada nas expectativas que se tem de histórias do tipo.

Contudo, por mais rápida e incisiva que seja a steadycam que percorre os espaços refletindo mais uma juventude inquieta do que um espírito perigoso, nem tanto é McDonald em surpreender o público com o seu final, ao jogar muito limpo com as cartas que tem na mão. O filme deixa o espectador telegrafar o seu desfecho durante o desenrolar do clímax, mesmo sendo uma escolha inusitada para concluir uma trama do gênero. Se falta efetividade no clima criado, fica o efeito secundário de uma obra que usa o sobrenatural apenas como cortina de fumaça para tratar de dramas muito naturais a tantos na plateia.

 

Pyewacket – Entidade Maligna (Pyewacket, 2017)

Duração: 90 min | Classificação: 16 anos

Direção: Adam McDonald

Roteiro: Adam McDonald

Elenco: Nicole Muñoz, Laurie Holden, Chloe Rose, Eric Osborne, Romeo Carere, Bianca Melchior, James McGowan, Victoria Sanchez, Neil Whitely e Missy Peregrym (veja + no IMDb)

Distribuição: Cinecolor Films Brasil

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