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  • Foto do escritorNayara Reynaud

OLHAR 2020 | Dia 2 - Borrando limites

Atualizado: 18 de dez. de 2021


Olhar de Cinema 2020: Los Lobos (2019) | Luz nos Trópicos (2020) | Algo-Rhythm (2019) | Noite de Seresta (2020) | Panteras (2020) | Telas de Shanzhai (2020) | Canto dos Ossos (2020) | Cavalo (2020) | Fotos: Divulgação

Os limites estéticos, de linguagem, de tempo ou temáticos na construção de seus personagens são borrados nos filmes que compõem o segundo dia de programação do 9ª edição do Olhar de Cinema. Na Mostra Competitiva, o brasileiro Luz nos Trópicos (2020), novo longa de Paula Gaitán, viaja entre o passado e presente de toda a América, e o mexicano Los Lobos (2019) traz a animação como elemento ilustrativo da imaginação de dois irmãos isolados em um apartamento. A fantasia invade o litoral e o sertão de Canto dos Ossos (2020), de Jorge Polo e Petrus de Bairros, e a performance e a ficção se infundem ao documentário em Cavalo (2020), de Rafhael Barbosa e Werner Salles Bagetti, ambos na seleção da Olhares Brasil. A ousadia cinematográfica ou de seus protagonistas também está presente nos curtas do Programa 02 da competição, o austro-senegalês Algo-Rhythm (2019), o cearense Noite de Seresta (2020), o catalão Panteras (2020) e o francês Telas de Shanzhai (2020). Confira abaixo mais sobre os destaques desta sexta (9) no festival:

 

Los Lobos (Los Lobos, 2019)


Leonardo Nájar Márquez e Maximiliano Nájar Márquez em cena do filme mexicano Lobos Lobos (2019), de Samuel Kishi Leopo | Foto: Divulgação (Olhar de Cinema)

Vencedora do Grande Prêmio do Júri da mostra Generation Kplus no Festival de Berlim deste ano, a produção mexicana Los Lobos chega ao Brasil, na competição do Olhar 2020, como um afago melancólico. O segundo longa de Samuel Kishi Leopo apresenta uma história semibiográfica de uma mãe e seus dois filhos que migram de Juarez, no México, para os Estados Unidos e na ausência forçada da figura materna para sustenta-los, os garotos são obrigados a criar um mundo para si no pequeno espaço de um apartamento. Um imóvel longe de estar em boas condições, mas o melhor ela encontrou após uma cansativa busca pelos subúrbios de Albuquerque, no estado norte-americano do Novo México.


Enquanto Lucía (Martha Reyes Arias) precisa se desdobrar entre vários trabalhos precarizados por não ter os documentos legalizados como imigrante, Max (Maximiliano Nájar Márquez) e o irmão caçula Leo (Leonardo Nájar Márquez) têm de permanecer sozinhos no apartamento não mobiliado, tendo como companhia os poucos bonecos que trouxeram de casa, tal qual o gravador em que ela lhe deixou instruções e lições de inglês e que guarda igualmente a última lembrança de seu avô. A obra acompanha as duas crianças tentando preencher o tempo e a solidão com brincadeiras, enquanto a direção aposta tanto no caráter lúdico daquela circunstância através das animações dos desenhos rabiscados pelos meninos quanto na melancolia desse isolamento acentuada, por exemplo, na sequência embalada por Cornerstone, do artista inglês Benjamin Clementine. A situação, como é de se esperar, começa a angustiá-los, seja quando observam outros garotos brincando no pátio do prédio ou quando não compreendem os esforços da mãe solteira e a ausência do pai que “fugiu pela lâmpada”, algo percebido pela vizinha e senhorio do local, a senhora chinesa Mrs. Chan (Cici Lau).


Com a participação da preparadora de elenco brasileira Fátima Toledo, os irmãos na vida real emanam uma fraternidade nos bons e maus momentos que dá alma ao filme, com destaque para Maximiliano nas trocas decepcionadas ou compreensivas com Martha Reyes Arias. Adotando uma típica estética indie norte-americana, Kishi Leopo mescla os elementos culturais mexicanos e norte-americanos, como na música festiva do Dia dos Mortos e a comemoração do Halloween, e pincela ao longo da narrativa esse cenário periférico destinado aos imigrantes, com uma dose de crítica, mas sem vilanização: a gigante bandeira norte-americana enquanto Lucía limpa um estoque já pontua a estrutura da sociedade capitalista dos EUA, tanto quanto a presença do evangelismo, apesar de discursos questionáveis, se torna um importante suporte para essas comunidades. Los Lobos recorda o ótimo Projeto Flórida (2017), seja por causa da ambientação e desse olhar para o imaginário infantil em situações de precariedade ou particularmente na Disney como referência, não pelo parque em si, mas no sentido de um símbolo do Sonho Americano inalcançável dentro da dura realidade de seus personagens.

