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Foto do escritorNayara Reynaud

MOSTRA SP 2018 | Dia 6 – Crimes históricos

Atualizado: 16 de fev. de 2021


Mostra SP 2018 - Dia 6: Poderia Me Perdoar? | O Anjo | Pedro e Inês: O Amor Não Descansa | Fotos: Divulgação (Mostra Internacional de Cinema em São Paulo)

O sexto dia da 42ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo traz crimes que fizeram história, seja com a primeira sessão das cinebiografias de casos relativamente recentes, com Melissa McCarthy vivendo a escritora falsificadora Lee Israel em Poderia Me Perdoar? e a história de um jovem serial killer no filme argentino pré-indicado ao Oscar, O Anjo; além de um acontecimento da Idade Média que rende um ditado até hoje no romance dramático português Pedro e Inês: O Amor Não Descansa. Confira estes e outros destaques desta terça:

 

(Can You Ever Forgive Me?, 2018)

Melissa McCarthy em Poderia Me Perdoar? (2018) | Foto: Divulgação (Mostra Internacional de Cinema em São Paulo)

É, no mínimo, curioso que uma autora de biografias ganhe sua própria cinebiografia, como Poderia Me Perdoar? (2018) faz ao recontar a história real da escritora Lee Israel em seu ponto mais crítico: quando, estando na sua pior, encontrou a saída na falsificação de cartas assinadas por personalidades. Trazendo como destaque a interpretação de Melissa McCarthy na pele da autora, com a atriz de comédias em um drama, ou melhor, uma comédia dramática melancólica, o filme honra uma característica de sua personagem real ao priorizar o feminino desde sua equipe. A produção tem a direção de Marielle Heller, em seu segundo longa depois do début O Diário de uma Adolescente (2015), e o roteiro assinado por Nicole Holofcener, diretora de À Procura do Amor (2013) e Gente de Bem (2018), e pelo ator Jeff Whitty.

O público conhece Lee em 1991, quando, depois de relativo sucesso com suas biografias de importantes nomes femininos das artes, ela não consegue emplacar um novo livro e ainda perde o emprego. Sendo uma solitária que apenas gosta de seu gato, a narrativa logo a apresenta como uma pessoa antissocial que não se ajuda e, ao mesmo tempo, alguém que não se rende a jogar o jogo da falsidade para se tornar mais conhecida e assim receber maior atenção de sua agente (Jane Curtin) e dinheiro das editoras. É exatamente em outro tipo de falsidade, a ideológica, que ela enxerga sua salvação ao se deparar com uma carta assinada por Fanny Brice perdida entre os livros que pesquisava para a sua biografia da comediante.

Escrevendo como se fosse essas personalidades, quase como uma ghostwriter sem ser solicitada, o trabalho lhe dá orgulho e a chance de, mesmo escondendo a sua voz, ser lida pela primeira vez em muito tempo, fazendo com que ela evite questionamentos morais. O que Heller não poupa ao próprio mercado de relíquias que muitas vezes faz vista grossa a falsificações pelo mesmo motivo que Israel: dinheiro. Além de versar sobre essas preocupações artísticas, a obra encontra o seu fio condutor na amizade improvável de Lee com o junkie traficante Jack Hock (Richard E. Grant, também ótimo), um escritor inglês que também é homossexual e marginalizado como ela nesta cena literária nova-iorquina que baba por Tom Clancy, como o longa destaca, tornando a misantropia dos dois personagens e do texto uma forma de encontrar o que há de mais humano dentro do filme.

> Espaço Itaú Augusta 1 – 23/10/2018 às 21h30

> Cinearte Petrobras 1 – 26/10/2018 às 15h45

> Espaço Itaú Pompeia 1 – 30/10/2018 às 21h00

 

(El Ángel, 2018)

Lorenzo Ferro no filme argentino O Anjo (El Ángel, 2018) | Foto: Divulgação (Mostra Internacional de Cinema em São Paulo)

É com o jovem protagonista dançando ao som de um rock argentino El Extraño del Pelo Largo, num estilo parecido ao da nossa Jovem Guarda, mas em uma casa que ele invadiu, que Luis Ortega abre e encerra o seu novo longa, O Anjo (2018). Escolhido como o representante da Argentina na disputa por uma indicação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro – estatueta que já foi conquistada pelos vizinhos com O Segredo dos Seus Olhos (2009) –, a produção traz para as telas uma cinebiografia do mais jovem assassino em série da História da Argentina. O estreante no cinema Lorenzo Ferro é quem encarna o rapaz que foi apelidado pela mídia local, no início dos anos 1970, de "Anjo Negro" ou "Anjo da Morte", com sua aparência angelical de cachinhos loiros e ficha corrida demoníaca.

