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  • Foto do escritorNayara Reynaud

MINHA MÃE É UMA PEÇA 3 | Mãe é tudo igual, mesmo que diferente

Atualizado: 3 de ago. de 2021


Paulo Gustavo e Samantha Schmütz em cena do filme nacional Minha Mãe É uma Peça 3 (2019) | Foto: Divulgação (Downtown Filmes)

Uma das franquias de maior sucesso do cinema brasileiro, Minha Mãe É uma Peça chega a seu terceiro filme, três anos depois do lançamento do segundo longa marcar o recorde de maior renda de uma produção nacional, com R$ 124,2 milhões arrecadados. Aliás, a personagem criada e interpretada pelo humorista Paulo Gustavo para a peça teatral homônima de 2006, que tem como inspiração a própria mãe do artista, a marcante Dona Déa Lúcia, já levou mais de 13 milhões de espectadores aos cinemas com os dois primeiros títulos. Se o cenário atual não é mais o mesmo de outrora nas bilheterias do país, Minha Mãe É uma Peça 3 (2019) deve conquistar mais uma vez seu público, através daquilo que tem de melhor, mesmo se sustentando apenas nisso: o retrato específico e exagerado das características universais a tantas figuras maternas, representado na peculiar Dona Hermínia.

O novo capítulo da sua história, agora dirigido por Susana Garcia, continua o mote do anterior. Sua protagonista segue lidando com a solidão do “ninho vazio” e ainda mais com os dissabores do envelhecimento, mas tem a chance de se fazer novamente presente na vida dos filhos Juliano (Rodrigo Pandolfo) e Marcelina (Mariana Xavier), quando o primeiro anuncia que vai se casar com seu antigo namorado Tiago (Lucas Cordeiro) e a segunda revela que está grávida de seu novo companheiro Sol (Cadu Fávero). No entanto, o recente longa não explica a descontinuidade de tramas trabalhadas em Minha Mãe É uma Peça 2 (2016): não são mencionados nem por que o programa Hermínia Show acabou nem como seus dois rebentos voltaram de São Paulo e o que fazem atualmente.

Esta simplificação que, no primeiro caso, serve para intensificar o fato de Dona Hermínia estar sozinha em casa, mas é mais sensível no outro, pois diminuiu ainda mais o desenvolvimento dos personagens coadjuvantes frente à principal, é um dos sintomas de um roteiro que dá a impressão de “faltar história”. A bem da verdade, o caráter episódico dele esteve presente desde o início da franquia, com Minha Mãe É uma Peça: O Filme (2013) apresentando uma narrativa que fundia diversas esquetes através das lembranças da protagonista. Aqui, o time de roteiristas formado pelo próprio criador, a diretora e Fil Braz se distrai em algumas curvas narrativas, a exemplo da viagem para Los Angeles que fica solta no longa e rende apenas um par de piadas, em vez de aproveitar o potencial de seus tipos humanos e situações.

Por outro lado, se César Rodrigues trouxe uma evolução em qualidade técnica para a série cinematográfica, seu segundo filme carrega uma melancolia que mina o humor do original, dirigido por André Pellenz. Já Garcia, depois do sucesso em seu longa de estreia Minha Vida em Marte (2018), retoma o clima do começo na nova produção, assumidamente mais cômica, ainda que mantenha algumas notas dramáticas em momentos agridoces. E dentro de certo formalismo comum às comédias nacionais, que tendem à estética televisiva, a sua direção encontra uma brecha para uma assinatura autoral no seu uso das elipses temporais, marcando passagens de meses dentro de sequências bem decupadas.

No entanto, a obra se apoia mesmo no humor e empatia gerados por sua protagonista, através da criação e composição de Paulo Gustavo. E se, no final, novamente surge uma gravação real da sua mãe para comprovar ao público que os exageros de Dona Hermínia vistos antes têm base na realidade, agora o artista também homenageia sua nova família, dedicando o trabalho ao marido Thales Bretas. Além das fotos durante os créditos, a própria trama do casamento homossexual expande as questões de sexualidade desenvolvidas ao longo da franquia – uma pena, porém, que o bom discurso não seja acompanhado de uma naturalização prática e/ou visual que o filme seria capaz de trazer ao quebrar certas barreiras de parte da plateia por meio da comédia.

 

Minha Mãe É uma Peça 3 (2019)

Duração: 111 min | Classificação: 12 anos

Direção: Susana Garcia

Roteiro: Paulo Gustavo, Fil Braz e Susana Garcia, baseado na obra de Paulo Gustavo

Elenco: Paulo Gustavo, Mariana Xavier, Rodrigo Pandolfo, Herson Capri, Samantha Schmütz, Alexandra Richter, Patrycia Travassos, Malu Valle, Stella Maria Rodrigues, Lucas Cordeiro, Cadu Fávero e Bruno Bebianno (veja + no IMDb)

Distribuição: Downtown Filmes / Paris Filmes

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