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  • Foto do escritorNayara Reynaud

MOSTRA SP 2018 | Da palavra à tecnologia, uma luz no fim do túnel na 42ª Mostra

Atualizado: 17 de fev. de 2021


Pôster da 42ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, com arte assinada pela artista Laurie Anderson, baseada na instalação em realidade virtual Charkroom  | Foto: Divulgação (Mostra Internacional de Cinema em São Paulo)

É sugestivo o título da abertura da 42ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, que acontece nesta quarta (17), dando o pontapé inicial para uma programação que, desta vez, traz centenas de filmes de 58 países para a capital paulista, de 18 a 31 de outubro. A variedade e quantidade de opções, a correria, os encontros entre uma sessão e outra fazem dela, justamente, A Favorita (2018) para muitos cinéfilos que sempre aguardam este momento no ano. "Minha primeira preocupação com a Mostra é o público", afirmou a diretora e curadora do evento, Renata de Almeida, na coletiva de imprensa, realizada no último dia 6 e que apresentou os destaques desta edição.

Para superar estes tempos de crise, cortou-se passagens, estabeleceu-se apoios e parcerias até com consulados, como era feito no início para a realização de mais uma edição que, neste ano, traz não só o longa de Yorgos Lanthimos, que venceu o Festival de Veneza, como os vencedores de Cannes, Berlim e Locarno. Apostando sempre no ineditismo para não ser um "festival de repeteco", como define Renata, a Mostra foi inevitavelmente beneficiada pelo adiamento do Festival do Rio – embora a diretora não goste dessas comparações – trazendo estes e outros filmes que têm mais a cara do evento. Se o novo Godard e as duas produções realizadas por Amos Gitai em 2018 eram títulos certos para a mostra paulistana, o último trabalho de Spike Lee era um que poderia escapar se o calendário de festivais nacionais fosse igual ao dos anos anteriores.

Se Claudiney Ferreira, diretor do Itaú Cultural, parabenizou "as próximas edições da Mostra", desejando vida longa ao evento, também está colaborando mais uma vez com ele, com o centro cultural sendo palco do II Fórum Mostra, que tem como novidade, neste segundo ano de realização paralela com a exibição das produções, o Mercado de Ideias que, segundo o secretário de Cultura da cidade de São Paulo, André Sturm, além de trazer projetos de filmes, promove o encontro com autores de livros para terem os seus direitos comprados, compositores de trilha, etc. Maurício Andrade Ramos, diretor-presidente da Spcine, órgão municipal de fomento de cinema que promove em parceria este evento paralelo – e faz parte também, com as suas salas em CEU's, centros culturais e agora na Biblioteca Roberto Santos, do circuito da Mostra –, destacou as oportunidades de pitching com nomes estrangeiros que este Mercado pode proporcionar. Justamente daí, Almeida enxerga pontos em comum em toda esta 42ª edição, especialmente sobre a palavra e a escrita em si.

Coletiva da 42ª Mostra | Foto: Nayara Reynaud

Elas estão em destaque nos escritos em giz de Charkroom, instalação em realidade virtual da artista norte-americana Laurie Anderson, que serve de inspiração para a própria assinar o cartaz da Mostra deste ano, que, junto com a vinheta, coincidentemente "acaba se relacionando com o que está acontecendo", declarou Renata. A instalação, aliás, inaugura o novo espaço do CineSesc, no anexo quase ao lado da unidade principal, e permanecerá por lá por mais dois meses, de acordo com a gerente cultural do SESC, Rosana Paulo da Cunha. Além disso, a programação especial de realidade virtual (VR) retorna, depois do sucesso do ano passado, ao andar superior do local, enquanto a sala de cinema também participa do circuito da Mostra. E falando em tecnologia, o evento traz um aplicativo novo, inspirado no do Festival de Berlim, no qual será possível reservar os ingressos diretamente pelo celular, mas Almeida estava receosa em falar sobre ele na coletiva: "morro de medo se vai dar certo", brincou a diretora.

Outros destaques são a entrega do Prêmio Humanidade ao cineasta japonês Hirokazu Kore-eda, cujo longa Assunto de Família (2018), ganhador da Palma de Ouro em Cannes, está nesta seleção, e ao médico e autor Drauzio Varella, que participa da mesa "Da Vida à Palavra; Da Palavra à Imagem", no II Fórum Mostra; enquanto o prêmio Leon Cakoff vai ao diretor iraniano Jafar Panahi, cujo filme 3 Faces (2018) também integra a programação. Caixa de Pandora (1929) será exibido ao ar livre, na área externa do Auditório Ibirapuera – Oscar Niemeyer com acompanhamento da Orquestra Jazz Sinfônica; uma cópia restaurada de Central do Brasil (1998) também será exibida em comemoração aos 20 anos do já clássico de Walter Salles. Retrospectivas lembram dos 100 anos de do líder pacificador sul-africano Nelson Mandela; 200 anos do pensador Karl Marx, com um olhar contemporâneo e reflexivo sobre as questões de trabalho, disse Renata; e do cineasta dinamarquês Lars Von Trier, como uma resposta à "cultura do linchamento", nas palavras da diretora.

Também presentes na coletiva de imprensa, o gerente de comunicação da Petrobras, Rodrigo Diullas, ressaltou a entrega, pelo segundo ano consecutivo, do Prêmio Petrobras de Cinema para os melhores longas nacionais documentário e de ficção que estão presentes na seleção, para a distribuição dos mesmos; e o diretor superintendente da CPFL, Mário Mazzilli, evidenciando a parceria da empresa com a Mostra, que traz parte da programação do evento, simultaneamente, em Campinas, no Instituto CPFL.

E fique ligado aqui no NERVOS, porque faremos uma cobertura ainda maior da Mostra em 2018, com críticas breves dos destaques diários, entrevistas e muito mais:

 

E a lista completa dos premiados nesta 42ª Mostra, você confere logo abaixo:

Troféu Bandeira Paulista – Prêmio do Júri Internacional

  • ¡Las Sandinistas!, de Jenny Murray | 2018 | EUA | Documentário

  • Menção Honrosa do Júri Internacional: Sócrates, de Alex Moratto | 2018 | Brasil | Ficção

*Júri Internacional: Astrid Adverbe, Edgard Tenembaum, Ferzan Özpetek, Teresa Villaverde e Sergio Machado, que escolhem entre os mais votados pelo público na Competição Novos Diretores

Prêmio Petrobrás de Cinema

  • Melhor Filme Brasileiro de Ficção: Meio Irmão, de Eliane Coster | 2018 | Brasil

  • Melhor Documentário Brasileiro: Torre das Donzelas, de Susanna Lira | 2018 | Brasil

Prêmio do Público

  • Melhor Ficção Internacional: Cafarnaum, de Nadine Labaki| 2018 | Líbano

  • Melhor Documentário Internacional: ¡Las Sandinistas!, de Jenny Murray | 2018 | EUA

Prêmio da Abraccine

  • Meio Irmão, de Eliane Coster | 2018 | Brasil

*Júri Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema: Bruno Ghetti, Cecília Barroso, Filipe Furtado, Isabel Wittman e Roger Lerina, que escolhem o melhor filme brasileiro entre os realizados por diretores estreantes

Prêmio da Crítica

  • Melhor Filme Brasileiro: Todas as Canções de Amor, de Joana Mariani | 2018 | Brasil | Ficção

  • Melhor Filme Estrangeiro: Nuestro Tiempo, de Carlos Reygadas | 2018 | México, França, Alemanha, Dinamarca e Suécia | Ficção

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