Tanto a música quanto o trabalho competente da direção de arte, figurino, cabelo e maquiagem promovem a ambientação da história um pouco ficcionalizada deste jovem de 17 anos, que tinha como hobbie invadir casas e roubar alguns pertences para dar de presente aos pais, namorada, amigos ou a si mesmo. Mas quando conhece e faz amizade de um jeito, no mínimo, inusitado com o colega de escola Ramón (Chino Darín), aprende a manejar uma arma com o pai dele e, juntos, começam a planejar roubos maiores e que acabam se tornando mais letais. Ortega faz questão de frisar a tensão sexual entre os parceiros de crime, frisando o interesse de Carlitos pelo cúmplice – que, na vida real era Jorge Ibáñez e também teve o mesmo destino duvidoso – a partir das dúvidas levantadas sobre a sua sexualidade na época.

Apesar das quase duas horas de filme, a duração dele não é sentida graças a sua narrativa envolvente embora convencional. Mas quando chega o desfecho, a sensação de que faltou algo é iminente. Assim como o seu protagonista que dança, a obra trata tudo como uma diversão de um jovem rebelde, sem que o público veja, de fato, a face mais demoníaca deste anjo, que tem em sua ficha criminal, por exemplo, o crime de estupro também.

> CineSesc – 23/10/2018 às 19h50

> Espaço Itaú Frei Caneca 2 – 24/10/2018 às 18h45

> Cinesala – 29/10/2018 às 20h00

> Espaço Itaú Augusta 1 – 30/10/2018 às 18h45

> Reserva Cultural – Sala 1 – 31/10/2018 às 14h00

 

(Pedro e Inês, 2018)

Diogo Amaral e Joana de Verona no filme português Pedro e Inês: O Amor Não Descansa (2018) | Foto: Divulgação (Mostra Internacional de Cinema em São Paulo)

“Agora, Inês é morta!”. O ditado geralmente aplicado sobre decisões e atitudes tomadas tardiamente ou acontecimentos irreversíveis tem origem na história de nossos colonizadores, remontando ao século XIV, quando o rei Pedro I de Portugal ainda era príncipe. O rapaz se apaixonou perdidamente pela tal Inês de Castro, dama de companhia de sua esposa Constança, e manteve um caso com ela, que teve quatro filhos do futuro monarca. Quando ele fica viúvo e temem sua proximidade com a moça, o destino dela é selado de maneira trágica e o amado se vinga de modo igualmente cruel de seus algozes quando toma o trono e morbidamente coroa a morta como rainha.

Uma das lendas mais importantes da realeza de Portugal, junto com o mito de D. Sebastião, a tragédia de amor dos dois já foi levada várias vezes às páginas e telas da literatura e cinema do país e ganha uma nova versão nas mãos de António Ferreira em Pedro e Inês: O Amor Não Descansa (2018). O diretor português reimagina esta história em três tempos, com o ator de novelas locais Diogo Amaral vivendo o Pedro I da era medieval, o arquiteto Pedro Bravo no presente e o Pedro Rey, filho acuado do líder de uma comunidade quase seita em um futuro distópico que mais parece uma representação de uma época passada. Essa trinca de subtramas ainda é amarrada por mais outra nessa narrativa intercalada, com um Pedro contemporâneo sofrendo em um hospital psiquiátrico pela perda da amada Inês, que é interpretada pela atriz luso-brasileira Joana de Verona, de Praça Paris (2017) e As Mil e Uma Noites: Volume 2, O Desolado (2015), em todos os períodos.

