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  • Foto do escritorNayara Reynaud

A BARRACA DO BEIJO 2 | A mesma barraca, com pequenas melhorias

Atualizado: 18 de set. de 2020


Meganne Young, Joel Courtney e Joey King em cena do filme A Barraca do Beijo 2 (2020) | Foto: Divulgação (Netflix)

Assim como tantas garotas de 15 anos que adoram criar e publicar suas histórias originais ou fanfictions no Wattpad, Beth Reekles, com esta idade em 2011, escreveu A Barraca do Beijo, mas talvez não imaginasse que o título se tornasse um dos casos de sucesso do site e aplicativo de compartilhamento de livros digitais que transcendeu para outras mídias, ganhando adaptações audiovisuais, a exemplo do recente filme After (2019). A adolescente britânica não só conseguiu a publicação física da obra, em 2012, como a viu se transformar, seis anos depois, no telefilme original da Netflix que se tornou um hit da plataforma de streaming. Um fenômeno mercadológico, porém, não correspondente em sua qualidade dramatúrgica.


Não só a crítica, mas parte do público apontou os vários problemas de A Barraca do Beijo (2018). Entre eles, a abordagem da trama na qual a adolescente Elle Evans (Joey King) se vê dividida entre a exigente amizade de Lee (Joel Courtney), seu melhor amigo desde a infância, e sua paixão pelo irmão mais velho dele, o esquentado e superprotetor Noah Flynn (Jacob Elordi), em que o machismo dos principais personagens masculinos ditando as ações da protagonista acaba suplantando alguns parcos avanços do filme de Vince Marcello em relação a outros estereótipos femininos de histórias teens – como evitar a velha disputa entre mulheres e outros exemplos levantados por Robyn Bahr na crítica na Hollywood Reporter. No entanto, mesmo relevando isso, a produção demonstrava suas fraquezas, desde a trilha sonora com versões pouco vívidas de músicas que remetem a verdadeiros clássicos do gênero, dos quais este não se aproximava com a fragilidade do texto e da direção que respingava até nas atuações.


Por sorte, Joey King e Jacob Elordi tiveram a oportunidade de provar o talento deles, respectivamente, na minissérie The Act (2019) e na série Euphoria (2019-). E, de certo modo, a própria franquia cinematográfica tenta se redimir agora com A Barraca do Beijo 2 (2020). Frente ao filme original, a sequência desvia daquele caminho problemático, suavizando o comportamento de seu protagonista masculino, por exemplo, e sendo “apenas” superficial no desenvolvimento da sua narrativa.


Usando novamente um frenético prólogo para apenas citar os acontecimentos de A Casa da Praia (2018), já que o segundo capítulo da série literária não renderia conflitos suficientes para um longa-metragem, o roteiro de Marcello e Jay S Arnold sabiamente centra esta continuação no terceiro livro A Barraca do Beijo 2: Amor a distância (2020), embora tente lidar com tantas subtramas que tornam a produção longa demais com suas duas horas e 12 minutos de duração. A história principal reside nas dificuldades de Elle, agora no último ano do ensino médio em Los Angeles – que, na realidade, é emulada mais uma vez por filmagens em Cidade do Cabo, na África do Sul –, e Noah, sozinho em Boston como calouro de Harvard, em manterem este relacionamento à distância. O problema para ambos, além da falta física, é a falha de comunicação entre eles, acompanhada da aproximação de novos amigos: para ela, com o sexy e sensível novato no colégio, Marco (Taylor Zakhar Perez), e para ele, a bela e inteligente colega de faculdade, Chloe (Maisie Richardson-Sellers).


Paralelo a isso, a protagonista precisa decidir se vai para a universidade californiana de Berkeley, que era o sonho de infância seu e de Lee, ou atender ao pedido do namorado e ir para a prestigiada instituição de Massachusetts, enquanto precisa conseguir dinheiro para financiar os seus estudos. O próprio melhor amigo também enfrenta o dilema de escolher entre a amizade e o amor quando é confrontado pela namorada Rachel (Meganne Young) a ter mais tempo somente para os dois. O roteiro ainda tenta encaixar um flerte, mais do que romance, homossexual, que apesar de sua fofura, é de uma profundidade mínima, até porque o filme não está interessado em aprofundar as questões interessantes que a sinopse traz naturalmente.


A direção de Vince Marcello, cuja experiência anterior foi na franquia infantil Uma Garota Americana, continua investindo em uma comédia pueril sobre o ensino médio, com o tipo de humor dos telefilmes do Disney Channel, enquanto o romance e as falas de conotação sexual soam como alguém que “tenta ser adulto demais”. Alguns diriam que essa dicotomia é algo normal desta fase de transição que é a adolescência, mas o entrave aqui não são os personagens imaturos, mas a própria imaturidade do filme em se definir – e que, provavelmente, está já no material de origem. Provas disso estão nas resoluções rápidas e simples para as perguntas levantadas pela narrativa e na objeção de A Barraca do Beijo 2 em resolver um de seus conflitos essenciais, apenas a fim de atiçar o público para mais uma continuação, sem que este conheça o que a Elle realmente quer da sua vida, por si só e não pelo que os outros decidem por ela.

 

A Barraca do Beijo 2 (The Kissing Booth 2, 2020)

Duração: 132 min | Classificação: 12 anos

Direção: Vince Marcello

Roteiro: Vince Marcello e Jay S Arnold, baseado nos livros “A Barraca do Beijo” de Beth Reekles

Elenco: Joey King, Jacob Elordi, Joel Courtney, Meganne Young, Taylor Zakhar Perez, Maisie Richardson-Sellers, Molly Ringwald, Stephen Jennings, Carson White, Bianca Bosch, Camilla Wolfson , Zandile-Izandi Madliwa, Judd Krok, Sanda Shandu e Hilton Pelser (veja + no IMDb)

Plataforma: Netflix (streaming), a partir de 24 de julho de 2020



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