 

Los Lobos (Los Lobos, 2019)

Duração: 95 min | Classificação: 12 anos

Direção: Samuel Kishi Leopo

Roteiro: Samuel Kishi Leopo, Sofía Gómez Córdoba e Luis Briones

Elenco: Martha Reyes Arias, Maximiliano Nájar Márquez e Leonardo Nájar Márquez (veja + no site)

Produção: México

> Sessão – 09/10/2020 (sexta), disponível das 6h às 5h59 do dia seguinte

> Reprise – 13/10/2020 (terça), disponível das 6h às 5h59 do dia seguinte

No site do Olhar de Cinema

 

Cena do filme brasileiro Luz nos Trópicos (2020), de Paula Gaitán | Foto: Divulgação (Olhar de Cinema)

O cinema sensorial de Paula Gaitán, já observado em Exilados do Vulcão (2013) e outros trabalhos, é elevado à décima potência no longa Luz nos Trópicos em diversos sentidos. Não só a produção exibida no Fórum do último Festival de Berlim se expande em extensão, graças a sua duração de quatro horas e vinte minutos, mas também quanto ao seu foco de interesse. Se o já citado filme anterior trazia um retrato intimista em sua narrativa sobre uma mulher em busca das memórias do seu marido morto, apesar da constante exteriorização imagética desses sentimentos em ambiente natural, o título mais recente abre sua lente em um mergulho na natureza intocada brasileira – até então, já que as filmagens foram realizadas em 2019 no Pantanal, que hoje sofre com as queimadas e o descaso público em relação à questão – e na ancestralidade da América, seja a do Sul ou a do Norte.


Esse paralelo é criado através das viagens de Igor, personagem interpretado pelo ator manauara Begê Muniz, entre Nova York e outras localidades nos Estados Unidos e o retorno a sua aldeia Kuikuro, de onde saiu ainda criança. E, por sua vez, de um interesse de Gaitán, cuja nacionalidade colombiano-brasileira lhe confere uma visão mais ampla de uma unidade continental em suas diferenças, mesmo as extremas de temperatura transmitidas por seus quadros e a bela fotografia de Pedro Urano. Contudo, o olhar estrangeiro do colonizador é o que guia a segunda hora e um pouco mais de filme, inspirada em uma expedição de cientistas e pensadores europeus no Brasil, durante o século XIX.


Passado e presente se cruzam, portanto, em uma narrativa que, igual os recorrentes planos rodopiando pelos rios, sejam pantaneiros ou o Hudson, se espirala no tempo tal qual o personagem do português Carloto Cotta, sem necessariamente algo concreto para conduzi-la em muitos momentos. Há ainda irrupções nesse fluxo como o momento musical em que Arrigo Barnabé, vivendo chefe o da expedição, traz à tona o estilo do movimento que integrou da Vanguarda Paulista, e a cena que expõe de forma metalinguística um refletor na caverna. No entanto, a dilatação temporal é ainda mais sensível no andamento da história do que na viagem entre períodos históricos, já que a longa duração de um filme de ritmo compassivo e paciente serve como dispositivo para ambientação do espectador dentro dos habitats a serem explorados.


Trata-se de um a típica produção divisora em suas opiniões ao público, que nem sempre vai embarcar nesta rota navegada por Gaitán, já que está menos preocupada com o rumo tomado e sim encantada com o que vê e sente pelo caminho. Aliás, algo potencializado também pelo desenho de som de Marcos Lopes e Tiago Bello ao lado da cineasta. Em meio a tantos fragmentos de sentidos e sensações, as interpretações podem ser as mais variadas, mas há um empenho em abordar a criação do homem que salta a partir da terceira hora, com citação de mitos indígenas e referências cristãs ao barro e a Michelangelo culminando nas figuras alegóricas que conduzem a parte final do filme.