Amaral declara belos versos em off nesse ambiente do hospício, belamente fotografado por Paulo Castilho, seja como linha utilizada para costurar a narrativa ou para bordar detalhes que o cineasta deseja colocar em relevo, mas o recurso já traz em si o contraste na repetição das mesmas imagens na montagem, como se estivesse faltando material para preencher estas sequências reflexivas. Tendo o melodrama como chave, Ferreira tropeça ao abusar da representação novelesca – que em si não teria problema, se não empregasse modelos de telenovela já ultrapassados aqui –, particularmente dos antagonistas do casal. Por fim, o filme que em sua proposta multitemporal ousada pretende falar da inevitabilidade do amor e de seu destino trágico em uma sociedade que se repete em sua repressão, acaba perdendo o fôlego daquilo que lhe é essencial e não aproxima o público desses amantes.

> Espaço Itaú Frei Caneca 2 – 23/10/2018 às 17h30

> Cine Caixa Belas Artes – Sala 1 Villa Lobos – 27/10/2018 às 19h50

> Espaço Itaú Frei Caneca 4 – 31/10/2018 às 19h40

 

(Waldheims Walzer, 2018)

O documentário austríaco A Valsa de Weldheim (2018) é um dos vários títulos desta 42ª Mostra que mostram como a História é cíclica e, mesmo assim, o quanto não aprendemos com ela. A cineasta Ruth Beckermann apresenta isso ao resgatar a figura emblemática da Áustria, Kurt Weldheim. De Ministro das Relações Exteriores se tornou secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em dois mandatos de 1972 a 1981, e depois se candidatou à Presidência do país em 1986, justamente quando o seu passado na SS nazista ressurge, como figura atuante no despacho de partisans iugoslavos, movimento de resistência à ocupação do Eixo, especialmente alemães e italianos, na região da antiga Iugoslávia.

A diretora judia traça essa linha do tempo da biografia autorizada e da não-autorizada do estadista a partir de material de arquivo das décadas de 1970 e 1980, além de registros feitos por ela enquanto fazia parte do grupo que se manifestava contra a candidatura de Weldheim. E não é spoiler e sim História, dizer que ainda com a forte campanha internacional, ele foi eleito mesmo assim.

O filme disserta sobre a negação da culpa, seja a do próprio Weldheim que é mais responsabilizado por ter omitido seu trabalho no sistema de expansão do 3º Reich e não fazer nem ao menos um mea culpa sobre o nazismo do que por qualquer morte, ou de uma nação que sempre assumiu o papel de vítima da ocupação alemã e nunca fez uma desculpa formal por sua participação nos planos de Hitler, que afinal de contas, era austríaco. Por isso, é até louvável que a Áustria tenha escolhido a produção para representar o país em uma provável indicação no Oscar. Por mais que o documentário seja formal em sua estrutura e estética, se faz urgente pelo seu tema, com um crescimento da extrema direita não só na Europa, mas também na América, como bem sabemos.

> Cinearte Petrobras 2 – 23/10/2018 às 16h00

> Cinesala – 28/10/2018 às 19h40

 

(The Miseducation of Cameron Post, 2018)

O vencedor do Grande Prêmio do Júri em ficção no Festival de Sundance deste ano é aquele exemplo de quando o contexto acaba ganhando mais pontos do que a ousadia e vigor estéticos e/ou narrativos na hora de escolher um título para premiar. Em si, O Mau Exemplo de Cameron Post (2018) é aquele filme correto em seus aspectos técnicos e com um bom elenco, que acaba chamando a atenção por tratar da polêmica “cura gay”. Baseado no livro homônimo de Emily M. Danforth, o segundo longa de Desiree Akhavan, responsável por Appropriate Behavior (2014) e séries que falam sobre sexualidade, tem como figura central de interesse uma instituição religiosa cristã que se apresenta quase como uma rehab para homossexuais, já que tratam orientação sexual como uma doença – aliás, nem citam direito o termo, tratando os “pacientes” como indivíduos com APMS, sigla para “atração por pessoas do mesmo sexo”.

