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  • Foto do escritorNayara Reynaud

ZUMBILÂNDIA: ATIRE DUAS VEZES | Um tiro de raspão

Atualizado: 28 de fev. de 2021


Zoey Deutch, Emma Stone, Jesse Eisenberg e Woody Harrelson em cena da sequência Zumbilândia: Atire Duas Vezes (2019) | Foto: Divulgação (Sony Pictures)

Foram necessários 10 anos para o filme Zumbilândia (2009) mostrar que não estava morto e levar para os cinemas a sequência que há muito tempo se ensaiava. A longa espera, porém, não impediu que o mesmo time por trás e na frente das câmeras retornasse para Zumbilândia: Atire Duas Vezes (2019), uma continuação com ares de reencontro de turma para esta comédia de terror. A carreira dos nomes envolvidos mudou muito em uma década, mas, se o segundo longa não é tão certeiro como o original, a sintonia permanece inabalável, como nos velhos momentos.

A mudança de status começa pela equipe criativa. Neste ínterim, o diretor Ruben Fleischer, fez Caça aos Gângsteres (2013), mas ganhou destaque com o recente Venom (2018). Os roteiristas Rhett Reese e Paul Wernick – que, desta vez, têm o auxílio de Dave Callaham, da franquia Os Mercenários e Godzilla (2014) – foram responsáveis pelo texto dos dois filmes do Deadpool.

O mesmo ocorreu com o elenco, sendo a evolução mais evidente no caso de Emma Stone, que foi de revelação dos filmes adolescentes para vencedora do Oscar por La La Land: Cantando Estações (2016), além de acumular outras duas indicações. Nesse mesmo período, Jesse Eisenberg já foi Lex Luthor e Mark Zuckerberg, papel pelo qual foi indicado pela Academia, e Woody Harrelson, que já tinha uma indicação, recebeu mais duas. O tempo só não foi favorável para Abigail Breslin, a talentosa atriz mirim que já tinha tido seu momento de glória ao ser indicada por Pequena Miss Sunshine (2006), mas que não conseguiu muitas oportunidades depois de crescer. Isso não a impediu de retornar à produção, como acontece, às vezes, nessas sequências tardias em Hollywood – vide o caso da Mae Whitman em Independence Day: O Ressurgimento (2016) –, mas limita sua participação a partir do momento que a narrativa encontra uma saída para abandoná-la por grande parte da trama.

A história, aliás, se utiliza desse tempo como gancho para a sua premissa. De novo, o longa abre com a narração de Columbus (Eisenberg) explicando brevemente como o quarteto se acostumou à vida nessa América zumbi e formou essa espécie de família que, logo no início, busca um lar em um local inesperado: a Casa Branca. As relações se tornaram tão familiares que Tallahassee (Harrelson) assume o papel de uma figura paterna para Little Rock (Breslin), que, agora já adulta, deseja sair desse ninho superprotetor criado por ele. Soma-se a isso o medo de Wichita (Stone) em assumir um compromisso com Columbus e as duas irmãs partem novamente sem – quase – nenhum aviso, fazendo outros personagens caírem na estrada à procura da caçula e o filme se tornar um road movie como o primeiro.

O percurso não traz muitas novidades na direção de Fleischer, que apresenta pouco momentos inspirados, como o plano-sequência em Graceland, tal qual o roteiro do trio não eleva o material anterior, mas mantém o bom entretenimento. Se o original fazia grandes homenagens ao gênero, seja com a presença do Bill Murray interpretando ele mesmo – o ator volta em uma participação especial durante e após os créditos – ou a viagem ao parque de diversões na Califórnia como motivação, igual a Férias Frustradas (1985), a comédia aqui se baseia pelo texto rápido e pela capacidade de seu ótimo elenco, que ganha novas combatentes contra os zumbis que estão ficando mais fortes. Avan Jogia, Rosario Dawson, Luke Wilson e Thomas Middleditch são alguns dos “novatos” nesse mundo, mas a melhor adição é a de Zoey Deutch, de Antes que Eu Vá (2017) e O Plano Imperfeito (2018), rendendo as melhores risadas ao dar vida além do estereótipo do texto – mesmo com a piada de um serviço dos tempos atuais podendo ser vista como uma possível desconstrução dessa figura da “loira burra” – ao caracterizar Madison, uma garota que entra nessa aventura por caminhos inusitados.

A personagem é um exemplo de como o filme desperdiça um pouco este segundo tiro. A produção aproveita o lema do primeiro de “atirar duas vezes” em seu subtítulo, mas perde a chance de abordar comicamente como o mundo mudou e a humanidade se tornou mais zumbi nestes 10 anos – o que talvez explique a popularidade do entretenimento desta espécie neste período. Tanto a maneira como o roteiro lida com a questão das armas e dos pacifistas no terceiro ato não é capaz de transmitir a ideia de união desejada quanto a moral de que o lar não é um lugar e sim as pessoas que estão ao seu lado não repercute tanto como o anterior, cuja mensagem de uma família que se encontra nas diferenças ainda soa mais genuína e atual do que esta sequência menos letal em seu efeito tragicômico.

 

Zumbilândia: Atire Duas Vezes (Zombieland: Double Tap, 2019)

Duração: 99 min | Classificação: 16 anos

Direção: Ruben Fleischer

Roteiro: Dave Callaham, Rhett Reese e Paul Wernick

Elenco: Woody Harrelson, Jesse Eisenberg, Emma Stone, Abigail Breslin, Zoey Deutch, Avan Jogia, Rosario Dawson, Luke Wilson, Thomas Middleditch, Victoria Hall e Victor Rivera (veja + no IMDb)

Distribuição: Sony Pictures

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