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  • Foto do escritorNayara Reynaud

MEU EX É UM ESPIÃO | Missão: esquecer o ex

Atualizado: 10 de jan. de 2022


Kate McKinnon e Mila Kunis em cena do filme Meu Ex É um Espião (2018) | Foto: Divulgação (Paris Filmes)

Com um título nacional que parece nome de hit “feminejo”, como ficou conhecida a música sertaneja que hoje lidera as paradas de sucesso mais com suas cantoras do que com suas famosas duplas de irmãos ou amigos, o filme Meu Ex É um Espião (2018) carrega a mesma força feminina, porém, padece dos mesmos erros de algumas canções do gênero que se fiam demais nessa figura masculina do passado – às vezes, projetando-a em um homem futuro.

A comédia de ação de Susanna Fogel parte da premissa que o ex-namorado de Audrey (Justin Theroux, de A Garota no Trem, de 2016, e da série The Leftovers) é o tal espião que, como indica o título original The Spy Who Dumped Me, a dispensou através de uma mensagem no celular e coloca a protagonista interpretada por Mila Kunis e a sua melhor amiga Morgan, vivida por Kate McKinnon, dentro de uma trama de espionagem internacional. No roteiro assinado por ela e David Iserson, roteirista de United States of Tara (2009-11) e de alguns episódios do Saturday Night Live (1975-), entre 2003 e 2004, o agente secreto volta para dar um último suspiro e orientação para a ex, pedindo que ela leve um troféu para um café em Viena, na Áustria. O objeto que caçoa do artifício do MacGuffin – qualquer dispositivo que move a busca do protagonista e/ou dos antagonistas sem muita explicação ou importância narrativa a não ser mover a trama – na realidade é um pen drive pelo qual a dupla de amigas viajará pela Europa, indo também a Paris e Berlim, e sendo perseguida por várias pessoas e não sabendo em quem confiar, entre os agentes da CIA e do MI6 Duffer (o comediante Hasan Minhaj) e Sebastian (Sam Heughan, galã do seriado Outlander) ou a ginasta assassina Nadedja (Ivanna Sakhno, do recente Círculo de Fogo: A Revolta), por exemplo.

O humor se entranha na estrutura de uma típica trama de espionagem, mas é curioso como Fogel imprime uma ação que nem sempre busca o riso através de mecanismos da comédia física e, ao contrário, apresenta uma violência gráfica muito maior do que o esperado em uma produção destas – e, no nosso senso comum preconceituoso, ainda mais uma estrelada por mulheres. Já na abertura do longa, com Drew em meio a uma perseguição na Lituânia intercalando o aniversário de Audrey nos Estados Unidos, a diretora executa um plano-sequência com direito a salto da janela para sinalizar o espectador que este se trata de um filme que pretende explorar mesmo ambas as esferas de seu subgênero. É verdade que nem sempre consegue equilibrar a comédia e a ação, com algumas piadas do roteiro não sendo tão efetivas como a alusão a um personagem real da espionagem tecnológica dos tempos atuais, ou momentos letais sendo anulados ou anulando o efeito cômico, mas a dinâmica é, no mínimo, interessante quando colocada em prática por suas atrizes.

A amizade feminina que foi o foco do primeiro longa de Fogel, Parceiras Eternas (2014), se não é o que movimenta a história, é o que a mantém viva em seu novo trabalho. Jogando com a mesma eficiência segura com que cativa o público em comédias românticas e afins como Amizade Colorida (2011) e nos dois Perfeita é a Mãe! (2016 e 2017), Kunis faz uma ótima parceria com McKinnon, que, mais uma vez, rouba a cena em Meu Ex É um Espião. Um dos destaques do elenco do Saturday Night Live e que foi uma revelação para uma parte do público de Caça-Fantasmas (2016), a atriz e comediante não apenas imprime o seu estilo peculiar, como tem em mãos uma personagem mais confusamente complexa que a protagonista: mesmo com a atitude descolada, Morgan se sente deslocada em alguns momentos, mostrando suas fragilidades quando sua expansividade é mal vista ou considerada folgada, mas também não se furta de fazer discursos de empoderamento feminino e contar aos seus pais cada passo que dá em suas aventuras.

Essa força feminina, com a qual o filme brinca nos diálogos e estampa nessas personagens e na sua relação, acaba se esvaindo quando Audrey, que finalmente encontra algo para se autorrealizar a partir do seu próprio talento recém-descoberto, precisa ser acompanhada de um novo interesse romântico para chancelar a sua “virada”. Faltou a Meu Ex É um Espião mais coragem para manter-se fiel, até o final, na amizade como a sua principal arma secreta para esquecer o ex de vez.

 

Meu Ex É um Espião (The Spy Who Dumped Me, 2018)

Duração: 117 min | Classificação: 16 anos

Direção: Susanna Fogel

Roteiro: Susanna Fogel e David Iserson

Elenco: Mila Kunis, Kate McKinnon, Justin Theroux, Sam Heughan, Hasan Minhaj, Ivanna Sakhno, Gillian Anderson, Jane Curtin, Paul Reiser e Ólafur Darri Ólafsson (veja + no IMDb)

Distribuição: Paris Filmes

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