A história ambientada em 1993 começa com a apresentação da adolescente Cameron Post (Chloë Grace Moretz) e seu relacionamento com a melhor amiga (Quinn Shephard), até que no dia do baile, o namorado (Dalton Harrod) pega as duas se beijando no carro e inicia o drama da protagonista, que é mandada pelos tios e responsáveis para este centro terapêutico controverso. Akhavan injeta um espírito juvenil em alguns momentos e certo humor em sequências como a da descrição do tal iceberg demonstrando como os colegas de tratamento foram parar lá ou nas falas totalmente errôneas e preconceituosas, para dar uma leveza para o que há de vir. Se, por exemplo, o sucesso one hit wonder daquele momento do 4 Non Blondes vem para aliviar o espectador ao mesmo tempo em que as letras de What’s Up? se encaixam perfeitamente àquela situação, a ótima cena é interrompida pela lembrança da coerção que deixará marcas irreparáveis para aqueles jovens.

Chloë está meio blasé até quase metade do longa, fazendo de sua Cameron uma adolescente desinteressada com o que está ao seu redor, mas aos poucos a crise começa a abater sua personagem e a atuação da atriz junto da empatia pela protagonista começam a crescer. No entanto, ela não sustenta o filme sozinha, sendo Sasha Lane e Forrest Goodluck ótimos como os amigos reticentes e rebeldes dentro do possível, Jane e Adam; Emily Skeggs – que parece uma irmã caçula da Carey Mulligan – dando ótimas nuances de conflito à colega de quarto Erin; assim como Owen Campbell faz com Mark em duas cenas-chave. Essa confusão interna também surge de maneira discreta na boa interpretação de John Gallagher Jr., como o Reverendo Rick, o primeiro “convertido” pela sua irmã terapeuta (Jennifer Ehle) e que contradiz no olhar o que fala para os internos.

> Espaço Itaú Augusta 1 – 23/10/2018 às 14h00

> Espaço Itaú Frei Caneca 1 – 25/10/2018 às 17h30

 

(Ava, 2017)

A tensão crescente marca a narrativa de Ava (2017), primeiro longa de Sadaf Foroughi. A jovem cineasta iraniana ultrapassa os limites de um coming of age convencional justamente ao retratar um ambiente que restringe este crescimento da adolescente em questão. Sintetizando a repressão feminina no país do Oriente Médio, esta coprodução entre Irã, Canadá – onde a diretora está baseada, atualmente – e Catar venceu o Prêmio FIPRESCI, dado pela crítica internacional no Festival de Toronto do ano passado, quando também levou a menção honrosa de Melhor Primeiro Filme Canadense.

A personagem-título, vivida intensamente pela estreante Mahour Jabbari, é uma garota iraniana de 17 anos, filha de um pai atencioso (Vahid Aghapoor), mas muito ausente por conta de suas viagens de trabalho, e de uma mãe super controladora (Bahar Noohian). O início de sua derrocada moral e emocional começa quando ela diz que vai estudar na casa de Melody (Shayesteh Sajjadi), mas sai de lá para se encontrar com um colega da aula de música, Nima (Houman Hoursan), em quem está interessada por ene motivos. Nada acontece de fato no encontro no parque – eles nem se dão as mãos –, a não ser um atraso que faz sua mãe descobrir que ela não está no lar da melhor amiga e dar origem a uma grande discussão.

Chegando ao cúmulo de levar Ava no ginecologista para verificar se ela ainda é virgem, sua mãe ainda levanta acusações à Melody e sua progenitora, porque os pais da menina estão separados, que acabam complicando a vida da melhor amiga da garota em um primeiro momento, até que a fofoca na escola exclusivamente feminina respinga gravemente em sua própria filha, com as coisas saindo do controle em um lugar onde o conservadorismo e o machismo imperam. O pai muito benevolente, por exemplo, não pensa duas vezes antes de colocar a culpa na esposa, não pelos motivos certos de sua leviandade, pelo que está acontecendo com sua rebenta. Os dois representam tantos pais que tiveram a mesma “rebeldia” ou até maior, quando adolescentes, e agora reprimem seus filhos, o que ainda revolta mais a protagonista.

