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  • Foto do escritorNayara Reynaud

8 ½ FESTA DO CINEMA ITALIANO 2019 | Ilusionismo nostálgico

Atualizado: 27 de fev. de 2021


Giovanni Toscano, Mauro Lamantia e Irene Vetere em cena do filme italiano Noite Mágica (2018) | Foto: Divulgação

Depois de uma passagem por Hollywood com Ella e John (2017), o cineasta Paolo Virzì retorna à terra natal com uma ode ao cinema italiano, entre seus infinitos excessos e suas finitas glórias em Noite Mágica (2018). Ambientado durante a Copa do Mundo de 1990, sediada justamente no país, o longa começa com um carro caindo de uma ponte em pleno rio Tibre, enquanto a população está vidrada no destino de sua seleção nacional de futebol na semifinal do evento. A descoberta que o corpo presente no veículo é a de Leandro Saponaro (Giancarlo Giannini), um produtor cinematográfico, é o pretexto para o diretor de A Primeira Coisa Bela (2010) e Capital Humano (2013) iniciar um mergulho bem peculiar no panorama da produção local daquele período que marcava o fim de uma era dos “grandes”.

O roteiro escrito por Virzì ao lado de seu costumeiro parceiro Francesco Piccolo e de Francesca Archibugi flerta com a tradição do giallo, gênero pelos quais ficaram conhecidos os romances policiais do país, e da comédia italiana ao apresentar seu trio de protagonistas na delegacia como suspeitos do caso por terem sido os últimos a serem vistos juntos com a vítima falecida. Através do depoimento deles, a narrativa entra em flashbacks e apresenta como Antonino Scordia (Mauro Lamantia), Luciano Ambrogi (Giovanni Toscano) e Eugenia Malaspina (Irene Vetere) se conhecem, um mês antes, como finalistas do Prêmio Solinas, um concurso real de jovens talentos na área de roteiro. Assim, a trama intrica estas e outras figuras ficcionais com personalidades reais do cinema italiano, quando cada um dos três começa a trilhar seus caminhos na indústria cinematográfica nacional, através de promessas de um produtor, de uma carreira como ghost writer ou de um amor platônico, que vão revelando seu caráter no decorrer da história.

O que não se revela, porém, são as facetas desses jovens protagonistas além de suas caricaturas: Antonino é o cinéfilo intelectual da Sicília; Luciano, um desbocado filho da classe trabalhadora da Toscana; e Eugenia, uma burguesa gótica e viciada em substâncias controladas. O primeiro não foge do estereótipo e mesmo o esforço de vislumbrar um passado e contexto ao segundo não lhe confere muita dimensionalidade, enquanto a última mal ganha o direito de ser ouvida por seus colegas, familiares e o público. Mais preocupante, no entanto, é como no retrato do machismo da época, a nostalgia condescendente de Virzì trate de maneira jocosa o assédio sexual pelo qual a personagem passa.

Por isso, soa um tanto contraditório quando o cineasta aconselha, através do policial interpretado por Paolo Sassanelli, seus personagens aspirantes a roteiristas, tão preocupados com as tramas e reviravoltas de suas páginas, a serem espectadores da vida que lhes escapa pela janela, já que a obra está muito mais interessada em sua estrutura esquemática do que em exalar a vivacidade realista dos clássicos italianos, sendo um longa que mantém um impressionante ritmo em seus 125 minutos de duração, mas que resultam em um vazio existencial proposital e também involuntário em seu discurso. A derrota na semifinal da Copa põe fim aos sonhos de uma nação e, nos eventos paralelos ficcionais, igualmente aos dos jovens que ansiavam por uma carreira em uma indústria que tenta se agarrar aos seus tempos gloriosos, mas vê Fellini rodar seu último filme, A Voz da Lua (1990), e a televisão ser um espaço de sobrevivência. A crise de identidade no cinema italiano, talvez, permaneça quase trinta anos depois, mas não é o autoindulgente Noite Mágica que traz uma solução para ela.

 

Noite Mágica (Notti Magiche, 2018)

Duração: 125 min | Classificação: 16 anos

Direção: Paolo Virzì

Roteiro: Francesco Piccolo, Francesca Archibugi e Paolo Virzì

Elenco: Mauro Lamantia, Giovanni Toscano, Irene Vetere, Giancarlo Giannini, Roberto Herlitzka, Paolo Bonacelli, Ornella Muti, Marina Rocco, Andrea Roncato, Annalisa Arena e Paolo Sassanelli (veja + no IMDb)

Distribuição: Imovision

> Cine São Luiz / Recife – 09/08/2019 às 17h00

> Cine Belas Artes / Belo Horizonte – 09/08/2019 às 21h00

> Espaço Itaú Augusta / São Paulo – 09/08/2019 às 21h00

> Espaço Itaú Botafogo / Rio de Janeiro – 09/08/2019 às 21h00

> Espaço Itaú Bourbon Country / Porto Alegre – 09/08/2019 às 21h00

> Espaço Itaú Casa Park / Brasília – 09/08/2019 às 21h00

> Espaço Itaú Crystal / Curitiba – 09/08/2019 às 21h00

> Reserva Cultural / Niterói – 09/08/2019 às 21h00

> Espaço Itaú Crystal / Curitiba – 10/08/2019 às 21h00

> Espaço Itaú Botafogo / Rio de Janeiro – 13/08/2019 às 16h00

> Cine Belas Artes / Belo Horizonte – 13/08/2019 às 16h20

> Espaço Itaú Augusta / São Paulo – 13/08/2019 às 16h20

> Espaço Itaú Bourbon Country / Porto Alegre – 13/08/2019 às 16h20

> Espaço Itaú Casa Park / Brasília – 13/08/2019 às 16h20

> Espaço Itaú Crystal / Curitiba – 13/08/2019 às 16h20

> Cine Show – Beiramar Shopping / Florianópolis – 15/08/2019 às 20h30

> Cine Líbero Luxardo / Belém – 16/08/2019 às 17h30

> Dragão do Mar / Fortaleza – 16/08/2019 às 19h30

> Cine Show – Beiramar Shopping / Florianópolis – 16/08/2019 às 20h30

> Espaço Itaú Glauber Rocha / Salvador – 16/08/2019 às 20h30

> Cine Jardins / Vitória – 16/08/2019 às 21h00

> Lumière Cinema – Banana Shopping / Goiânia – 16/08/2019 às 21h00

> Lumière Cinema / Londrina – 16/08/2019 às 21h00

> Moviecom / Natal – 16/08/2019 às 21h00

> Espaço Itaú Glauber Rocha / Salvador – 20/08/2019 às 15h50

> Cine Jardins / Vitória – 20/08/2019 às 16h20

> Cine Show – Beiramar Shopping / Florianópolis – 20/08/2019 às 16h20

> Lumière Cinema – Banana Shopping / Goiânia – 20/08/2019 às 16h20

> Lumière Cinema / Londrina – 20/08/2019 às 16h20

> Moviecom / Natal – 20/08/2019 às 16h20

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