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  • Foto do escritorNayara Reynaud

MILLENNIUM: A GAROTA NA TEIA DE ARANHA | A garota na teia de Bond e tantos outros

Atualizado: 17 de fev. de 2021


Claire Foy em cena de Millennium: A Garota na Teia de Aranha (2018) | Foto: Divulgação (Sony Pictures)

Enquanto assistem Millennium: A Garota na Teia de Aranha (2018), boa parte da plateia lembra de James Bond e isso não é algo bom para um filme de uma personagem como Lisbeth Salander que já tem sua própria mitologia eternizada nas páginas e nas telas e que não precisava seguir um modelo 007 para agradar novos espectadores. Sua história vem do quarto livro da série Millennium, publicado em 2015 e escrito por David Lagercrantz bem depois da morte do sueco Stieg Larsson (1954-2004), o autor responsável pela elogiada trilogia inicial lançada postumamente e que foi levada pelo dinamarquês Niels Arden Oplev para o cinema e a TV escandinavas em 2009 com Noomi Rapace na pele da protagonista. O sucesso das produções suecas levou o projeto para Hollywood, com o renomado cineasta David Fincher fazendo o seu Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres (2011), tendo Rooney Mara à frente, mas apesar da boa recepção, a bilheteria não foi o suficiente para alavancar uma sequência.

Com um orçamento menor, o longa norte-americano que vem sete anos depois ainda tem a assinatura de Fincher na produção, mas a direção fica a cargo do uruguaio Fede Alvarez, dos filmes de terror O Homem nas Trevas (2016) e A Morte do Demônio (2013), e Claire Foy encarna Lisbeth. Marcando um novo início à série no cinema, embora a distribuidora a defina como um “soft remake”, a obra não se distingue de tantos outros thrillers, em vez de firmar o caminho já trilhado por Salander. E a lembrança de James Bond não é feliz, quando o primeiro que vem à mente é justamente 007 Contra Spectre (2015) – um dos mais fracos da fase Daniel Craig – na conveniência da(o) vilã(o) perigosa(o) e megalomaníaca(o) que pode “destruir o mundo” estar ligada(o) intimamente a(o) protagonista.

Reformulando um pouco as suas origens, a nova produção em inglês mas com sotaque sueco coloca o machismo e os abusos do pai no prólogo, em que resolve fugir e deixa para trás a sua irmã Camilla Salander (Carlotta von Falkenhayn quando criança e Sylvia Hoeks mais velha), como única inspiração para a sua busca por misóginos quando adulta. No entanto, tanto a sua saga da justiceira gótica como questões da sua sexualidade são tão logo abandonadas quando chega Frans Balder (Stephen Merchant), o típico cientista preocupado que a sua criação, no caso um programa de computador que pode controlar os sistemas de defesa e ataque nucleares mundiais que foi desenvolvido para o governo dos Estados Unidos, caia em mãos erradas – não bastasse a trama genérica do roteiro de Alvarez com Jay Basu e Steven Knight, ainda tem uma criança no meio e todos os seus clichês com o filho dele August (Christopher Convery). Se a guerra digital travada entre a protagonista e o agente norte-americano Ed Needham (Lakeith Stanfield) é mais interessante que a ação física em si, tanto em um campo como em outro, Lisbeth é desenhada com traços invencíveis, como se tivesse superpoderes, mas carecesse de complexidade.

Enquanto isso, o jornalista e parceiro de investigações Mikael Blomkvist, antes coprotagonista na pele de Michael Nyqvist e Daniel Craig, se torna um coadjuvante dispensável agora com Sverrir Gudnason o interpretando. Não por culpa do ator, mas do roteiro que mal o desenvolve e, por exemplo, subutiliza a excelente Vicky Krieps, de Trama Fantasma (2017), no papel de sua chefe e interesse amoroso. O mesmo, em menor escala, pode se dizer que ocorre com Claire Foy, que despontou como a rainha Elizabeth II de The Crown (2016-) e mantém sua ótima atuação em Distúrbio (2018) e O Primeiro Homem (2018), mas aqui tem pouco em mãos para criar empatia com o público; tal qual a direção de Alvarez, é perceptível a distinção de seu trabalho, mas não é o suficiente para conseguir o diferencial do qual este filme precisa.

 

Millennium: A Garota na Teia de Aranha (The Girl in the Spider's Web, 2018)

Duração: 117 min | Classificação: 16 anos

Direção: Fede Alvarez

Roteiro: Jay Basu, Fede Alvarez e Steven Knight, baseado no livro “A Garota na Teia de Aranha” de David Lagercrantz e nos personagens introduzidos por Stieg Larsson na série de livros “Millennium”

Elenco: Claire Foy, Beau Gadsdon, Sverrir Gudnason, Lakeith Stanfield, Sylvia Hoeks, Carlotta von Falkenhayn, Stephen Merchant, Christopher Convery, Claes Bang, Synnøve Macody Lund, Cameron Britton e Vicky Krieps (veja + no IMDb)

Distribuição: Sony Pictures

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