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  • Foto do escritorNayara Reynaud

BELEZA OCULTA | Uma autoajuda sentimental para o coração e não para a razão

Atualizado: 23 de ago. de 2020


Will Smith e Helen Mirren em cena do filme Beleza Oculta (Collateral Beauty, 2016) | Foto: Divulgação (Warner Bros.)

Um grande e estrelado elenco em uma história com toque de conto natalino sobre um homem ainda preso no luto pela perda de sua filha. Já está estampado logo de cara que Beleza Oculta (2016) é aquele típico filme motivacional, cujo sentimentalismo é uma certeza. Por isso, não surpreende o resultado final dele: uma obra que desperdiça seu potencial de tema, atores e personagens, mas que é reconfortante o suficiente para agradar boa parte do público.

O homem em questão é Howard, dono majoritário de uma agência de publicidade que ainda está abalado pela morte de Olivia, há dois anos. Vivido por Will Smith, ele resolve, um dia, escrever cartas, não para o universo, mas à Morte, ao Tempo e ao Amor, a quem culpa pela partida da menina aos seus seis anos de idade. Só que, enquanto o cabeça da empresa está preso em seu próprio mundo, ela está entrando em crise, com várias contas perdidas.

Por isso, seu sócio Whit (Edward Norton), e seus braços direito e esquerdo, Claire (Kate Winslet) e Simon (Michael Peña), resolvem contratar um trio de atores que, curiosamente, cruza o caminho deles para representar estas “entidades” evocadas por Howard e confrontá-lo, pensando que assim podem questionar a sanidade mental dele para venderem as ações da companhia e salvá-la da derrocada. Mas no decorrer de sua missão, Brigitte (Helen Mirren), que encarna a Morte, Amy (Keira Knightley) sendo o Amor e Raffi (Jacob Latimore) na pele do Tempo, se transformam em conselheiros dos três muy amigos do publicitário, em suas próprias questões pessoais.

David Frankel, diretor de O Diabo Veste Prada (2006), até consegue inserir de um modo mais realista, se isso é possível, a fantasia presente na história, mas a sua direção é bem errática: trata de maneira superficial certos assuntos e “passa a mão na cabeça dos personagens” que tomam atitudes repreensíveis – personagens estes que, mesmo secundários, não são desenvolvidos com dimensionalidade pelo roteiro. Allan Loeb, que já foi roteirista de Quebrando a Banca (2008) e Coincidências do Amor (2010), por exemplo, entrega uma reviravolta final que não chega a ser surpreendente para aquele espectador que cogitou a possibilidade durante a trama. Porém, nem por isso deixa de ser um plot twist forçado e que mina a relação construída entre o protagonista e a líder do grupo de terapia, Madelaine (Naomie Harris), até então a mais genuína do longa.

Assim, Beleza Oculta conquista o público mais pela experiência proporcionada, efetiva não apenas para quem já passou situação semelhante a de Howard, mas também se pegou fazendo os mesmos questionamento tão humanos que ele, do que por sua qualidade narrativa e técnica. Isso porque até a intenção presente no título, exemplificada didaticamente durante a trama, não produz o significado profundo e tocante pretendido.

 

Beleza Oculta (Collateral Beauty, 2016)

Duração: 97 min | Classificação: 10 anos

Direção: David Frankel

Roteiro: Allan Loeb

Elenco: Will Smith, Edward Norton, Kate Winslet, Michael Peña, Helen Mirren, Naomie Harris, Keira Knightley e Jacob Latimore (veja + no IMDb)

Distribuição: Warner Bros. Pictures

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