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  • Foto do escritorNayara Reynaud

DETETIVES DO PRÉDIO AZUL 2 – O MISTÉRIO ITALIANO | Alçando voos maiores

Atualizado: 19 de fev. de 2021


Pedro Henriques Motta, Leticia Braga e Anderson Lima em cena de Detetives do Prédio Azul 2 – O Mistério Italiano (2018), filmada na Itália | Foto: Divulgação (Paris Filmes)

Os Detetives do Prédio Azul cresceram, não só na estatura de seus intérpretes, neste um ano e meio que separa o lançamento do primeiro longa baseado na série de sucesso do Gloob, D.P.A. – O Filme (2017), para a estreia nestas férias de verão de Detetives do Prédio Azul 2 – O Mistério Italiano (2018), mas também em escala. Tanto que o caso que o trio precisa resolver os leva de um concurso musical – com direito a ex-participantes do The Voice Kids (2016-) encarnando os coadjuvantes – em Niterói até a Expo-Bruxo, na região de Puglia, na Itália. Durante a coletiva de imprensa da sequência em São Paulo, na semana passada (11/12), o elenco contou como foi a experiência internacional e de embarcar na segunda aventura nos cinemas.

“Esse lance de levar os Detetives para a Itália é a jogada do filme, sair do cotidiano para fazer um mistério totalmente novo que a gente nunca, talvez, encontraria na TV e, como o Pedro diz, não fazer um episódio alongado”, afirmou Anderson Lima, que dá vida ao detetive Bento. Leticia Braga, que interpreta a detetive Sol, relembrou que “uma das grandes dificuldades de lá era que a produção era italiana, então eles falavam em italiano, a gente é do Brasil, então fala em português, e a comunicação era toda em inglês; tinha uns ‘enrolations’ ali”. Já Pedro Henriques Motta, que faz o detetive Pippo, destacou que “esta questão da família é muito importante, traz uma identificação muito grande de nós com o público”. O ator mirim ainda comentou sobre a relação de seu personagem com o avô, interpretado por Antônio Pedro, com quem gostou de trabalhar e ressaltou a participação do veterano em muitos produtos infantis.

Aliás, quanto a esta relação com artistas de renome, Nicole Orsini, que afirmou antes aos jornalistas que, desde quando pegou o papel na série, “nunca quis fazer a Berenice uma pessoa má”, falou da sensação e aprendizado de ver o trabalho de Diogo Vilela e Fabiana Karla já na preparação e leitura do roteiro para viverem os perigosos Máximo e Mínima. Para Letícia, porém, sua relação é diferente. “Na nossa profissão, pelo menos dentro de mim mesma, eu não vejo muito essa importância. Eu penso que é minha amiga Fabiana Karla, meu amigo Diogo Vilela, minha amiga Claudia Netto, meu amigo Pedro, Anderson, Nicole, Ronaldo... Minha diretora, minha amiga Vivi, a Paula... Todo mundo aqui, são muitos anos que a gente está trabalhando junto, pouco tempo com a Fabiana e com o Diogo, mas a gente já criou um laço muito legal. Para mim, o que importa é o sentimento e eu, realmente, não consigo ver tal importância que se vê em certas pessoas; eu vejo uma pessoa que está ali de braços abertos e eu também tô ali de braços abertos”, declarou a atriz, arrancando suspiros na coletiva quando disse que este era o seu olhar de criança.

Do outro lado, também foram só elogios, com Fabiana destacando o quanto eles eram disciplinados, antes de brincar que eles foram para Niterói e não para a Itália – os túneis subterrâneos da cidade fluminense serviram de locação para as cenas internas do castelo, já eles tinham apenas 6 dias de filmagem em solo italiano – e Diogo relembrando o quanto ficou preocupado com Pedro, um dia no set, até descobrir que ele estava apenas “concentrado para uma cena difícil”, no qual ele canta Aquarela. Vilela, por sinal, ressaltou essa identificação brasileira que a produção traz, renovando ícones para as crianças: “uma coisa carinhosa, infantil sem ser piegas”. Quanto às referências, Karla que disse recordar dessa aura de mistério que o Scooby-Doo trazia, afirmou que sua construção de personagem vem muito através da caracterização e, na primeira fase da Mínima, ela pode fazer algo que sempre quis, num estilo diretora Trunchbull de Matilda (1996), enquanto na segunda parte, por mais que a peruca lembre a Elvira: A Rainha das Trevas (1988), foi a icônica Cuca que a “inspirou internamente com o cadeirão”.

