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  • Foto do escritorNayara Reynaud

LENNY SEM LUVAS | Um lutador quase sem máscaras

Atualizado: 12 de ago. de 2020


Josh Helman e Michael Bisping em cena do filme Lenny Sem Luvas (My Name Is Lenny, 2017), cinebiografia do boxeador inglês Lenny McLean | Foto: Divulgação (Califórnia Filmes)

Três anos depois de seu lançamento, chega ao Brasil, direto em VOD, o filme britânico Lenny Sem Luvas (My Name Is Lenny, 2017), uma cinebiografia do famoso lutador local Lenny McLean (1949-1998). O longa de Ron Scalpello foca sua narrativa em meados dos anos 1970, quando o homem conhecido pela sua invencibilidade nas lutas pelas ruas de East End, em Londres, coloca relutantemente as luvas nas mãos para enfrentar o imbatível ex-boxeador profissional Roy Shaw (Michael Bisping) em uma trilogia de combates não-oficiais que o transformaram em uma figura lendária. No entanto, embora o título possa encontrar seu público entre aqueles amantes de dramas esportivos e de uma ação brutal e sanguínea que o assistirem despretensiosamente, o maior apelo cinéfilo da produção está no fato de registrar o grande ator John Hurt (1940-2017) em seu último papel, como um velho amigo de bar do protagonista.


Chega a ser irônico, porém, que o maior problema aqui seja de interpretação, com a má escalação de Josh Helman, mais conhecido por ser o jovem William Stryker em X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (2014) e X-Men: Apocalipse (2016), para encarnar Lenny McLean. Se o pugilista que morreu aos 49 anos chegou a fazer alguns trabalhos de atuação no fim de sua vida, incluindo o cult Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes (1998), o ator australiano o interpreta quase como uma paródia de um personagem dos antigos filmes do Guy Ritchie. Exagerando nos tiques do biografado, a sua representação soa mais como uma caricatura longe da autenticidade de um legítimo “cara do Leste de Londres” e que distrai o espectador do drama que o longa deseja aprofundar.


O roteiro de Paul Van Carter, que já tinha roteirizado e produzido um documentário sobre o ele chamado The Guv'nor (2016), e Martin Askew, que também atua como o desprezível padrasto de Lenny, pontua como os abusos deste durante a infância do lutador, que constantemente ameaçava e batia nele e em seu irmão, ainda o atormentam. Traçando uma espécie de ciclo familiar e de contexto periférico que reproduzem essa violência endêmica, a cinebiografia busca encontrar as razões que moldaram esta personalidade agressiva que deseja expulsar seus demônios através dos socos e da bebida. O texto tenta não ser totalmente condescendente com seus atos mais vis, mas, por fim, a narrativa acaba se entregando à imagem desse intimidador alcoólatra transformada em um herói local, sem mexer mais a fundo no seu passado criminal.


Em termos de ação, Ron Scalpello, um jornalista musical que se tornou diretor de thrillers como Sob Pressão (2015) e The Corrupted (2019), nem sempre consegue extrair os melhores ângulos das lutas no ringue ou fora dele, em cenas que também parecem podadas pela montagem. Longe de figurar no hall dos grandes filmes de boxe, é sua dose de brutalidade crua das ruas que pode cativar suficientemente uma parcela dos espectadores.

 

Lenny Sem Luvas (My Name Is Lenny, 2017)

Duração: 91 min | Classificação: 14 anos

Direção: Ron Scalpello

Roteiro: Paul Van Carter e Martin Askew

Elenco: Josh Helman, Michael Bisping, Chanel Cresswell, Nick Moran, Charley Palmer Rothwell, Jennifer Brooke, Martin Askew, John Hurt, Rita Tushingham e George Russo (veja + no IMDb)

Distribuição: Califórnia Filmes

Plataforma: Apple TV, Claro Vídeo, Google Play, iTunes, NOW, Vivo Play e YouTube Filmes, a partir de 31 de julho de 2020




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