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  • Foto do escritorNayara Reynaud

É TUDO VERDADE 2020 | Retrato desfocado


O fotógrafo Orlando Brito em imagem do documentário Não Nasci para Deixar Meus Olhos Perderem Tempo (2019), de Claudio Moraes | Divulgação (Festival É Tudo Verdade)

Seguindo com a tendência de retratos mais biográficos visto no final de semana da competição de longas do É Tudo Verdade 2020, o documentário Não Nasci para Deixar Meus Olhos Perderem Tempo (2019) apresenta o homem por trás de várias imagens que sintetizam a história do Brasil nos últimos anos, o fotógrafo Orlando Brito. A ideia de fazer um filme sobre o prestigiado profissional do fotojornalismo veio a Claudio Moraes após conhecê-lo durante as coberturas no Congresso Nacional e de conversas com ele sobre a “fotografia como arte”, afirma o realizador do curta-metragem documental Cine Drive-In – Cinema Sob o Céu (2014) durante a apresentação para o festival. No entanto, é visível o quanto o diretor não consegue transformar o seu encantamento pessoal pelos causos de seu personagem em narrativa cinematográfica.


A produção independente começa com as imagens em preto e branco do fotógrafo em ação, registrando uma manifestação, para depois se abrir em cores para os relatos do biografado em sua casa. As próprias fotos de Brito ilustram seus depoimentos, que, a princípio, traçam uma linha do tempo da política brasileira, por conta dos vários anos trabalhando no centro do poder em Brasília. Contudo, a narrativa histórica recontada em imagens, desde o AI-5, chega até o governo Sarney, para ser interrompida por outro tema.


Orlando, então, comenta os interessantes bastidores para obter as fotos de ilustres personalidades brasileiras durante a velhice no livro Senhoras e Senhores (1992), no encontro de um relegado compositor Zé Keti e um subutilizado diplomata João Cabral de Melo Neto, por exemplo. Não demora muito e o documentário muda de foco, acompanhando-o novamente em campo, fotografando os praticantes da comunidade religiosa Vale do Amanhecer. Troca-se a lente de novo para voltar à linha do tempo da política nacional, seguidos por novos causos dos octagenários fotografados por ele, intercalado por considerações de outras incursões suas pelo país, suas versões fotográficas de músicas, o tormento pela “foto perdida” e por aí vai.


A montagem executa esse vaivém, sem conseguir criar uma coesão suficiente entre os vários blocos narrativos. O resultado é um acúmulo de inúmeros casos da carreira de Brito, sem que a edição selecione aqueles a se destacar como representantes desses momentos de sua trajetória ou a direção encontre um enfoque a dar atenção. Assim, tanto os assuntos importantes, como o questionamento ético corrente do fotojornalismo sobre o registro da morte, passam batidos quanto os relatos mais interessantes são diluídos em meio a tantas informações.

 

Duração: 72 min | Classificação: Livre

Direção: Claudio Moraes

Produção: Brasil (Brasília/DF)

Áudio e Legendas: diálogos em português

> Sessão – 28/09/2020 (segunda), às 21h00

> Reprise – 29/09/2020 (terça), às 15h00

No site do É Tudo Verdade ou diretamente no Looke

+ Debate – 29/09/2020 (terça), às 17h00 no canal do ETV no YouTube



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