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  • Foto do escritorNayara Reynaud

DESCENDENTES 2 | O problema das heranças

Atualizado: 1 de jun. de 2020


Dove Cameron, Cameron Boyce, Sofia Carson, Booboo Stewart e China Anne McClain em cena do telefilme Descendentes 2 (2017) | Foto: Divulgação (Disney Channel)

Quando Descendentes estreou em 2015, ficava claro como a ideia da Disney de manutenção e ressignificação de suas próprias franquias, cujos projetos de live action no cinema haviam começado com Alice no País das Maravilhas (2010) e se firmado, um ano antes, com Malévola (2014), se ampliava para a televisão. A história focada na vida nos filhos dos principais vilões dos clássicos contos de fadas e/ou filmes da companhia é um veículo de promoção de suas marcas e criação de uma nova, em que esses novos personagens se tornam não apenas amados por crianças e adolescentes, como também produtos de consumo para os mesmos. O que só se comprova com a expectativa – e audiência nos Estados Unidos, onde já foi exibido – pela sua continuação, Descendentes 2 (2017).

Essa essência e função consegue ser, ao mesmo tempo, benéfica e prejudicial para a franquia televisiva comandada por Kenny Ortega, na medida em que, atendendo à demanda do público-alvo atual, os dois telefilmes são as produções do Disney Channel mais ambiciosas quanto à temática, na sua interessante abordagem sobre diferenças e conflitos de classes, preconceito, segregação social e racial na trama em que vilões e seus descendentes vivem excluídos na Ilha dos Perdidos, enquanto as Princesas, seus Príncipes e herdeiros só conhecem o conforto do Reino de Auradon, mas que se limita ao seu formato e objetivo comercial, falhando em aprofundamento e coerência. Neste sentido, a sequência deixa ainda mais evidente a contradição da boa vontade do Rei Ben (Mitchell Hope), filho da Bela e da Fera, em reconhecer como as condições de vida em cada um dos cenários afeta seus súditos, mas só ceder para alguns “perdidos” a chance de conhecer as benesses de seu reino, em vez de investir em melhoras na Ilha e acabar com a barreira física entre estes dois mundos.

No primeiro longa, o então jovem príncipe permitiu a entrada de Mal (Dove Cameron), filha da Malévola de Bela Adormecida, Evie (Sofia Carson), herdeira da Rainha Má de Branca de Neve, Carlos (Cameron Boyce), filho da Cruella de Vil que infernizou os Dálmatas, e Jay (Booboo Stewart), rebento do Jafar de Alladin, que, depois de muita desconfiança e planos maléficos, foram aceitos e se integraram à vida no reino. Ben, inclusive, se apaixonou por Mal e forma com ela o casal sensação de Auradon, para a inveja de Uma (China Anne McClain), filha da Úrsula de A Pequena Sereia, nova vilã do segundo filme, que se entrega completamente aos adolescentes: saem os pais dos protagonistas e entram Harry (Thomas Doherty) e Gil (Dylan Playfair), descendentes do Capitão Gancho e do Gaston, respectivamente. O problema é que a garota, apesar de amar o amoroso rei, não aguenta a pressão de ser perfeita, imposta pela mídia e os amigos, e acaba voltando para a Ilha dos Perdidos.

Este retorno da protagonista ao seu habitat natural traz um sopro de criatividade ao figurino e direção de arte da produção, que saem do mais do mesmo das séries do canal visto em Alradon, para a sujeira e mistura de estilos urbanos, pop e agora também pirata na Ilha, como movimenta a narrativa e dá um respiro a ela no segundo ato. O conflito de identidade da personagem de Dove Cameron carrega em si as lições sobre saber conviver com sua personalidade e história pessoal, sem se moldar a padrões, ainda que o roteiro de Sara Parriott e Josann McGibbon não aproveite esse potencial e o do tema central da franquia televisiva. Um bom exemplo é a introdução de um cachorro falante que não é utilizado para a mera comédia, mas tem um papel narrativo pontual, porém, com um texto repleto de falas pobres para o animal.

O diretor de High School Musical apresenta boas coreografias em números antenados com a música pop atual, mas com efeitos visuais distantes do padrão que a televisão já alcançou nos últimos anos. Ortega, no entanto, parece tão preso na ideia de fazer uma nova trilogia – o que certamente a Disney tem em mente ou até mais – que se esquece de tornar este segundo capítulo marcante. Para sugerir uma sequência, Descendentes 2 enfraquece o seu terceiro ato em uma resolução anticlimática, que pode até frustrar levemente o público, mas não fará os pequenos espectadores deixarem de rever o telefilme várias vezes, até decorar as músicas e os diálogos.

 

Descendentes 2 (Descendants 2, 2017)

Telefilme (estreia) | Duração: 111 min

Canal: Disney Channel e Disney XD | Exibição: Domingo, 20/08, às 20h30 (reprise na sequência, às 22h30, no Disney Channel)

Horário alternativo: Domingo, 20/08, às 21h, no Disney Channel HD (reprise na sequência, às 23h30, no Disney Channel HD) | Segunda, 21/08, às 15h30 e 20h30, no Disney Channel, e às 16h e 21h, no Disney Channel HD | Quinta, 24/08, às 16h15, no Disney Channel, e às 16h45, no Disney Channel HD | Sexta, 25/08, à 1h10, no Disney Channel HD, e às 1h40, às Disney Channel | Sábado, 26/08, às 21h20, no Disney Channel HD, e às 22h50, no Disney Channel

Direção: Kenny Ortega

Roteiro: Sara Parriott e Josann McGibbon

Elenco: Dove Cameron, Cameron Boyce, Sofia Carson, Booboo Stewart, Mitchell Hope, Brenna D'Amico, China Anne McClain, Thomas Doherty, Dylan Playfair e Melanie Paxson (veja + no IMDb)

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