Timothée Chalamet | Chamando pelo seu nome
Atualizado: 1 de ago. de 2020
Apesar da origem e pronúncia francesa, o público já começa a se acostuma a chamar Timothée Chalamet pelo seu nome. Aos 22 anos, o filho da corretora imobiliária e dançarina Nicole Flender e de um editor francês da UNICEF, Marc Chalamet, colhe os frutos do reconhecimento por uma temporada em que se firmou como um talento a ser visto. Destacando-se como o jovem protagonista do badalado Me Chame Pelo Seu Nome (2017), adaptação de Luca Guadagnino para o romance homossexual escrito por André Acirman, e também na pele do “crush” da personagem de Saoirse Ronan em Lady Bird – A Hora de Voar (2017), o ator pode ser uma revelação para muitos, mas seu rosto provavelmente não é desconhecido para a maioria.
O nova-iorquino nascido e criado em Manhattan começou a atuar em 2008, com os curtas-metragens de terror Sweet Tooth / Butcher’s Hill e Clown, aparecendo na televisão no ano seguinte. Primeiro, no episódio "Pledge", o décimo da 19ª temporada de Lei & Ordem / Law & Order (1990-2010), em que era um filho de pesquisadores universitários que foi assassinado entro da própria casa. Depois, encarnou o protagonista Jake quando jovem no telefilme Loving Leah (2009), sobre um médico que se vê obrigado a casar com a viúva de seu irmão rabino para cumprir as rígidas tradições de sua comunidade judia – o próprio têm ascendência russa-judia por parte de mãe.
Neste início, também passou pelo teatro profissional com a peça The Talls (2011), de Anna Kerrigan, onde voltaria cinco anos depois com a obra autobiográfica do consagrado dramaturgo John Patrick Shanley, Prodigal Son (2016). Foi em 2012, contudo, que o então adolescente ganhou participações maiores na TV, a exemplo dos quatro episódios como sobrinho de Jill (Jill Flint) entre a terceira e a quarta temporadas de Royal Pains (2009-16). Além dele, sua irmã Pauline Chalamet também fez uma ponta na série sobre o atendimento médico às ricas famílias dos Hamptons, demonstrando a vocação familiar para a vida artística: neto do escritor e roteirista Harold Flender, de Paris Vive à Noite (1961), Timothée ainda é sobrinho do diretor e produtor Rodman Flender, a frente de alguns episódios de Pânico: A Série de TV (2015-), por exemplo, e da roteirista e produtora Amy Lippman, de Masters of Sex (2013-16).
No segundo semestre daquele ano, viveu por toda uma temporada, mais exatamente a segunda, o filho do vice-presidente em Homeland (2011-). Na trama, o seu Finn Walden começava a namorar a colega de classe Dana Brody (Morgan Saylor), filha do então protagonista sequestrado por terroristas que volta aos Estados Unidos, mas imprudentemente mata uma mulher em um acidente de carro, algo que é abafado pelos pais para evitar escândalo. Teria um personagem fixo e de destaque em Trooper (2013), em que seria filho de Mira Sorvino, uma mãe que se torna policial, mas o piloto de Craig Gillespie não foi aprovado pela CBS.
No entanto, o garoto que se formou na Fiorello H. LaGuardia High School of Music & Art and Performing Arts, escola de ensino médio conhecida pela excelência na área e por ser o cenário do musical Fama (1980), começaria a alçar voos no cinema dali em diante. Além de Lourdes Leon, filha da Madonna com quem namorou durante um período, Chalamet teve Ansel Elgort como colega de classe e concorrente para os papéis nas peças escolares, mas contracenou com o amigo em Homens, Mulheres e Filhos (2014), em que vive um de seus ex-companheiros do time de futebol americano no filme de Jaison Reitman. No curta Spinners (2014), por outro lado, era ele o alvo de bullying que resolvia fazer algo estúpido. O ator ainda apareceu como um dos protagonistas jovens da comédia independente Worst Friends (2014) e o filho adolescente de Matthew McConaughey na superprodução Interestelar (2014), ficção científica de Christopher Nolan.
O rapaz que chegou a cursar um ano na Universidade Columbia enveredaria por um caminho mais indie no ano seguinte, com exceção de seu papel em O Natal dos Coopers (2015), comédia familiar natalina na qual tem Diane Keaton e John Goodman como seus avós. Em Traumas de Infância (2015), encarna o escritor vivido por James Franco em sua turbulenta adolescência, enquanto vive uma realidade também difícil com Kiernan Shipka em One and Two (2015), na qual protagonizam a história de dois irmãos com poderes sobrenaturais que os usam para escapar de casa e de seu rígido pai.
O trabalho no comédia dramática Miss Stevens (2016), porém, indicaria uma mudança na sua carreira. Na pele do talentoso e problemático estudante Billy, que se encanta pela professora vivida por Lily Rabe, durante a viagem para uma competição teatral que move o longa de estreia de Julia Hart, ele já começava a ser apontado como alguém a ser observado, como é possível ver no monólogo apresentado por seu personagem.
E se, por pouco, Timothée não foi o novo Homem-Aranha, 2017 estava reservando um caminho bem diferente e não menos glorioso para ele. Colocando em prática o seu francês e aprendendo italiano para o papel, além de realmente tocar piano e violão como o personagem, encarnou Elio em Me Chame Pelo Seu Nome, filme que virou uma sensação após estrear no Festival de Sundance, no início do ano, e que manteve a atenção geral ao passar pelo de Berlim, Toronto, do Rio e no Mix em São Paulo. Por sua atuação como um jovem que está descobrindo sua sexualidade e se apaixona pelo hóspede vivido por Armie Hammer – e grandes momentos como na cena final –, Chalamet tem sido indicado e agraciado em várias premiações da temporada, a exemplo do Globo de Ouro 2018, em que ganhou uma indicação assim como o amigo Elgort por Em Ritmo de Fuga (2017), e do Oscar 2018, ou o título de mais jovem vencedor do prêmio de Melhor Ator da associação nova-iorquina de críticos, New York Film Critics Circle (NYFCC).
O artista ainda apareceu em mais filmes e festivais neste ínterim, como no último South by Southwest (SXSW) com Hot Summer Nights (2017), no qual chega em uma nova cidade, no início dos anos 1990, e se envolve com a garota mais linda e o grande rebelde do local. O filme, ainda sem data de estreia prevista, deve ser lançado nos EUA neste ano, assim como o Hostiles (2017), faroeste selecionado no Festival de Toronto e prestes a entrar no circuito norte-americano, em que é um dos soldados do capitão interpretado por Christian Bale. No mesmo evento, o ator surgiu como o músico Kyle Scheible no café de Lady Bird, longa de estreia de Greta Gerwig e outro destaque desta temporada de premiações.
Não por menos, Chalamet foi eleito como um dos artistas de 2017 pelo The New York Times e estrelou um dos clipes do especial do jornal, The Cannibal, e se prepara para mais um ano sob os holofotes. No drama Beautiful Boy (2018), primeira produção norte-americana do belga Felix van Groeningen, será o protagonista que sofre com a dependência de drogas, enquanto estrela com Selena Gomez a próxima comédia romântica de Woody Allen, A Rainy Day in New York (2018), já tendo de lidar com as responsabilidades da fama. Diante de toda a discussão em torno dos casos de assédio em Hollywood que reascenderam as acusações de abuso sexual de Dylan Farrow contra o próprio pai, Allen, o ator se viu obrigado a seguir os passos de outros colegas e doar o seu cachê do filme do cineasta para instituições que cuidam das vítimas assediadas.
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