 

Duração: 260 min

Direção: Paula Gaitán

Roteiro: Paula Gaitán

Elenco: Begê Muniz, Carloto Cotta, Clara Choveaux, Kanu Kuikuro, Maíra Senise, Arrigo Barnabé, Daniel Passi, Erik Martincues, Nilton Amazonas, John Scott-Richardson e Carolina Virguez (veja + no site)

Produção: Brasil

> Sessão – 09/10/2020 (sexta), disponível das 6h às 5h59 do dia seguinte

> Reprise – 13/10/2020 (terça), disponível das 6h às 5h59 do dia seguinte

No site do Olhar de Cinema

 

Algo-Rhythm (Algo-Rhythm, 2019), Noite de Seresta (2020), Panteras (Panteres, 2020) e Telas de Shanzhai (Shānzhài Screens, 2020)


Cena do curta-metragem austro-senegalês Algo-Rhythm (2019), de Manu Luksch | Foto: Divulgação

O desafio a limites ou categorizações, seja nas ousadias estéticas, temáticas ou de suas personagens, foi o traço em comum do Programa 02 de curtas-metragens da Mostra Competitiva do Olhar 2020.


Algo muito marcante em Algo-Rhythm, produção dirigida pela austríaca Manu Luksch, mas realizada em Senegal, com artistas locais. Misturando as linguagens videoclíptica e do musical, o filme leva o hip hop ao campo digital, com rappers e poetas, além de grafiteiros, versando sobre o poder e perigo dos algoritmos, especialmente no que diz respeito a mudar os rumos da política local ou global. Interessante experimentação de elementos contemporâneos, que une a análise crítica do comportamento atual perante a internet e as redes sociais a uma estética computadorizada, com chroma key, pixelado, glitches e time lapsing, o curta se mostra um exemplar do afrofuturismo muito ciente das ameaças do presente.


A cantora Katia Blender em cena do curta-metragem cearense Noite de Seresta (2020), de Sávio Fernandes e Muniz Filho | Foto: Divulgação (Olhar de Cinema)

A música continua, em maior evidência, no brasileiro Noite de Seresta. O documentário cearense de Sávio Fernandes, diretor de Tommy Brilho (2018), e Muniz Filho, produtor de locação de longas como Pacarrete (2019), revela ao público a carismática Katia Blender, uma cantora restrita ao universo dos karaokês de Fortaleza, que, como a mesma se define, pode não ter um vozeirão, mas possui uma “voz eclética”, interpretando de Benito de Paula a Anitta, de Vanusa a Michael Jackson. Acompanhando uma enérgica noite de apresentação em um bar local, desde o momento em que são ajeitadas as mesas no quintal até sua impagável interação com a plateia e suas fãs, as Katitas, o curta intercala isso com os relatos mais íntimos dessa mulher, como seu relacionamento amoroso ou sua preocupação com o filho dependente químico.


Essas passagens são tratadas de forma terna, dando profundidade sem sobrecarregar a narrativa que se caracteriza pelo seu alto astral, justamente pelo fato da dupla de cineastas moldar, de maneira inteligente e bem-humorada, o filme a partir da grande força de sua personagem. A estética inerente ao tema surge desde o grafismo no título, tal qual o uso da linguagem digital nos stories no início, mas se intensifica em uma sequência musical em que Fernandes e Filho exploram ao máximo as imagens de fundo típicas de videokê. É uma forma de a artista amadora receber seu tão sonhado reconhecimento ao ser chamada de cantora e dos espectadores serem brindados com o retrato de alguém que, parafraseando Gonzaguinha cantado ao final, vive sem a vergonha de ser feliz e deseja apenas “cantar e cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz”.


Rimé Kopoború e Laia Capdevila em cena do curta-metragem espanhol / catalão Panteras (2020), de Erika Sánchez | Foto: Divulgação (Olhar de Cinema)

Enquanto isso, duas adolescentes também estão aprendendo, ou tentando compreender a si mesmas no coming of age catalão Panteras, de Erica Sánchez, exibido na mostra Generation 14plus do último Festival de Berlim. O título espanhol aposta em uma narrativa queer, em que a relação de Joana (Laia Capdevila) e Nina (Rimé Kopoború) navega sem determinação entre a amizade ou um namoro, enquanto estão descobrindo seus corpos, físicos ou desejados. Se não chega a explorar suficientemente as questões que afligem as personagens ou todo o potencial delas, o curta se mostra mais eficiente na abordagem geral sobre os padrões de beleza femininos, especialmente com a cena de abertura do vestiário, na naturalidade de corpos com estrias, celulites, gorduras a mais, cicatrizes ou menstruando, e a escolha pelo aspect ratio 4:3 induzindo essa pressão midiática e social quanto a isso através do formato de tela.