Outra adição ao elenco foi de Claudia Netto, que agora dá vida à síndica Leocádia, antes interpretada por Tamara Taxman na TV e no primeiro filme. A atriz declarou que a experiência de trabalhar com as crianças foi ótima para tirar a rigidez dela, vinda dos musicais, e apesar do desafio de assumir o papel tão importante na franquia, ela construiu uma personagem “mais perua e desastrada”. Na outra ponta, Ronaldo Reis, que encarna o porteiro Severino, o único que está desde o início da série, em 2012, declarou o seu prazer em ver os Detetives do Prédio Azul “crescendo, em uma seleção natural” que faz cada novo integrante trazer um elemento que faz o projeto amadurecer. Uma deles é a própria diretora Vivianne Jundi que explicou como “abaixou as câmeras” assim que entrou no seriado e, mesmo com o receio de ser o seu primeiro longa e detalhes específicos desta produção, a exemplo do horário controlado das crianças, o “filme foi a cereja do bolo”.

Entre os produtores, a diretora de programação do Gloob, Paula Taborda, compartilha essa emoção de ver uma marca como D.P.A. crescer tanto. Sandi Adamiu, da Paris Entretenimento – braço de produção da distribuidora –, destacou como Detetives do Prédio Azul 2 “já nasceu com uma data de estreia”, visando o melhor período para ocupar as férias de verão inteira. A expectativa dele é dobrar o público do anterior, que foi de 1,2 milhões de espectadores, mas independente dos resultados, o terceiro filme já está confirmado e a previsão é que mais estejam a caminho.

Os atores Diogo Vilela, Fabiana Karla, a diretora de programação Paula Taborda, a atriz Claudia Netto, os detetives Pedro Henriques Motta, Leticia Braga e Anderson Lima, a diretora Vivianne Jundi, os atores Nicole Orsini e Ronaldo Reis, e o produtor Sandi Adamiu na coletiva de imprensa de Detetives do Prédio Azul 2 – O Mistério Italiano (2018), em São Paulo | Foto: Nayara Reynaud

Os atores Diogo Vilela, Fabiana Karla, a diretora de programação Paula Taborda, a atriz Claudia Netto, os detetives Pedro Henriques Motta, Leticia Braga e Anderson Lima, a diretora Vivianne Jundi, os atores Nicole Orsini e Ronaldo Reis, e o produtor Sandi Adamiu na coletiva de imprensa de Detetives do Prédio Azul 2 – O Mistério Italiano, em São Paulo | Foto: Nayara Reynaud

O mistério do cinema brasileiro

Depois de muito tempo sendo um dos carros-chefes do cinema nacional, com o selo d’Os Trapalhões e da Xuxa, os filmes infantis foram, estranhamente, relegados dentro da produção do país na última década, acompanhando um movimento semelhante visto na TV aberta brasileira, onde apenas o SBT, TV Cultura e TV Brasil ainda dedicam uma programação para as crianças. Se veio da primeira emissora um dos poucos exemplares do gênero nestes anos, com a dobradinha de adaptação de sua novela em Carrossel: O Filme (2015) e Carrossel 2: O Sumiço de Maria Joaquina (2016), é do reduto onde se refugiou este público que chegou um dos quatro longas nacionais que conseguiu ultrapassar a marca de 1 milhão de espectadores em 2017. Diretamente da TV por assinatura, a primeira série original do canal Gloob, Detetives do Prédio Azul (2012-), ganhou sua versão para a telona em D.P.A. – O Filme e o sucesso deste originou sua sequência Detetives do Prédio Azul 2 – O Mistério Italiano.

