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  • Foto do escritorNayara Reynaud

JULIET, NUA E CRUA | Versão demo de um romance

Atualizado: 14 de fev. de 2021


Rose Byrne e Ethan Hawke em Juliet, Nua e Crua | Foto: Divulgação (Diamond Films)

Quem diria que uma crítica negativa se tornaria um flerte?! Ninguém do meio já contou alguma história assim, mas é um comentário bem crítico em um fórum que movimenta os personagens principais de Juliet, Nua e Crua (2018) do estado de letargia em suas vidas na adaptação do livro homônimo de Nick Hornby. Antes disso, porém, o público conhece pela apresentação do grande fã e criador do tal site, Duncan (Chris O'Dowd), o alvo de tanta idolatria e discussão: o roqueiro Tucker Crowe, interpretado por Ethan Hawke com direito a imagens do ator bem novinho como se fossem do cantor norte-americano no auge da sua carreira, com o lançamento do “álbum seminal” dele no início dos anos 90, o “Juliet”, mas que sumiu após um show que deveria fazer em um bar em Minneapolis e o mistério sobre ele alimentou o mito de um gênio incompreendido.

Um dos fãs que se debruça sobre todos os detalhes do ídolo é justamente o inglês Duncan, professor de cinema norte-americano e séries de TV que se dedica mais à vida do astro recluso há 25 anos do que cuidar do seu relacionamento de 15 anos com Annie (Rose Byrne). A mulher que trabalha no museu local de uma pequena cidade litorânea britânica, abandonando um futuro em Londres para ficar no cargo herdado após a morte do pai, resolve falar tudo que acha sobre as versões demo mais cruas e sem produção das músicas do aclamado álbum do artista, compiladas no tal “Juliet, Naked” do título original, escrevendo no fórum. No entanto, ela acaba chamando a atenção do próprio Tucker Crowe, que, bem diferente da imaginação de seu fã-clube, mora na garagem da casa da ex, tem quase meia dúzia de filhos, espalhados por aí, de várias relações.

O cineasta Jesse Peretz usa sua experiência como membro do The Lemonheads, banda que atingiu o ápice do seu sucesso com uma versão rock de Mrs. Robinson em 1992, para fazer um trabalho mais consistente que suas comédias anteriores e sem grande expressão, como O Idiota do Meu Irmão (2011) e O Ex-Namorado da Minha Mulher (2006). O diretor, que também esteve a frente de episódios de séries cômicas como New Girl (2011-18) e GLOW (2017-), conta com a ajuda de Nathan Larson, guitarrista de várias bandas da cena punk dos anos 80 e 90 e que já compôs canções para Velvet Goldmine (1998) e Meninos Não Choram (1999), assinando as músicas de Tucker Crowe, embora a que mais se destaque seja Waterloo Sunset, do The Kinks, na voz e nas mãos de Ethan Hawke.

Aliás, o sobrenome do roqueiro só reforça a lembrança que Juliet, Nua e Crua traz do cinema de Cameron Crowe, na maneira como Peretz mistura romance, comédia, drama e música de forma harmônica e singela, orquestrando um ótimo elenco. Mas a origem está no material de Hornby, autor de livros que deram origem a Um Grande Garoto (2002), Alta Fidelidade (2000) e outros longas, e que tem a sua obra de 2009 adaptada no roteiro de Evgenia Peretz, Jim Taylor e Tamara Jenkins, que captam as citações e sensibilidade do escritor para captar contradições e aflições modernas ou de qualquer época. Aqui, a idolatria que se sobrepõe a outros aspectos da vida e ao próprio ídolo – a fala da bateria eletrônica no final é totalmente fidedigna a algumas reações de fãs – é contraposta a ideia de como o significado da arte assume um novo sentido para o receptor que ultrapassa o objetivo inicial do artista, assim como dois personagens em plena crise de meia idade, se encontram em situações opostas, com um lidando com as consequências de uma paternidade ausente e uma afligida pela maternidade desejada.

 

Juliet, Nua e Crua (Juliet, Naked, 2018)

Duração: 105 min | Classificação: 12 anos

Direção: Jesse Peretz

Roteiro: Evgenia Peretz, Jim Taylor e Tamara Jenkins, baseado no livro “Juliet, Nua e Crua” de Nick Hornby

Elenco: Rose Byrne, Ethan Hawke, Chris O'Dowd, Lily Brazier, Azhy Robertson, Ayoola Smart e Phil Davis (veja + no IMDb)

Distribuição: Diamond Films

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