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  • Foto do escritorNayara Reynaud

QUANDO MARGOT ENCONTRA MARGOT | Um encontro consigo mesmo

Atualizado: 25 de fev. de 2021


Sandrine Kiberlain e Agathe Bonitzer em cena do filme francês Quando Margot Encontra Margot (2018) | Foto: Divulgação (Pandora Filmes)

O cinema já proporcionou diversas vezes, através do velho recurso da troca de corpos ou da viagem temporal, o encontro de um personagem consigo mesmo em outra idade, geralmente, para um efeito cômico-reflexivo. O grande trunfo da dramédia francesa Quando Margot Encontra Margot (2018) está no fato da cineasta Sophie Fillières não apresentar nenhuma explicação, a mais simples que seja, para o encontro da protagonista aos 20 anos com ela mesma aos 45. A diretora de longas do gênero como Arrête ou Je Continue (2014) e roteirista de outros, a exemplo Um Fim de Semana na Normandia (2014), prefere não dar nenhuma justificativa para usar o artifício para discutir uma questão quase metafísica que atormenta o ser humano com seu desejo de voltar no tempo para corrigir erros do passado ou prever o seu futuro.

Assim, o público conhece a jovem Margot, encarnada de modo blasé e igualmente impulsivo pela atriz Agathe Bonitze, filha da diretora com o também cineasta Pascal Bonitzer e que está presente na nova série da Netflix, Osmosis (2019). Confusa com sua própria vida, ela sai do emprego, sem saber que rumo seguir profissional e academicamente, tal qual em sua vida amorosa, que se resume a casos de uma noite só e dois relacionamentos que mantém aos trancos, sem se envolver com os rapazes. Ao mesmo tempo, a Margot de meia-idade, vivida por Sandrine Kiberlain, de filmes como Amar, Beber e Cantar (2014) e A Outra Mulher (2018), chega a mesma Paris para ir ao velório de uma velha amiga de juventude, da qual se afastou.

Ao ir a uma festa em que a Margot madura se encontra perdida à procura do filho de um amigo, ela se encontra em uma banheiro – propositadamente, na frente de um espelho – com a Margot 25 anos mais nova, reconhecendo que as duas são as mesmas pessoas em estágios diferentes de sua vida. Enquanto a jovem reluta para aceitar as coincidências que as ligam e as levam para Lyon, assim como o fato de que irá se tornar aquela professora de Geografia quarentona, esta tem a oportunidade de reavaliar as suas escolhas do passado, embora esteja conformada de que não mudará o seu presente a esta altura. Mas é justamente o envolvimento delas com o mesmo homem, Marc (Melvil Poupaud, de Laurence Anyways, de 2012), que escancara o destino semelhante de ambas e as diferenças de pensamentos dessas duas mulheres que são a mesma.

A sinopse é tão interessante e a abordagem que foge do estilo pueril com que é tratado comumente deste recurso tão promissora que o resultado se torna um tanto decepcionante. Durante o filme, o espectador pode se pegar torcendo mais para o filme alcançar o seu potencial do que recebe dele em troca. Sem se aprofundar, Quando Margot Encontra Margot apenas deixa para o público a ideia de discutir, a partir dessa dobradinha de protagonista, os papéis femininos que sempre são impostos pela sociedade, seja qual for a sua idade.

 

Quando Margot Encontra Margot (La Belle et la Belle, 2018)

Duração: 95 min | Classificação: 14 anos

Direção: Sophie Fillières

Roteiro: Sophie Fillières

Elenco: Sandrine Kiberlain, Agathe Bonitzer, Melvil Poupaud, Lucie Desclozeaux, Laurent Bateau, Théo Cholbi, Anthony Paliotti, Florence Muller, Aurélie Dupont, Brigitte Roüan, François Deblock, Christophe Odent e Victor Assié (veja + no IMDb)

Distribuição: Pandora Filmes (Caixa de Pandora)

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