Esta, aliás, é motivo das digressões de Telas de Shanzhai, filme do francês Paul Heintz que vai à China para traçar um paralelo entre telas, seja a de suporte artístico das pinturas e o ecrã de aparelhos eletrônico, consequentemente debatendo a questão da reprodução na contemporaneidade. Shanzai é um termo chinês dado para produtos genéricos, falsificados ou imitações, tais quais as dos quadros produzidos em massa pelos personagens documentados, copiando obras-primas de nomes como Van Gogh, por exemplo. Um dos pintores afirma que os “clientes querem o nome (do famoso artista), não importa de onde ele (o quadro) venha”, enquanto outro lamenta a frustração por acordar de um sonho em que tinha encontrado uma técnica nova e única sem aprender algo para utilizar na realidade em suas próprias criações.


Esses depoimentos, contudo, não são dados de modo tradicional, diretamente à câmera da produção presente no festival dedicado a curtas-metragens de Clermont Ferrand, e sim como se eles estivessem mandando mensagens de áudio ou fazendo videochamadas pelo celular. O dispositivo, bem como o flerte ficcional no encontro amoroso entre dois pintores, reforça a ideia de que os smartphones se tornaram parte integrante da vida desses profissionais, sendo desde a base de referência para realizar suas cópias ao instrumento de contato com clientes do mundo todo. Heintz não limita isso aos (re)produtores, mas igualmente aos consumidores de arte quando, particularmente, sugere a realidade virtual como uma combinação dessas telas artísticas e eletrônicas, algo que não se trata de uma “previsão” e sim fato ao se recordar, por exemplo, de Claude Monet – The Water Lily Obsession (2019), produção VR presente na seleção dedicada ao formato na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo do ano passado, que colocava o espectador em meio aos lírios d’água de Monet.

 

Programa 02 | Mostra Competitiva

Algo-Rhythm (Algo-Rhythm, 2019)

Duração: 14 min | Classificação: 10 anos

Direção: Manu Luksch

Roteiro: Manu Luksch e Mukul Patel

Elenco: Gunman Xuman, Lady Zee e MC Mo (veja + no site)

Produção: Áustria, Senegal e Reino Unido

Duração: 19 min | Classificação: 12 anos

Direção: Sávio Fernandes e Muniz Filho

Roteiro: Sávio Fernandes

Elenco: Katia Blander (veja + no site)

Produção: Brasil

Panteras (Panteres, 2020)

Duração: 22 min | Classificação: 12 anos

Direção: Erika Sánchez

Roteiro: Erika Sánchez

Elenco: Laia Capdevila e Rimé Kopoború (veja + no site)

Produção: Espanha

Telas de Shanzhai (Shānzhài Screens, 2020)

Duração: 23 min | Classificação: 14 anos

Direção: Paul Heintz (veja + no site)

Produção: França

> Sessão – 09/10/2020 (sexta), disponível das 6h às 5h59 do dia seguinte

> Reprise – 13/10/2020 (terça), disponível das 6h às 5h59 do dia seguinte

No site do Olhar de Cinema

 

Maricota e elenco em cena do do filme Canto dos Ossos (2020), de Jorge Polo e Petrus de Bairros  | Foto: Divulgação

*Filme assistido online durante a 8° Mostra Tiradentes SP

Vencedor do prêmio principal na Mostra Tiradentes deste ano, como melhor longa da Mostra Aurora, Canto de Ossos é um filme de experimentações que nem sempre se concatenam em seu universo vampiresco que liga o mar ao sertão. A produção dirigida e roteirizada por Jorge Polo e Petrus de Bairros traz a personagem Naiana (Rosalina Tamiza), que saiu de Canindé, no Ceará, para ser professora de uma escola pública em Búzios, no litoral do Rio de Janeiro, como ponte entre estes dois cenários onde a narrativa se desenrola com vários percalços que vão além de qualquer restrição de seu baixo orçamento.


Após um breve prólogo que apresenta a protagonista – embora não haja de fato um protagonismo seu entre tantas figuras que surgem nesta trama e suas mudanças de foco – se despedindo do amigo Diego (Maricota) e partindo da cidade cearense em um tempo distante, que depois se revela ser 1958, a história vem para o presente. A primeira parte do longa acontece já na paisagem litorânea fluminense, mas o foco se dilui entre Naiana, que, com a mesma cara de antes, alimenta sua sede de sangue na noite local, e seus alunos, que, prestes a se formarem, se encontram meio perdidos, ainda mais quando um misterioso assassinato acontece na região. O segundo ato volta para a outra ponta do país, onde o agora farmacêutico Diego leva seu namorado para conhecer os seus amigos e um pouco mais sobre o que os une.