O crescente de tensão que recaí sobre Ava, que em um pico de stress toma uma atitude impensada na interessante cena da tesoura, incide no público que fica preso à narrativa. Mesmo pesando a mão nos agentes que estão contra sua protagonista, o roteiro escrito pela própria Foroughi, não deixa de dar complexidade à adolescente, que também é teimosa e orgulhosa em momentos que só a prejudicam ainda mais. Contudo, é na direção que a cineasta iraniana chama mais atenção em seu début, com o uso constante de espelhos e da personagem entrando em foco em sua mise-en-scène, como se essa imagem refletida e/ou desfocada simbolizasse essa imagem que erroneamente criam da garota no decorrer da história.

> Espaço Itaú Frei Caneca 1 – 23/10/2018 às 15h30

> Espaço Itaú Augusta 1 – 24/10/2018 às 20h40

> Cinesala – 30/10/2018 às 18h20

 

(Tajnata Sostojka, 2017)

A precariedade da vida dos personagens do primeiro longa de ficção do jovem diretor Gjorce Stavreski reflete a de um país em O Ingrediente Secreto (2017), filme pré-indicado pela Macedônia para disputar uma vaga no Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Sem dinheiro para o tratamento do pai (Anastas Tanovski), que está com um grave câncer de pulmão, a jornada do jovem mecânico Vele (Blagoj Veselinov) revela um sistema de saúde deficiente, com medicamento caros, cujos preços sobem a bel prazer, e que não garante direitos básicos, levando tantos, particularmente os esquecidos aposentados e pensionistas, a procurar refúgio em curandeiros, por exemplo. É o retrato de uma nação em eterna transição, como diz o jovem a uma amiga, tal qual a vizinhança, pertencente à ex-Iugoslávia ou não, que saiu da Cortina de Ferro do mundo comunista que havia se instalado no Leste Europeu, mas não consegue se adaptar à logica capitalista e globalizada do resto do continente.

A saída fácil, ou não tanto assim, que Vele encontra é quando, em seu próprio trabalho em uma espécie de estaleiro e manutenção de trens sucateados, encontra um pacote de maconha escondido por traficantes. Falhando na tentativa de vender a droga, o rapaz, então, faz uma receita de bolo com maconha para usar as propriedades terapêuticas da erva e aliviar as dores do pai doente.

A situação, é claro, gera inúmeras confusões com os verdadeiros donos do pacote de cannabis na narrativa que se estabelece como uma comédia de erros discreta em sua fusão com o drama. Apresentando o naturalismo e o humor negro peculiares do cinema balcânico em lidar com suas misérias, cujo primeiro e maior expoente contemporâneo se encontra na Nouvelle Vague Romena, o filme recaí em soluções fáceis de dramédias hollywoodianas em seu desfecho. Contudo, a alma da obra reside na difícil relação entre pai e filho, com suas questões mal resolvidas no passado.

> Cinesala – 23/10/2018 às 17h40

> Espaço Itaú Frei Caneca 2 – 29/10/2018 às 19h50

 

(Odysseya Petra, 2018)

Estreia na direção de longas da dupla Anna Kolchina e Alexey Kuzmin-Tarasov, A Odisseia de Peter (2018) é aquele tipo de filme que explora o imaginário infanto-juvenil, mas que tem uma visão adulta sobre a imaginação dos jovens. O Petya (Dmitriy Gabrielyan) em questão, que é o Peter do título traduzido, é um menino russo de 12 anos vai morar com os pais na Alemanha e tem dificuldades de se integrar à nova realidade, sofrendo também com o bullying dos novos colegas, se refugiando nas recordações muito saudosas da avó com quem mais convivia em um cenário interiorano nos arredores de Moscou. Assim, as sequências na Rússia fluem com a steady cam e uma aura de sonho e lembrança no branco esfumaçado da fotografia, enquanto a ambientação na Alemanha traz uma câmera na mão nervosa, inquieta como o menino naquele novo lugar em que ele não se adapta.

A referência à Odisseia de Homero narrando a volta para casa de Ulisses é direta nesta odisseia russa, mas o filme se ressente justamente por esse trecho mais aguardado e promissor vir apenas no terceiro ato, quando a narrativa já tinha perdido sua potência. Por fim, a trilha sonora traz coisas interessantes como uma espécie de Beck ou Moby russo.

> Cinearte Petrobras 2 – 23/10/2018 às 19h30

> Espaço Itaú Frei Caneca 4 – 30/10/2018 às 20h30

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