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  • Foto do escritorNayara Reynaud

MIDWAY – BATALHA EM ALTO MAR | Retalhos de bravura

Atualizado: 28 de fev. de 2021


Cena do filme Midway – Batalha em Alto Mar (2019), de Roland Emmerich | Foto: Divulgação (Diamond Films)

Cineasta conhecido pelos seus filmes-catástrofe, Roland Emmerich explora um gênero em que o desastre se dá de maneira bem concreta. O cinema de guerra é o “novo” velho território de seu Midway – Batalha em Alto Mar (2019), em que o diretor que já trouxe diversos personagens militares em seu trabalho, a exemplo do seu clássico deste filão, Independence Day (2016), e do remake Godzilla (1998), agora mergulha totalmente neste ambiente em um épico bélico que poderia bem ser chamado de “Pearl Harbor 2”. O fatídico ataque surpresa japonês à base norte-americana no Oceano Pacífico, que obrigou os ianques a entrarem na II Guerra Mundial, que já foi encenado na superprodução de Michael Bay, em 2001, entre outros títulos, ganha destaque logo no início do longa, em um grandioso prólogo para explicar as razões geopolíticas e as ligações humanas dos combatentes que motivaram o contra-ataque dos Estados Unidos ao Japão nos meses posteriores, incluindo a importante ação em Midway.

Se essa dilatação temporal, provavelmente, vai chocar a plateia mais nova, acostumada com a velocidade de “resposta” do século XXI, pode se dizer que o tempo não joga a favor do filme. Apesar das quase duas horas e meia de duração, a produção é aquele caso em que o muito se torna pouco, a partir do momento em que o excesso de histórias / História de uma sobrecarregada narrativa gera uma simultânea falta de aprofundamento dela, seja emocional ou em complexidade. O roteiro escrito por Wes Tooke, da série Colony (2016-18), serve como uma aula introdutória a este importante episódio histórico, mas falha parcialmente na tentativa de fazer o público se envolver com seus personagens ao não dar espaço para que eles e suas subtramas se desenvolvam.

Há um pouco de Top Gun – Ases Indomáveis (1986) no destemido piloto Dick Best (Ed Skrein), praticamente protagonista deste “filme coral de guerra”, e nos seus colegas aviadores e marinheiros no porta-aviões, bem como de O Jogo da Imitação (2014) ao acompanhar os bastidores da Inteligência do Exército, com o ignorado e depois ouvido tenente-comandante Edwin Layton (Patrick Wilson). Há ainda eventos importantes, a exemplo do primeiro ataque norte-americano em solo japonês de Jimmy Doolittle (Aaron Eckhart), ou curiosos, na presença de um cineasta no local do confronto em uma referência direta ao diretor John Ford, que filmou in loco, sendo até ferido durante o confronto, o curta-documentário A Batalha de Midway (1942) – disponível na Netflix ou no YouTube para quem quiser conferir ou comparar. Mas estes últimos são pontos pouco integrados à narrativa que, mesmo em seus principais núcleos, como os primeiros citados, segue pulverizada sem se aprofundar.

Os personagens ganham pequenos momentos de bravura, vide a boa participação de Nick Jonas na pele do mecânico de aeronave Bruno Gaido, mas não têm espaço para ganhar vida, fazendo com que ninguém se destaque em um elenco de boas atuações no conjunto. São figuras no pôster cinético de Emmerich, que no uso intenso da computação gráfica (CGI) nos cenários e nos efeitos especiais, trazem tanto uma recordação dos cartazes e filmes da época quanto uma artificialidade embutida. A ação adquire um tom mais imersivo e realista quando ganha os ares, porém, o diretor confunde a noção de espacialidade e identificação do espectador com sua decupagem, junto com a montagem frenética.

Ele e Tooke tentam dar mais cor às esposas à espera, na figura representativa da forte Ann Best (Mandy Moore), mas nunca dão asas para ela e as outras mulheres serem apenas detalhes figurativos nesta colcha de retalhos. Da mesma maneira, há a tentativa de abarcar o outro lado reforçando a honra japonesa, mas ainda reticente de um olhar estrangeiro e carregado de todo aquele patriotismo norte-americano ostentado pelo cineasta alemão: embora seja necessário colocar os horrores provocados pelo Império Japonês nos ataques aos civis em solo chinês, é curioso que isso venha do país que resolveu acabar com a guerra, arrasando o Japão com duas bombas atômicas. É a prova de que, na falta da escolha por um recorte específico para o filme, tal panorama sobre a história de Midway merecia um tratamento de minissérie para fazer justiça tanto aos seus próprios heróis como aos inimigos.

 

Midway – Batalha em Alto Mar (Midway, 2019)

Duração: 138 min | Classificação: 14 anos

Direção: Roland Emmerich

Roteiro: Wes Tooke

Elenco: Ed Skrein, Patrick Wilson, Woody Harrelson, Luke Evans, Mandy Moore, Luke Kleintank, Dennis Quaid, Aaron Eckhart, Keean Johnson, Nick Jonas, Etsushi Toyokawa, Tadanobu Asano e Darren Criss (veja + no IMDb)

Distribuição: Diamond Films

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