top of page
Foto do escritorNayara Reynaud

MEDO PROFUNDO – O SEGUNDO ATAQUE | Mordida frouxa

Atualizado: 26 de nov. de 2020


Sophie Nélisse, Sistine Rose Stallone, Corinne Foxx e Brianne Tju em cena do filme Medo Profundo – O Segundo Ataque (7 Meters Down: Uncaged, 2019) | Foto: Divulgação

Mantendo a claustrofobia e a fraternidade como elementos essenciais desta franquia, tanto quanto os tubarões, o cineasta Johannes Roberts retorna à área do terror subaquático e bestial em Medo Profundo – O Segundo Ataque (2019), sequência de seu surpreendente hit de bilheteria Medo Profundo (2017). De novo em mares mexicanos, mas sem que nenhuma fala em espanhol seja dita na história ambientada em Yucatán, o roteiro dele e de Ernest Riera, que já trabalhou com o diretor britânico no primeiro longa e em Do Outro Lado da Porta (2016), não estabelece relação alguma entre os personagens, sejam humanos ou animais, do anterior e deste novo capítulo. A marca inicial, com a protagonista na água, permanece, no entanto.

Aqui, a cena representa um medo menos palpável, porém, mais comum e diário do que a selachofobia, como é chamada a fobia de tubarões. Já na abertura, o público descobre que Mia (Sophie Nélisse, A Menina que Roubava Livros, de 2013) é alvo de bullying no colégio anglófono só para garotas do local para onde ela e a meia-irmã Sasha (Corinne Foxx, filha do oscarizado Jamie Foxx, em seu primeiro longa) se mudaram junto com seus respectivos pais, o arqueólogo e mergulhador Grant (John Corbett) e a esposa Jennifer (Nia Long).

Apesar de ambas se darem bem com o padrasto ou a madrasta, a relação das duas é difícil e suas figuras paterna e materna, junto com o texto pouco inspirado, reforçam a necessidade das jovens verem que são uma família. Assim, mesmo sem laços consanguíneos, duas irmãs voltam ao foco da franquia, que trazia uma dupla mais unida, mesmo havendo uma competição fraterna implícita, no primeiro filme. Roberts e Riera trabalham essa relação de forma mais rasa, porém, direta, ainda que ambos não tenham a eficiência de Predadores Assassinos (2019) para usar animais ferozes e fenômenos naturais como alegoria para relações humanas, especialmente familiares.

Em uma das tentativas de se aproximarem, as garotas desistem de um passeio programado por seu pai e aceitam o convite de Alexa (Brianne Tju, das séries de terror Light as a Feather, de 2018, e Pânico: A Série de TV, de 2015) e Nicole (Sistine Rose Stallone, outra filha de um astro famoso, no caso de Sylvester Stallone, em sua estreia como atriz) de ir para uma lagoa secreta que serve de entrada para a pesquisa de Grant sobre as ruínas submersas de uma cidade maia, dedicada aos mortos. O quarteto resolve se arriscar no mergulho na caverna, uma prática difícil o suficiente para inspirar outro exemplar do gênero, Santuário (2011) e, em um clichê típico de filme de terror adolescente, os roteiristas utilizam o recurso da personagem impulsiva e imprudente para prendê-las neste labirinto subaquático onde também habita um tubarão que se adaptou e evoluiu na alta profundidade e baixa luminosidade. Se sempre há ameaça da falta de oxigênio nos cilindros das jovens mergulhadoras, mas o suprimento se estende além do que seria realístico, o mesmo acontece com a criatividade da dupla em propor situações cada vez mais absurdas a elas, que se tornam tão difícil de serem distinguidas debaixo da água quanto no pouco desenvolvimento das personagens.

Roberts proporciona bons sustos no início desta jornada, porém, logo essas armadilhas do roteiro o sabotam. Não tão eficiente e profundo quanto Águas Rasas (2016) na combinação do drama de sobrevivência e do terror, o primeiro Medo Profundo mantinha essas duas diretrizes, algo que esta sequência deixa escapar, minando momentos de emoção ou tensão ao torna-los risíveis a partir do terceiro ato, que não traz um plot twist tão surpreendente quanto o anterior. Se este Segundo Ataque está longe de ser matador ou imprevisível, oferece o envolvimento básico e todas as jogadas esperadas de um filme trash de tubarão.

 

Medo Profundo – O Segundo Ataque (47 Meters Down: Uncaged, 2019)

Duração: 90 min | Classificação: 14 anos

Direção: Johannes Roberts

Roteiro: Ernest Riera e Johannes Roberts

Elenco: Sophie Nélisse, Corinne Foxx, Brianne Tju, Sistine Rose Stallone, Brec Bassinger, John Corbett, Nia Long, Axel Mansilla, Khylin Rhambo e Davi Santos (veja + no IMDb)

Distribuição: Paris Filmes

0 comentário

Posts Relacionados

Ver tudo
bottom of page