Se a continuação das aventuras cinematográficas de Pippo (Pedro Henriques Motta), Bento (Anderson Lima) e Sol (Leticia Braga) tem tudo para conseguir o mesmo feito do anterior, é preocupante o fato de novamente termos tão poucos filmes atingindo a marca em 2018 – os únicos, até então, foram a cinebiografia Nada a Perder (2018), apesar de dúvidas sobre seus números inflacionados que a tornaram a maior bilheteria de uma produção brasileira, a comédia Os Farofeiros (2018) e o adolescente Tudo Por um Pop Star (2018). Mais do que isso, é sintomático, embora não seja a única razão para a queda de espectadores de títulos domésticos nestes tempos de crise, que a falta de formação de público desde a tenra infância para o cinema nacional faça tantos ainda repetirem velhas percepções sobre a sua qualidade, sem ao menos assistirem tantos exemplares que mostram, por exemplo, como este ano se atingiu uma variedade única de gêneros na cinematografia do país.

Esta evolução, aliás, é vista dentro da própria franquia, com Detetives do Prédio Azul 2 ganhando não somente um orçamento maior para filmar até na Itália, por conta do sucesso do anterior, mas também uma direção pensada mais para a mídia em questão e não à sua origem televisiva. Se o primeiro D.P.A., capitaneado pelo até então diretor da série, André Pellenz, ficava muito preso, particularmente no ato inicial, à estética de planos típicos de sitcoms infantis limitadas a poucos cenários em estúdio, o novo ganha dinâmica cinematográfica nas mãos de Vivianne Jundi. A diretora de A Terra Prometida (2016-17) e outras produções da Record assumiu o seriado a partir da nona temporada – já são 11, com a próxima confirmada – e, em seu primeiro longa, demonstra a mudança desde o modo como enquadra e movimenta a câmera ao localizar o mesmo Prédio Azul de antes.

O roteiro, que continua nas mãos de L.G. Bayão e Flávia Lins e Silva, a criadora da série, não encontra igual caminho. O mistério aqui só reside no subtítulo e para os personagens, enquanto ao público, cabe apenas acompanhar como o trio de detetives mirins irá solucionar o caso. Se a primeira aventura, depois de um início que mais parecia um episódio estendido, engrenava com uma trama em que Pippo, Bento e Sol precisavam descobrir, junto com o espectador, quem era responsável pelos roubos na festa da D. Leocádia (então interpretada por Tamara Taxman), a narrativa da segunda não traz tantas viradas e já revela logo de cara quem são os vilões, embora desenvolva mais durante o arco de Máximo (Diogo Vilela) e Mínima (Fabiana Karla) suas motivações.

Por outro lado, o texto amadurece junto com a plateia e se desprende das escatologias infantis que o anterior recorria. E mais uma vez, reforça-se a principal moral de Detetives do Prédio Azul, em que apesar das birras entre certos personagens, na realidade, eles se gostam e se preocupam uns com os outros, com os protagonistas defendendo a mesma Berenice (Nicole Orsini) que antes implicava e aprontava com eles – e revertendo, de maneira simples, mas muito importante, a inimizade entre as figuras femininas na aproximação dela com a Sol –, através de um elenco que realmente transparece tal união. Vale também ressaltar, que apesar desse mundo da magia em que a franquia adentrou cada vez mais, pode remeter à produções internacionais conhecidas, desde Harry Potter a Os Feiticeiros de Waverly Place (2007-12), mas tem um DNA bem brasileiro, da fantasia que um dia era levada às crianças pelo Sítio do Pica-Pau Amarelo, e que agora não se esquece dessas raízes trazendo em destaque a clássica canção Aquarela.

 

Detetives do Prédio Azul 2 – O Mistério Italiano (2018)

Duração: 93 min | Classificação: Livre

Direção: Vivianne Jundi

Roteiro: L.G. Bayão e Flávia Lins e Silva, baseado na série “Detetives do Prédio Azul” de Flávia Lins e Silva

Elenco: Pedro Henriques Motta, Anderson Lima, Leticia Braga, Diogo Vilela, Nicole Orsini, Fabiana Karla, Antonio Pedro, Claudia Netto, Charles Myara, Ronaldo Reis e Suely Franco (veja + no IMDb)

Distribuição: Downtown Filmes / Paris Filmes

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