Os jovens cineastas imprimem uma interessante ambientação climática de mitos fantásticos universalmente conhecidos dentro de habitats brasileiros, mas executam um trabalho insuficiente quanto à direção de atores e roteiro. No primeiro caso, a atuação é tão irregular quanto o som captado e mixado. O núcleo de Canindé garante um resultado melhor do que os jovens da trama de Búzios, com Lucas Inácio Nascimento se destacando positivamente como um fotógrafo local.


Na segunda questão, além do texto que rebuscadamente tenta uma poética que remonta ao romantismo, gênero literário no qual as figuras vampirescas surgiram, sem que isso seja bem integrado ao contexto ou crie uma dissonância propositiva, a narrativa não consegue desenvolver e interligar as várias intenções da dupla. A ideia de uma seita milenar, com suas simbologias de pirâmide e atuação dentro do sistema educacional brasileiro vem como a piração final de um roteiro com dificuldades para aliar os elementos do universo fantástico e a crítica da realidade. Neste sentido, Canto dos Ossos transpassa essas dificuldades em pelo menos um aspecto importante, que é a sua história e discurso queer, nos quais Polo e Bairros usam do mito do vampiro para conceder a eternidade a quem a vida é fragilizada, nos vários personagens marginalizados, particularmente por serem LGBT+.

 

Duração: 89 min | Classificação: 14 anos

Direção: Jorge Polo e Petrus de Bairros

Roteiro: Petrus de Bairros e Jorge Polo

Elenco: Rosalina Tamiza, Maricota, Lucas Inácio Nascimento, Noá Bonoba, Jupyra Carvalho, Heloise Sá, Paula Haesny, Ana Manoela e Mariana Costa (veja + no site)

Produção: México

> Sessão – 09/10/2020 (sexta), disponível das 6h às 5h59 do dia seguinte

> Reprise – 13/10/2020 (terça), disponível das 6h às 5h59 do dia seguinte

No site do Olhar de Cinema

 

Cavalo (2020)


Cena do filme alagoano Cavalo (2020), de Rafhael Barbosa e Werner Salles Bagetti | Foto: Divulgação (Créditos: Vanessa Mota)

A produção cinematográfica em Alagoas já tem se mostrado em ascensão dentro dos curtas-metragens nos últimos dois anos e Cavalo também é fruto dessa cena regional, sendo o primeiro longa-metragem alagoano realizado via leis de fomento público, graças a um incentivo do próprio governo estadual. Exibido em Tiradentes, o filme reúne Rafhael Barbosa, com sua experiência em curtas ficcionais, e Werner Salles Bagetti, vindo de telefilmes documentais, no registro de um grupo de atores e dançarinos. O resultado é um hibridismo entre performance, documentário e ficção em uma obra preocupada em resgatar e exaltar a ancestralidade africana no povo brasileiro, especialmente naquele que foi o estado que abrigou o Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga.


A cena de abertura, por exemplo, traz uma recriação performática do mito da criação do homem segundo o candomblé, em pleno manguezal. Uma representação discursiva e visual desse retorno às raízes afro-brasileiras, além de deixar clara a religiosidade como ponto importante na produção. O sincretismo com o cristianismo surge em duas cenas, mas são as religiões de matriz africana que protagonizam essa história.


O filme, então, viaja entre os momentos em que o grupo se encontra no palco, seja no teatro ou algum cenário urbano, os ensaios e a vida de seus integrantes, tendo o discurso de empoderamento negro sempre em voga. A narrativa, portanto, padece um pouco da junção de ótimas sequências, a exemplo do choro no colo da mãe, com outras que apenas reforçam a temática, mas não a impulsionam para frente. Somente no fim, Cavalo mergulha de cabeça na dança e apresenta cenas de grande beleza representativa e imagética, com destaque para a fotografia de Roberto Iuri, encerrando com Esú, música do rapper Baco Exu do Blues, um dos nomes desse movimento de ressignificação das origens afro-brasileiras observado na música baiana contemporânea e, pontualmente, em outras regiões do país, se expandindo no cinema alagoano.

 

Cavalo (2020)

Duração: 89 min | Classificação: 12 anos

Direção: Rafhael Barbosa e Werner Salles Bagetti

Roteiro: Rafhael Barbosa e Werner Salles Bagetti

Elenco: Alexandrea Constantino, Evez Roc, Joelma Ferreira, Leide Serafim Olodum, Leonardo Doullennerr, Sara de Oliveira e Robert Maxwell (veja + no site)

Produção: Brasil

> Sessão – 09/10/2020 (sexta), disponível das 6h às 5h59 do dia seguinte

> Reprise – 13/10/2020 (terça), disponível das 6h às 5h59 do dia seguinte

No site do Olhar de Cinema



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