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  • Foto do escritorNayara Reynaud

O QUE DE VERDADE IMPORTA | Uma causa à frente do filme

Atualizado: 20 de ago. de 2021


Oliver Jackson-Cohen e Kaitlyn Bernard em O Que de Verdade Importa (2017) | Foto: Divulgação (Anagrama Filmes)

De boas intenções, o cinema está cheio. O Que de Verdade Importa (2017), porém, tenta se sustentar em uma causa dignamente nobre ao se anunciar como um filme 100% beneficente, mas ainda longe de atingir tal porcentagem em termos de qualidade. Assim como aconteceu em outros países, a arrecadação líquida da sua bilheteria aqui no Brasil será revertida totalmente para sete instituições que ajudam crianças com câncer: TUCCA (Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer) em São Paulo; Instituto Desiderata, no Rio de Janeiro; GACC (Grupo de Apoio à Criança com Câncer) na Bahia; NACC (Núcleo de Apoio à criança com Câncer) em Recife; HPP (Hospital Pequeno Príncipe) em Curitiba; Hospital da Criança Santo Antônio em Porto Alegre; e HCAA (Hospital de Câncer de Campo Grande Alfredo Abrão) em Campo Grande.

Uma causa pessoal do cineasta espanhol Paco Arango, que apoia pacientes infanto-juvenis com câncer através de sua Fundação Aladina, ela já foi tema e destino de parte da renda de seu longa de estreia, Maktub (2011), e retorna em seu novo trabalho, dedicado ao ator Paul Newman que também tinha uma organização de auxílio à crianças com este diagnóstico. Ambientado no Canadá e, brevemente, em Londres, o diretor agora conta com um elenco internacional, de grandes nomes como o galês Jonathan Pryce na pele do tio que dá a chance ao sobrinho de pagar todas as dívidas que ele adquiriu na Inglaterra se o rapaz morar, durante um ano, na sua casa em uma pequena cidade do estado canadense da Nova Escócia, a atores conhecidos pelos seriemaníacos. Oliver Jackson-Cohen, que estará na próxima série de terror da Netflix, A Maldição da Residência Hill (2018), vive o protagonista Alec Bailey, o “curador” que conserta equipamentos eletrônicos e descobre ali um dom hereditário da cura, tendo a ajuda da amiga de seu tio Raymond Heacock, Cecilia (Camilla Luddington, a “Dr. Jo Wilson” de Grey’s Anatomy), e a desconfiança inicial do Padre Malloy (Jorge Garcia, o eterno Hurley de Lost).

Essa premissa cria situações forçadas e um pouco constrangedoras na relação do recém-chegado e relutante Alec com outros habitantes do lugar no primeiro ato. Quando a adolescente Abigail (Kaitlyn Bernard) entra na história, trazendo o peso de seu câncer terminal ao lado de uma leveza de quem quer aproveitar cada momento, a narrativa segue por caminhos mais conhecidos, mas seus clichês são mais eficientes para envolver o espectador, embora o tempo gasto com a introdução dele na cidade pese no total.

A escolha de Arango por uma trama pautada em curas milagrosas não é a mais apropriada em um projeto voltado para crianças e jovens com câncer, seja na tela, como plateia ou objetivo final e seria até compreensível quem se ofenda com a ideia. No entanto, se comparado a filmes semelhantes de temática cristã – neste caso, católica, e não protestante como é mais comum – ou de cunho motivacional vistos atualmente na Sessão da Tarde, por exemplo, O Que de Verdade Importa consegue um bom resultado. Sem doutrinar demais em seu lado religioso, apresenta um mix de humor, drama, romance e fantasia que pode agradar grande parte do público que, mesmo que ache a história um tanto piegas, considerará indolor a boa ação através do ingresso.

 

O Que de Verdade Importa (The Healer, 2017)

Duração: 113 min | Classificação: 10 anos

Direção: Paco Arango

Roteiro: Paco Arango

Elenco: Oliver Jackson-Cohen, Jonathan Pryce, Camilla Luddington, Jorge Garcia, Kaitlyn Bernard, Batman The Dog, Adrian G. Griffiths e David Rossetti (veja + no IMDb)

Distribuição: Anagrama Filmes

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